domingo, 31 de agosto de 2008

Onde estão os homens? (Parte II)

Bom, com as considerações do post anterior acabei por não dizer, afinal, ‘onde andam os homens’. Segundo a revista, ‘…podem estar mesmo debaixo dos nossos narizes. Aliás, podem ser facilmente vistos’:
1) nas lojas gourmet (aquelas, onde uma garrafa de 25cl de azeite de noz custa 15€. Eu sei, que já ofereci, mas não quero falar com isso. MJ, pára de rir! ;))
2) na secção dos congelados
3) nas lavandarias
4) nas lojas de arranjos de roupas
5) nas livrarias e nas lojas de CDs (ufa, estava a perder a esperança de algo que não me fizesse desatar a rir)
6) à porta das escolas na sexta feira à tarde
7) nos parques infantis ou similares aos sábados e domingos de manhã
8) a correr à beira rio ao fim do dia ou fins de semana.
Portanto, sugiro a todas as moças interessadas que peguem na sua rede borboleteira e partam à caça.
É sabido que os supermercados mais avançados já dispõem de banquinhos junto dos expositores de congelados, e que, após o primeiro óbito por hipotermia, disponibilizam agora também parkas e pantufas térmicas.
Para as menos afortunadas cidadãs do interior profundo, onde o curso de água mais imponente é o charco dos patos da quinta da tia Gertrudes, ouço dizer que está a ser equacionada a criação de uma carreira especial que as trará até às beira rios frequentadas pelo espécime, apesar de não ter ficado muito claro onde é que isso fica. O pacote inclui ainda um par de binóculos para avistar o alvo ao longe e ter tempo de enfiar um top e calções e fingir que se vai já no segundo teste de Cooper.
E toca de pegar nos vossos sobrinhos, priminhos, filhos de amigas e ir bater perna à porta das escolinhas. De certeza que o espécime alvo vai ficar comovido ao ouvir a criança berrar desalmadamente ‘mas tia, esta não é a minha escola!!!! ou ‘não, não quero mais chocolates para fingir que conheço aquele menino, quero a minha mãe a sério!’ e valorizar o esforço!
Sinceramente! mas agora temos de andar a correr atrás dos spots mais prováveis de avistamento do espécime, qual observador do National Geographic? Ainda por cima ter trabalho para dizer que se conheceu o amor da sua vida numa loja de arranjos de roupa ou no meio dos douradinhos da iglo? Por amor de Deus! Eu sei que em tempo de guerra não se limpam armas, mas e um bocadinho de glamour romântico, não?

sábado, 30 de agosto de 2008

Onde estão os homens? (Parte I)

Era o título de um dos artigos de uma revista de moda de Setembro. Como teaser, funciona. Vi o anúncio noutra revista, e quando passei pela papelaria do Metro, entrei já direccionada para o escaparate respectivo, e comprei. A versão de bolso, que sempre é mais barata e cabe na mala. Por curiosidade, só para ver se havia um tratamento diferente de um assunto cada vez mais esgotado, por ser cada vez mais explorado. Já todos sabemos que o mundo das relações está em crise, e que as mulheres se queixam de que não há homens disponíveis, e que, na mesma medida, os homens se queixam de que não há mulheres. Eu sei, porque já tenho tido esta conversa com amigos e amigas, e, apesar do 'mercado' deles ser, teoricamente, mais abrangente – aqui há uns anos o rácio era de 7 mulheres para cada homem, mas julgo que entretanto baixou. Vá, sejamos loucos, agora será de 5 para 1, talvez,não faço ideia – o que é certo é que, mesmo com mais escolha, eles também não andam satisfeitos.
Fui lendo o artigos na esperança de encontrar A revelação suprema. Não encontrei nada de extraordinário: é o ritmo acelerado, é a pressão para se ser bem sucedido em todos os campos, o medo do compromisso porque a vida é tão curta, e porque não vivermos todos fugaz e inconsequentemente, sem responsabilidades, aproveitando só o chamado lado bom da vida? Isto já não é novidade para ninguém. O que eu achei inovador foi a abordagem de que a culpa disto tudo não é só dos homens, mas sim das mulheres, que estão mais exigentes. Ora, meus amigos, desculpem-nos lá, a nós, singelas moçoilas, o facto de não nos querermos contentar com o que cai na rede porque é melhor do que nada. Não é. Nunca foi. Nunca será. Pelo menos aqui no meu livro, e se isso quiser dizer que eu tenha de entrar nas Carmelitas, so be it!
Mas vejamos o que é que se considera o aumento de exigência das mulheres. Cito uma terapeuta sexual: ‘Elas estão mais exigentes. Os homens têm de ser inteligentes, ajudar em casa, ter sucesso, estatuto social, económico e sentido de humor. E à mínima coisa que eles não cumprem, elas desiludem-se …

Bom, vamos por pontos:
1) A inteligência parece-me não ser um requisito descabido. A inteligência parece-me até um requisito de base. Não sei, digo eu que dará jeito não ter ao lado um homem que acenda um cigarro quando está a mudar uma bilha de gás. Ninguém está aqui a medir QIs, mas parece-me evidente que a mulher deseje, pelo menos, algum equilíbrio de intelecto. Se os homens gostam das bimbettes burras, é lá com eles (não acredito, mas às vezes parece). Eu cá pretendo alguém com quem possa aprender alguma coisa. Ou, pelo menos, conversar de igual para igual. Além de que, por experiência, sei que é uma gastura lidar com criaturas que tiraram folga no dia da distribuição de inteligência e do savoir vivre. É algo constrangedor, num jantar para impressionar, que o tipo pronuncie mal o nome do vinho. Duas vezes. Peço desculpa, é mínimo, eu sei, mas faz a diferença. So shoot me!

2) Têm de ajudar em casa.
Ou pagar uma empregada. Claro que sim. Não somos criadas, nem mãezinhas, e também trabalhamos fora. Qual é a dúvida? Isto é ser exigente? Desculpem lá, de novo.

3) Ter sucesso.
O que é ter ‘sucesso’? Aparecer nas revistas? Ser o Director da empresa? Isso é um requisito? Não na minha lista. Nem na das amigas com quem troco opiniões. Ter sucesso é um requisito para aquelas que almejam quiçá, ao tipo que está a mudar a bilha de cigarro aceso. Ter sucesso, no sentido material da coisa, assim só per se, é um requisito muita fraquinho, não? Se o 'sucesso' estiver relacionado com o ser determinado, empreendedor e ter a ambição natural de se ser 'bom', aí já é outra coisa. Admitamos a segunda hipótese.

4) Ter estatuto social. Bom, se formos dondocas, certamente. Se o nosso objectivo de vida é passar dias e dias nas lojas a comprar roupas para as ‘fêstas, sei lá’, então claro que sim. Mais uma vez, passo. Prefiro ter respeito de gente absolutamente anónima.

5) Ter estatuto económico. Isso para mim seria um bónus, não um requisito. Mas dispenso o estatuto, bastar-me-ia a conta recheada para viver sem preocupações.

6) Sentido de humor. Guilty. É requisito aqui no burgo. As mulheres adoram quem as faça rir, mas também quem perceba e aceite as suas piadas. É que já ganhámos o direito à 'espirituosidade' há uns anos, e os homens nem sempre vêem com bons olhos uma boa resposta ou uma piada mais gira do que a deles. Qualquer coisa a ver com a masculinidade intocável, que não se deve ameaçar. Uma mariquice dessas…(sinto que vou ser cilindrada em breve)

E à mínima coisa que eles não cumprem, elas desencantam-se.’

Epá, não sei, mas não se lhes está a pedir nada de extraordinário, pela lista acima. Digo eu…Portanto, se calhar, paravam de ser mariquinhas e esforçavam-se um bocadinho mais, não?

E assim, talvez evitassem irem lamuriar-se para um senhor responsável pela organização de eventos de encontros que ‘não conseguem estabelecer um relacionamento estável, uma vez que a par da emancipação feminina, as mulheres ganharam cada vez mais independência e dão menos importância ao compromisso a longo prazo’. Concordo no princípio de que a emancipação complicou o esquema tradicional masculino, mas discordo na conclusão. As mulheres não dão menos importância a compromissos de longo prazo. Querem é, logicamente, escolher bem. O que implica, como eles fazem, usar o período para testes de mercado até ao fim antes de encontrarem o melhor produto. Quem quiser ser escolhido, tem de fazer por isso. As simple as that. Já não estamos dispostas a ser só:
a) a fada do lar
b) a mãe dos filhinhos
c) a mãe do pai dos filhinhos
d) a lavadeira e engomadeira
e) o saco de pancada
f) a cozinheira para os jantares de amigos, que fica a lavar a louça enquanto eles jogam ás cartas…

Nope. Isso foi há cinquenta anos!

Hoje, queremos muito mais do que isto. Porque também sabemos dar muito mais do que isto. Somos exigentes? Não. Somos normais. E temos pena!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

'Speedrating'

Tem-se falado muito do Speedating. Para quem anda menos a par destas modernidades, o speedating é a versão avançada e ao vivo do correio sentimental da 'Maria'. Em Portugal parece que já existem umas festas para speedating e tudo. Reunem-se não sei quantos homens e mulheres, teoricamente disponíveis, e em quatro minutos - cronometrados (atenção que isto é à séria) - um ele e uma ela apresentam-se e tentam descobrir alguma afinidade que os leve a querer voltar a ter um encontro a sério. Depois dos quatro minutos, o moço levanta-se e dá lugar a outro moço. Ou seja, num só serão há a possibilidade de conhecer uma meia dúzia de candidatos. A quê, já será com cada um.


Acho lindamente. Acho mesmo. Acho até heróico que alguém consiga destrinçar em quatro minutos se determinado fulano não será um psicopata. Ou que alguém resista a duas horas (digo eu, que não faço ideia de quanto é que aquilo dura) de coquetterie, olhinhos a piscar, mãozinha a brincar com o cabelo enquanto se ouve o mesmo discurso over and over again: Sou fulano de tal, tenho não sei quantos anos e estou aqui porque cheguei a um ponto da minha vida em que quero assentar. O meu círculo de amigos já não me satisfaz e quero conhecer novas pessoas e quem sabe não encontro a pessoa com quem percorrer o caminho do resto da minha vida. Até podes ser tu...(imaginar um sorrisinho ali a fugir para o tímido, a camuflar o engatatão em potência), pareces ser muito interessante, bla bla bla bla bla bla...


Como diria o Homer Simpson: Booooring!!


Eu cá sou uma rapariga tradicional. E muito pragmática. Não percebo porque é que as pessoas pagam para ir a estas coisas, com uma garantia de resultado tão fraca. É que a comida pode ser má, podem estar lá só monos ou malta das barracas, sem educação nenhuma, com o fio de ouro ao pescoço e o pelo do sovaco a espreitar pela cava da t-shirt. Brrrrr...(arrepio)


Por isso, desenvolvi um conceito verdadeiramente inovador: o Speedrating.

O speedrating seria mais ou menos a mesma coisa, mas já com uma pré-triagem, que deixaria os monos de fora (quando digo monos, refiro-me à combinação desastrosa de uma inteligência na vizinhança do zero e de um aspecto chunga). Além disso, cada participante submeteria um teste de aptidão a candidato, para eliminar os que, não sendo monos, não têm as competências ou interesses básicos para serem apelativos. Os questionários seriam também direccionados ao target. Para se perceber melhor a minha ideia revolucionária, aqui fica o meu exemplo.


Fase 1: Target básico - Gajos com bom aspecto, preferencialmente de constituição atlética, entre os 35 e os 50 (desde que em bom estado, sendo que o aspecto poderá ter menos importância se a garagem tiver um A3 para mim) (tou a gozar, mas pronto, para o caso de alguém decidir oferecer-me um carro, que seja um de que eu goste... ;)), solteiros ou divorciados (desde que sem problemas existenciais e 'ex' problemáticas), com ou sem filhos (no caso de os terem, seria factor preferencial meninas até aos 5 anos, porque adoro os vestidinhos para as miúdas e os rapazes a partir dos 3 não se aturam), de preferência a não viver do fundo de desemprego e que nunca, em circunstância alguma, cuspam na via pública.


Fase 2: o questionário decisivo para o rating final, ou seja a qualificação prévia de adequação do candidato à minha pessoa.


Poupar-se-ia muito tempo!


E, porque sou uma gaja frontal, e porque assumo as minhas posições, aqui fica o meu questionário de speedrating, caso alguma vez, por alguma possessão demoníaca, entrasse numa cena destas. Dei-me ao trabalho de elaborar um fluxograma, porque enfim, há gajos que, não sendo monos, às vezes precisam de alguma ajuda.

Nota: Argh! só depois de publicar é que percebi que não se vê...Estúpido blogger!!!! Bom, podem sempre copiar para word...

Pós Nota: Afinal, se se carregar em cima abre. Acho...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Tiro no pé...


Mais uma para a categoria 'coisas parvas a não fazer': Nunca, mas nunca, comprar essências de perfume em bazares da Tunísia. E, se se fizer essa estupidez, certificar-se que não se coloca mais do que uma gota de cada vez. Errado, muito errado, colocar um algodão com essência de jasmim na gaveta dos 'sustentáculos anti gravitacionais'
O que os amigos do bazar tunisino não explicaram é que a porra da essência se vai intensificando ao longo do dia e é activada pelo calor corporal. Vai daí, o que se pretendia ser uma subtil nuvem de perfume, tornou-se um pesadelo ambulante. Nem eu aguento comigo!
Argh...

Ps: Zabour, se fizeste isto com a tua essência deves andar a precisar de uma caçadeira a esta hora...LOL (private que não posso partilhar sem a autorização dela...sorry)

domingo, 24 de agosto de 2008

'Bitching'


Do inglês ‘to bitch about’: criticar enfática e ruidosamente, sem propósito construtivo ou contributo válido. O equivalente a ‘moer o juízo’, em português corrente. Quem quiser pode substituir o verbo por vernáculo com a mesma terminação. I know I would...

Pensei em cabras várias vezes ontem à tarde, enquanto descia pela escarpa da Serra do Risco, na Arrábida. Já tinha pensado o mesmo durante a manhã, quando descia a escarpa do Cabo Espichel. O termo 'cabra' foi aliás uma constante no meu dia. Por um lado, fiquei com a certeza que fui, efectiva e inequivocamente, uma cabra numa vida anterior. Digo-o com esta convicção, porque só uma cabra poderia caminhar graciosamente pelos caminhos acidentados que percorremos ontem. E, tendo em conta que nem levei as botas de montanha (porque não combinavam com os meus igualmente pouco adequados calções), ter saído dali sem ossos partidos e só com alguns arranhões menores, revela capacidades inatas que só um poderoso gene caprino ressuscitado poderia conferir a esta mocita citadina nos dias úteis.

A outra vertente da palavra cabra que se me assomou ao cerebelo durante o dia inteiro foi bem menos positiva. Há daquelas pessoas que nos tiram do sério só de olharmos para elas. Afectadinhas e parvinhas, sem jeitinho nenhum para coisa alguma e que, para disfarçar essa manifesta incapacidade de por um pé em frente do outro e fazer como toda a gente faz, brada contra cada pedrinha e cada declive mais acentuado. 'Ai, que horror! Não consigo, não consigo...' (Ó amiga, não consegues, fica aí à espera, mas cala-te!!!!) 'O quê???? Mas vamos ter de passar por aí? Presos à corda?????' Ok, estávamos suspensos por uma cordinha a 35 metros dos pedregulhos e do mar, mas so what?? As grutas não têm elevador, amiga! Hello!!! As grutas estão onde calha, sim...geralmente lá para o fundo da escarpa. Ainda conseguiu ter um pretenso ataque de pânico (mana, daí termos estado a enregelar durante meia hora...agora que penso nisso) e perder os óculos na ravina. Culpou tudo e todos em vez de assumir que devia ter ficado em casa. Nós agradecíamos!

'Ai, eles estao doidos?! Mas tu estás a ver esta inclinação? Ai, não, não, não vou, não vou! Isto não é programa que se faça...isto é perigosíssimo!'. 'Ai, que horror, e depois para subir como vai ser?' (amiga, por mim podes apodrecer aí em baixo que eu não te levo às costas!)

Coitado do marido. Não fosse ele ser igualmente débil mental, teria uma palavra de conforto para o homem. Mas não tenho. Temos pena. Uma pessoa que se casa com aquilo não merece viver!

Havia outra cabra em potência, mas esta só não queria andar ao sol. É que é um facto conhecido a existência de chapeus de sol e espreguiçadeiras de cinco em cinco metros numa escarpa. Estão ali plantadinhos, à nossa espera...

ARGH!

Não tenho paciência para gente maricas...afinal, eu até já subi o Pico!! (é uma private com a minha irmã, que também foi comigo ontem e foi uma valente! modéstia à parte, somos o máximo, mesmo ;)). (mas é verdade que subi o Pico. Um dia, quando ultrapassar o trauma, hei-de fazer um post sobre a expedição mais bizarra que já passou por terras açorianas).

Ao fim de oito horas de marcha e escalada com bitching, confesso que foi um alívio meter-me no carro e voltar para casa.

Para quem estiver interessado no estado da minha velha carcaça: hoje não me mexo lá muito bem. Há músculos que sinto onde não era suposto e outros que não sinto onde ainda ontem estavam...A cabra deve ter ido embora durante a noite...

Fiquei eu...

Aturem-me!

Béeeeee Béeeeeee!!

PS: Esta e outras actividades na área da geologia, biologia , arqueologia, visitas a faróis etc estão integradas no programa 'Ciência Viva no Verão'. É gratuito e é muito giro. E é a nível nacional. Para a semana, aqui a menina vai visitar o Farol do Cabo Espichel. Com sorte, calha-me a mim acender o 'giracoiso'. Se ouvirem dizer que houve naufrágio por estas bandas, sshhiuuuuu! eu nunca lá estive!

PPS só para sportinguistas: Aquele 'penalty' foi 'penalty' mas foi em Marte!!!! Já começa, pá...Ca nervos!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

'The Horse Whisperer'


Tenho muitos filmes da minha vida.
Este é um deles. O livro que o inspirou também é um dos livros da minha vida e, apesar do final ter sido alterado (não vou contar, mas o livro é muito, mas muito mais triste), a sua adaptação é uma delícia. O Robert Redford, que também realizou, tem esta capacidade de por beleza em tudo o que faz.

Este filme é, simplesmente, maravilhoso. Para quem, como eu, tem paixão por cavalos, haverá sempre o 'Black Beauty' e, mais recentemente, 'Hidalgo' (com o meu Viggo Mortensen na forma do costume) para glorificar a beleza deste nobre animal. Ambos agradáveis, mas não me fizeram vibrar e chorar como fez a história de Pilgrim e de Grace (uma Scarlett Johansson muito novinha, mas já enorme actriz). Em paralelo, os fantasmas pessoais de Annie (a maravilhosa Kristin Scott Thomas, que adoro) e de Tom ( Robert dispensa comentários...). Um elenco escolhido a dedo...

Não exageraria se dissesse que passo metade do filme a chorar. Começo logo no início, com o acidente que custa a vida a Judy e à sua montada e deixa Pilgrim e Grace estropiados. É muito intenso e está muito bem feito. E é o ponto de partida para uma recuperação física e mental dolorosa, tanto para o animal como para a miúda. Uma caminhada de coragem, em que todos os personagens se transformam ao longo do filme. Os conflitos internos de cada um são explorados ao pormenor, diluem-se no tema central, para logo a seguir reaparecem em primeiro plano. Vivemos os seus dramas como se nossos fossem; quase sentimos as suas dores. Pilgrim renasce, literalmente. Annie passa de mãe neurótica e exigente a mãe extremosa e mulher serena, enquanto que Tom Booker reaprende a sorrir e a abrir a alma. Grace reaprende a caminhar e a olhar o futuro sem medo. Reaprende a amar Pilgrim e a deixar-se amar por ele, e pelos outros. Numa das cenas mais comoventes, ela olha para Annie e diz-lhe, apontando para a perna ausente: 'Who will ever love me like this?
Todos nós, Grace, todos nós...
Espreitem o trailer aqui

terça-feira, 19 de agosto de 2008

It's always the little things...

Cabisbaixa me assomei à caixa do correio, ao chegar a casa depois do dia horribilis de ontem. Conseguia vislumbrar pela ranhura os tons amarelo e vermelho da 'Dica' do LIDL, e foi sem grande entusiasmo que inseri a mini chave na ranhura. No meio dos panfletos inúteis estava um postal. De uma amiga dos meus gloriosos tempos de criança, em Paris. Há 26 anos que a não vejo. 'Estamos a passar umas férias maravilhosas em Praga. Escrevo-te com mais tempo em breve. Beijo, Céline et Fabrice (o marido, que também assinou, apesar de nunca nos termos visto).


Um mimo destes, absolutamente inesperado, dada a irregularidade da nossa correspondência (sempre mais de 5 folhas A4 manuscritas, mas apenas uma ou duas vezes por ano), fez-me pensar no conceito de Amizade e em quanto a tomamos por garantida, esquecendo de nos mimarmos, ou fazendo-o tão frequentemente que se banaliza a relação, por mais profunda que possa ser. A dificuldade está em gerir o meio termo, no caos dos dias, e das vidas pessoais atribuladas, que nem sempre se compadecem do óbvio. Mas o óbvio está lá: nada se autogere. A dada altura é preciso pegar no menino e embalá-lo um bocadinho...senão ele fica-se no choro.
Nunca fui muito expansiva. Ou melhor, fui, mas já não sou. O fluxo abrandou, a torneira ganhou calcário, who knows. Mudei. Tão simples quanto isso. Na escola escrevia histórias em que os meus amiguinhos eram os protagonistas. No liceu, escrevi canções para os passeios de turma (a minha glória foi a canção do 9ºD, uma adaptação muito livre do 'The final Countdown' dos Europe: é o 9ºD...tarara tarararaa tararaa. Um autocarro inteiro a cantar isto. Memorável...). Na faculdade tive de me agarrar aos livros, mas ainda dava para umas trocas de bilhetes delirantes com o meu núcleo duro, em vez de prestar atenção às aulas de economia. No meu primeiro emprego, na minha saudosa Portugália (não a dos bifes...), não têm conta os poemas (idiotas, mas ainda assim, poemas) que fiz para colegas. Criei o hábito de escrever emails longuíssimos para os meus ex-colegas, que ficaram amigos. Até há pouco tempo, todos os postais de aniversário eram feitos manualmente. Escrevia dedicatórias nos livros que oferecia. Ainda me acontece, mas menos. Escrevi um relato de viagem para cada uma das quatro companheiras que me acompanharam numa viagem à Escócia, Imprimi e encadernei cinco cópias, todas forradas a tecido de xadrez. Deu-me um gozo brutal fazê-lo. Infelizmente, conservo apenas uma das companheiras como amiga fiel, e como é provável que ela passe por aqui, deixo-lhe um beijo especial, consciente de que não tenho sido a mesma e sem grandes desculpas para o facto. Há coisas que nos mudam. Não sei precisar o momento exacto em que questionei a pertinência dos mimos. Bom, acho que até sei, e talvez os amigos estejam injustamente a pagar por tabela, por mimos que dei e não devia, ou que dei e foram desperdiçados. Sei que tenho saudades de os dar, mas não me têm saído ultimamente. Algures no caminho perdi a fé, não nos amigos, mas na piada que se achava aos 'mimos'. Cheguei a pensar se não estaria a ser egoista, e a pensar mais no gozo que me dá a mim dar do que aos visados receber. Ponderei a hipótese de estar a 'usar' os mimos mais como um 'hey, estou viva porque estou a fazer isto para alguém', mas descartei porque, apesar de várias vezes ter consciência de que sou a minha pior inimiga, também não me tenho assim em tão fraca consideração. Sempre que dei, dei com convicção e genuíno prazer. Como continuo a fazer. Mas menos. Não com menos prazer, nem com menos convicção, mas com menos fé na importância que isso tem. Houve alturas em que não teve nenhuma, e essas acabam por ensombrar e sobrepor-se, e uma pessoa acaba por encolher os ombros e pensar 'what's the point'. É errado, claro, mas é assim. Um facto não deixa de existir por não se gostar de o admitir...

Mas o postal da Céline fez-me acordar para a realidade. E ando a tentar refrear um ataque de lamechice desde manhã. Sem sucesso. Fiquei mesmo a pensar nisto tudo. É que gosto muito dos meus amigos. Mesmo que não fale com eles todos os dias, mesmo que eles ainda perguntem por um ex que já lá vai há que séculos ou me confundam o nome dos gatos, estão cá dentro. Mesmo que eu não o demonstre sempre, mas também não importa, porque eles sabem disso. Como eu sei que estou lá dentro, ainda que só os veja uma vez no ano (acontece a quem tem amigos mundo fora) ou que não ande sempre de telefone na mão. Podem não ser dez mil, mas também nunca pretendi coleccionar amigos só para ter uma agenda de telemóvel a rebentar pelas costuras. Not my style.

A Céline não lerá, com certeza, mas outros amigos (reais e virtuais, velhos e recentes, you know who you are), familiares (beijo, mana linda, e cunhadinho lampeão), muito importantes, lerão. Declaro aberto o momento lamechas do dia (e do ano, provavelmente):
'Through fields and far off places,
over moutains tall and rivers wide
Where roads meet the horizon,
Friends, I'll be here by your side,
onward, your hand in mine,
together through the sands of time,
in heart and soul and mind'
(desgraçadamente não sei de quem é o poema, mas desta vez a culpa não é minha, é do '1001 postcards', que não colocou o nome do autor!)
Não concordo nada com a frase da imagem, que nestas coisas da amizade não acho que estejamos aqui para quando somos precisos. Ou estamos, ou não estamos. Mas como tinha o cãozito e eu gosto de patinar no gelo...(como não tive paciência para ir ao paint e tirar aquilo...é mais por aí! ;)) ficou assim mesmo.
Espero também ter contentado quem diz que eu não escrevo nada sobre mim e que invento um personagem e só falo dos gatos e dos cães... Talvez não me saibam é ler, mas isso já não é problema meu. 'Piqueno' desabafo, long time overdue...

domingo, 17 de agosto de 2008

De volta à normalidade...

...and not happy about it!



Só de pensar que amanhã já vou trabalhar... DOR INTENSA!!! Eu já desconfiava, mas agora tenho a certeza: seria muito mais feliz se fosse rica e não tivesse de trabalhar. Pelo menos ali. Salvaria a vida a muitos neurónios, seguramente. E depois divertir-me-ia muito mais. Aprenderia muito mais. Leria muito mais. Poderia fazer voluntariado... bom, seria com certeza muito mais risonha porque não estaria constantemente a ranger os dentes e a franzir a testa perante a estupidez vigente. Seria no fundo, uma melhor pessoa. Em suma, trabalhar ali faz mal à minha personalidade! Portanto, e dado que o mercado laboral está aquilo que se sabe, e que a probabilidade de ganhar o Euromilhões é quase idêntica à de um dia cantar em palco com o Jon Bongiovi, vou investir num velho rico. Quem tiver um tio avô disponível, é favor manifestar-se. Obrigada!


Nevermind, a rabuja laboral dá-me para estas considerações idiotas...


Mas venho bem disposta das férias. A sério que sim. E aproveito para agradecer a todos os votos que deixaram no post anterior. Ainda levei o portátil, e a minha estúpida ligação portátil da vodafone, mas a preguiça de montar tudo e o corrupio que foram estes dias, impediram-me de vir espreitar a blogosfera... é que, entre primos, afilhados, passeios na serra, piscina, copos e organização da 'noite italiana' com spaghetti bolognese para oito (que saudades de cozinhar com audiência interessada), passear os cães, fotografar a natureza e dar um avanço no meu estúpido e infindável ponto de cruz, sobrou muito pouco tempo. E com o ritmo infernal, chegava às 23h e estava completamente K.O.

O episódio caricato foi protagonizado na quinta feira. A minha mãe disse-me 'anda, vamos dar uma volta'. Ok...bora lá. Já estava vestida mesmo...desconfiei quando a vi calçar os ténis e perguntei-lhe 'mas onde é que vamos?', 'ah, é só ali apanhar amoras no campo da bola'. Ok...a estrada está alcatroada...não antevi problemas. Nao me apeteceu calçar os ténis e fui com a chinelinha de 10 cm...Correu-me mal. Ao todo, nesse dia, andamos cerca de 20km, por estradas e caminhos. Andei descalça, a comungar com a natureza, porque estava constantemente a torcer os tornozelos nas descidas. Muito bom. De manhã, andámos uns 10km (e não encontrámos amora nenhuma!). Pausa para almoço e passear os cães e pimba! Desta vez fui eu que quis ir ao viveiro de trutas a pé. Mais 7 ou 8 km, ir e voltar. Foi claramente uma ideia estúpida. Mas achámos amoras no caminho, com que nos alambazámos ao lanche, antes de cada uma morrer para o seu lado do sofá, com o Yurie Manuel a fazer de faixa da gaza. Yurie Manuel que se portou extremamente bem e não se ouviu a semana toda, a ponto de termos pensado várias vezes que tinha morrido. Já Sasha Margarida, igual a si própria, voltou a saltar para a fonte da nora para chapinhar, ignorando completamente as minhas 'ordens' para sair dali. Saiu quando quis, e voltou a saltar mais duas vezes. Quando se cansou, veio sacudir-se para cima de mim. Pois claro...

E o que é esta coisa repugnante, perguntarão os incautos leitores? Pois que é uma lesma. E, como os invertebrados são, regra geral, uns incompreendidos, resolvi dar-lhes tempo de antena. Eu gosto de lesmas. Também gosto de sapos, mas não vi nenhum. In extremis, apanhei uma lagartixa semi escondida nas pedras porque, desgraçadamente, no dia em que estave na piscina e me parou um lagartão gigantesco a dois metros dos pés, não tinha a máquina. Quase chorei. Era lindo. Enorme e repugnante, mas um belo exemplar. Há uns anos, dei com uma salamandra preta e amarela, enorme e viscosa. Ia com Sasha Margarida no passeio nocturno. Fui a correr a casa, com Sasha a protestar, fui buscar a máquina e fiz várias fotos do bicho, que não se tinha mexido. Gosto dos invertebrados porque não se mexem muito depressa e consigo fazer focagens de jeito. Contrariamente aos pássaros, que não colaboram com uma pessoa. O estúpido casal de milhafres (acho...não deu para ver muito bem) não parou quieto um segundo. Tive de me contentar em segui-los com o olhar. E tive sorte, pois ainda vi um a 'picar': encolheu as asas e mergulhou, rodopiando. Nunca tinha visto e fiquei histérica. Acontece-me muito com a bicharada...

...E com o Sporting... Vá, não estavam à espera que eu não me manifestasse, pois não? E já cá canta mais uma!!! Vou é conter-me nos festejos e nas considerações sobre o Bruno Alves, senão a malta do 'Puorto' nunca mais me deixa ir aos 'cumbíbios'. Mas pronto, a taça é nossa...hi hi hihi hhihihih

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Stuck with me

Olá!... prrrrrrr..Aposto que vieram à procura da gaja extremamente gira que vos alegra todos os dias ( e que me pagou em sheba para eu dizer isto)...prrrrr...prrrrr....pois...temos pena, mas só cá estou eu...prrrr prrrr....Ela vai de férias e está stressada....ainda não fez o saco, tem dez mil presentes para embrulhar, e ainda tem de pensar na melhor forma de sedar o cão sem acordar o prédio todo às seis e meia da manhã. prrrr prrrrr... que pena eu ir perder esse filme....prrr prrr.
Bem, prrrr...ela diz que se conseguir arrancar os putos ranhosos que passam a vida agarrados aos computadores da biblioteca municipal ainda dá cá um salto durante a semana, mas cá p'ra mim vai passar o tempo todo a dourar o tutu ao sol da montanha...e nós ficamos em casa, sem colinho no sofá....grrrr... Cabra!!! Oxalá chova todos os dias, sua porca! FFFSSSSTTTTTTTTTTTTTTTT....FFFSSSSTTTTTTTTTTTTTTTT....

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Precisão, precisa-se: Parte II

Continuação da saga. Desta vez ao telefone... não devia ter pedido para emendarem o número.
Já estava à espera. É táctica. Descobrem sempre qualquer coisa muito horrível que tem de ser trocada ou o espírito mau que vive dentro do motor zanga-se...Right! devem pensar que por ser gaja sou tontinha...
Desta vez: óleo dos travões e filtro do habitáculo. Nem sequer sei o que é essa porcaria, mas não gostei do nome. Perguntei se o carro me ia parar por causa disso. Disseram-me que não. Mandei-os à merda com o filtro do habitáculo!
Não fiquei convencida com o óleo dos travões, mas nisso não arrisco...os gajos sabem onde ir! Porcos!
Conclusão: O estúpido check up férias seguras vai custar-me mais do que as estúpidas férias.
Não estava descontente da minha assertividade em recusar a mudança do filtro do habitáculo, depois de dizer ao tipo que precisava que me explicasse porque é que, a andar em estrada de alcatrão uma média de 300km por semana, o filtro se sujava tanto, e se não era suposto durar um ano. (Omiti, claro está, que apanho 30 camiões carregados de gravilha no caminho, e que o carro fica estacionado na rua porque n tenho pachorra para o por na garagem). O tipo disse que sim, devia durar um ano, mas que também o tinha mudado há um ano e estava na altura. Tive de ajudá-lo a contar: de Janeiro a Agosto não são 12 meses, mas sim 8 e que, portanto, ainda tenho mais 4 meses para sujar o filtro. Os gajos não gostam que as mulheres raciocinem, ficam destabilizados e calam-se. Por isso, a coisa estava a correr bem e senti-me orgulhosa vencedora, até o gajo se despedir: O meu nome tem três sílabas e o gajo conseguiu meter mais uma no meio. Unbelievable!!!!

Precisão, precisa-se!

Há coisas que não gosto de fazer. Tratar do meu carro é uma delas. Os meus cuidados limitam-se a por gasolina, lavá-lo ocasionalmente (e isto quando se prevê que não chova durante um mês ou dois, senão espero), por água no esguicho (porque sei onde fica o depósito) e aspirar duas ou três vezes por ano ( e quando já não aguento que os passageiros me digam que o banco de trás está cheio de pelos da Sasha Margarida). Não sou uma ‘carro lover’. Não passo as manhãs de domingo na bomba a lavar, aspirar, polir, e acariciar o bicho, como vejo alguns gajos fazer. É lá com eles, cá p’ra mim têm mulheres chatas em casa e sempre é uma ocasião de se distraírem. A mim aborrece-me tudo o que se prenda com a manutenção de um carro. Sou uma artista, não tenho tempo nem mãos para essas coisas. Ponto.

Mas, como vou para Serra no sábado, entendi que devia verificar umas coisinhas para não ter surpresas no caminho. Como sou muito prática, uma vez que não tenho gajo em casa e que da última vez que pedi ajuda ao meu tio tive de comprar um set novo de tampões para jantes (don’t ask!), esta manhã fui deixar o meu estrondoso bólide numa reputada oficina.

O diálogo é longo... mas vale a pena!

Eu: bom dia, gostaria de fazer um check up porque vou fazer uma viagem longa.
O tipo da recepção: é cliente?
Eu: sou, tenho aqui o cartão algures...
O tipo da recepção: não é preciso, basta a matrícula.
Declamo o conjunto alfanumérico que me acompanha há cinco anos...
O tipo da recepção: não existe. Tem a certeza que é essa?
Mau...
Eu, olhando para ele como se ele fosse de Marte: é claro que tenho a certeza.
O tipo da recepção: olhe que não aparece...então vamos tentar um número de telefone..
Declamo o meu número, que me acompanha há 7 anos.
O tipo da recepção: hum...estranho...não aparece. xxxyxxxx?
Eu: Não. Eu disse: xxxxxxxx!
O tipo da recepção: Ah!!! xxxxxxx....bom, mas ainda assim não aparece... Estranho...Tem a certeza que foi nesta oficina que esteve?
Começo a fixar o gajo seriamente lixada, e espalho-lhe no balcão a série de vales de desconto que a estúpida oficina me manda sistematicamente para casa.
Eu: Eu diria que sim, que foi nesta...
O tipo da recepção: euh...só se já foi há imenso tempo.
Eu: Imenso...estive cá em Janeiro, há muitos, muitos meses atrás....
Entretanto acho o cartão, escondido entre o cliente frequente Mariaunnaud e o Advance Care...
Eu: Tá a ver, tenho um cartão de cliente. Se lhe disser o número, acha que me consegue encontrar?’
O tipo ri-se a medo, na esperança que o meu sorriso de lábios absolutamente cerrados não descambe numa bolachada.
O tipo da recepção: AH! Cá está. Afinal tinha razão.
(No kidding!!)
Eu: ah, que bom! Então verifique por favor os campos do registo, só para termos a certeza que emenda o que está errado...
O tipo da recepção: O seu nome é Safira.
(menos mal, não me chamo Joaquim Ambrósio)
O tipo da recepção: e tem um renauld mégane!
Eu: boa! É isso mesmo. E que matrícula é que tem o carro que está na minha ficha?
O tipo da recepção: XX-XX-YY...hum, foi o que me disse, não foi?
Eu: foi, até lhe disse já várias vezes...
O meu sorriso cerrou-se ainda mais. Por esta hora já estava a contrair violentamente o maxilar.
O tipo da recepção: ah, já percebi. É que eu não pus o tracinho... e tem os tracinhos no meio...
Tento controlar o piscar no olho esquerdo, que prenuncia um emergente e violento ataque de raiva.
O tipo da recepção: e o telefone é o xxxxxx 78!
(ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH)
Cerro os punhos com muita força.... o meu bícep direito lateja por baixo do camiseiro...
Eu: (Pausa e suspiro ameaçador. Dois tons abaixo, muito devagarinho): não... É o x x x x x x 48!

Se eu vos disser que o nome da porra da oficina é ‘Precision’ vocês matam-se a rir, certo? Pois...

Depois de ultrapassarmos a questão de eu não ser um fantasma maluco, perguntei em que consistia o check up ‘férias seguras’ publicitado no catrapázio por trás da cabeça do tipo.
O tipo da recepção: ah, é um check up mais aprofundado que o check up normal para quem vai de férias.
(ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH)
Eu: pronto, certo, mas o que é que vêem?
O tipo da recepção: então, vemos o normal, mais os amortecedores e outras coisas que não se vêem no check up normal.
Pensei subitamente na Ally McBeal, a minha Alter-Ego, a quem, como a mim, aconteciam as coisas mais cretinas... Fiz como ela: desisti de dialogar com o imbecil que, manifestamente, não sabia o que se via no check up ‘férias seguras’ e imaginei um grande martelo a abater-se na cabeça do tipo. Certifiquei-me só que me verificariam a pressão dos pneus e fugi a sete pés! Mas ainda vi o mecânico a deixar o carro ir abaixo duas vezes, num percurso de cinco metros. E voltei-me uma última vez, já quase a entrar na estação, ao ouvir uma aceleração monstruosa, olhando para o céu na certeza de que o meu carro tinha acabado de descolar.

Agradeço o vosso pensamento positivo para que logo, quando for buscar o meu pobre carrinho, não tenha os pneus no tejadilho!

Epá, Farriello, se perceberes de mecânica, volta, que estás perdoado!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A Naúsea...

Quando era novo nunca me envolvi com mulheres feias. Mas na Marinha tive um amigo, um tipo chamado Farriello…cuja especialidade era as mulheres feias. …Se íamos a um baile, disparava direitinho à mais feia das raparigas presentes. Quando me ria dele, respondia que não sabia o que estava a perder. Elas são frustradas, dizia-me. Como não são tão bonitas como as imperatrizes que escolhemos, fazem tudo o que queremos. Na sua maioria, os homens são estúpidos, afirmava, porque desconhecem isso. Não compreendem que, se abordarmos a mulher mais feia, ela revelar-se-á a mais extraordinária. Se soubermos desinibi-la, claro. Ah, mas se conseguimos! Se conseguimos desinibi-la não sabemos por onde começar, de tal maneira ela vibra. E tudo porque é feia. Porque nunca é escolhida. Porque fica a um canto enquanto todas as outras dançam.’
In ‘A Mancha Humana’, de Philip Roth

A brutalidade destas dez linhas quase não merece comentários adicionais. A crueza do calculismo masculino, que não espanta, mas choca. Que ainda choca, apesar da inacreditável quantidade de ‘Farriellos’ que proliferam, rastejando na sombra. Conheço alguns, lamentavelmente. Segundo me consta, ainda respiram. É pena!

Ah, e tal, são feias. Até lhes estamos a fazer um favor…na verdade, até nos deviam agradecer!’

É isto que passa na cabecinha de homens destes… o clássico exemplo do pulha, que vai à 3ª Distrital com uma equipa de Champions. Não se faz. Pode ser mais fácil, mas não se faz. Precisamente porque é mais fácil, não se faz. Não se exploram fragilidades. É uma regra basíca do respeito. Uma mulher, por ser aparentemente menos atraente, não é ‘carne para canhão’. E devia ela mesma ter consciência disso. Infelizmente, há mulheres que não conseguem desenvolver uma segurança básica que lhes permita resistir à atenção que lhes é dada e que cai, como mel no pão, na chaga viva das suas carências de afecto. Tornam-se presas fáceis. Querem ser agradáveis para continuar a merecer as migalhas que lhes atiraram inesperadamente. Elas não são parvas; tentam manter-se em jogo como podem, porque sabem que, pelos padrões do mundo masculino, estão em desvantagem, à partida …

Todos sabem – ainda que nem todos estejam dispostos a admiti-lo – que, para os homens médios, na dança feromonal da sedução inicial, a importância da personalidade é inversamente proporcional à profundidade do decote, à sinuosidade do corpo e à simetria do rosto. Perguntem a um homem médio o que procura na mulher ideal e ouvirão certamente os ‘clichés’ do costume: inteligente, divertida, companheira. Raramente ouvirão dizer: bonita, copa 44F, rabo de fazer rebolar os olhos, boquinha de…bom, disso mesmo que estão a pensar. ( não estou a dizer que uma copa 44F bonita e com um rabo de sonho não possa ser inteligente, divertida ou companheira, atenção!) Contudo, ponham estas duas mulheres lado a lado, em circunstâncias absolutamente iguais, e adivinhem com quem vai para casa o nosso rapaz médio? A testosterona é uma força poderosa…

(Pequeno aparte: As mulheres inteligentes, quer sejam bonitas ou não, aguentam o golpe de serem preteridas pelas copas 44F e os rabos de sonho. Riem-se interiormente do rapaz médio e até agradecem a ajuda que lhe separou o trigo do joio. Se calhar até lhes interessa mais o tipo discreto, que as fita a direito do fundo do bar, sem sorrisinho ‘pintas,’ e que não está a olhar-lhes para as mamocas e a babar como um idiota … )

Dizia eu que a testosterona é uma força poderosa. E cega. Não importa se é bonita ou feia na hora do ‘bora lá’. O 'Farriello' tem é de ‘pontuar’. O 'Farriello’ dirige-se às mais feias para jogar pelo seguro. Para afogar as suas próprias inseguranças. É o seu próprio receio de rejeição (que o impediria de ‘pontuar’, e implicitamente o tornaria alvo de chacota dos seus pares) que o leva a ir ao alvo mais fácil. O Farriello é um cobarde frustrado. É a sua frustração de saber que não pode ter a mais bela do baile, nem a segunda mais bela, nem a terceira mais bela, e o medo de ficar inactivo (enquanto todos os outros se perdem em lingerie de seda) que o impele a contentar-se com o que cair na rede. Prefere apanhar as migalhas do que ficar sem nada. O 'Farriello' torna-se, ironicamente, na 'mulher feia'… E, assim sendo, acaba por andar a foder-se a si mesmo, não é?
...O Farriello é mesmo irremediavelmente estúpido...
Nota: as minhas apologias pelo vernáculo. Não é hábito que alimente e deve chocar alguns...mas, não sejamos hipócritas, não havia alternativa condigna.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Curtinha...

Colega: Parabéns, Safira!
Eu (com cara de parva, até porque faço anos em Março): euh...sim?...
Colega: Não sabia que tinhas um menino!
Eu (abismada, pensando numa abdução alienígena que me tivesse deixado grávida e amnésica): euhhhh....nem eu!...
Colega: ai, estavas muito gira com o bébé ao colo, fica-te muito bem...
Eu (a perceber finalmente de onde vinha a história): ahhhhhhhh...hum, hum...pois...
Colega: ai, ai, tens de começar a pensar nisso!!
Eu (quase a dar um tiro na cabeça, pois, como TODA a gente sabe, não suporto que me digam isto, mas mantendo a calma e fazendo um sorriso amarelíssimo): pois... pois tenho...qualquer dia...
ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!
Nota mental: Não pegar com ar babado nos filhos dos colegas nas tardes de patuscada em casa do chefe. Ter especial cuidado em não ser fotografada a brincar com um bébé. Aliás, tentar nunca mais interagir com crianças quando alguém me estiver a ver que é para não ter de levar com as bocas. Apre!!!
Fica-me bem, fica-me bem... Também me ficava bem um vestido Valentino e não tenho nenhum no armário, pois não?! Hello!!!

domingo, 3 de agosto de 2008

Improviso forçado

Estou furiosa! Tinha planeado escrever sobre uma passagem de um livro que ando a ler e daí derivar para mais uma filosófica exposição sobre o facto de alguns homens serem seres absolutamente abjectos e não merecerem mais do que um pontapé na genitália... Mas não posso. E porquê? Pois porque deixei o livro dentro do carro.

Portanto, como a silly season me atingiu em força algures no meio da semana passada e não há meio de recuperar o funcionamento conexo das minhas células cerebrais para arranjar outro elemento para dissertação, não há post filosófico (penso que poderiam ser menos efusivos nos vossos festejos, mas pronto...).
Tentei colocar aqui um vídeo familiar com as estrelas Sasha, Boris e Gato Gil em grande desempenho teatral, mas tem 13 megas e com a minha ligação supersónica na melhor das hipóteses, às 18h conseguia publicar...

Também não consegui achar uma foto da Nádia no prime de pelagem persa... (As outras mais recentes já são pós tosquia caseira, que não correu de todo bem)

Não sei, acho que o universo está a conspirar contra mim. É só cá uma pequena impressão que eu tenho.

Vou para a última tentativa. Se não conseguir publicar a foto vou estender a roupa e não pego mais nesta porcaria hoje! Vejamos...

Menos mal... O blogger é como tudo neste país: só funciona com maus modos e ameaças!

Aqui ficam os bébés tunisianos que fotografei em equilíbrio precário e só com uma mão (com a outra estava agarrada à vedação, para não cair) quando finalmente descobri de onde vinham os miados...a mãe estava cá em baixo, à espera que eu desaparecesse rapidamente para subir o muro e ir-lhes levar o pequeno almoço. Não sei o que raio é que ela tinha na boca, mas não parecia muito apetitoso.

Mas os pequeninos eram lindooooooss!!!!!