O pior é que este comportamento não é apanágio das classes menos instruídas (vulgos rapazes da construção civil e afins) (sou, sou snob, e depois?). Não. Cada vez mais vejo homens aparentemente mais selectos, bem vestidos e com ar mais ou menos distinto, deitar olhares libidinosos e descarados aos decotes das mocitas, no metro, e mesmo mandar a ocasional ‘boquinha parva’. Uma vez, na avenida da Liberdade, estava eu a entrar para o edifício do escritório, e vejo, pelo vidro da porta, três quadros médios/superiores, daqueles yuppies da gravatinha amarela (nada contra, é só uma constatação), placidamente postados atrás de mim, a olhar-me descaradamente para o rabo. Pararam no meio da rua, reparem bem. Para ver um par de pernas. Que mais básico há que isto???? Estúpidos, ainda por cima, porque vi-os perfeitamente pelo reflexo do vidro, o que me permitiu virar-me e perguntar calmamente se havia algum problema que gostassem de ver esclarecido. Deram à sola de imediato, como putos, e fiquei eu, a olhar para os rabitos deles (nada de jeito, by the way), que os pobres tinham enfiado entre as pernas. É que o homem que manda boquinhas parvas é, por norma, muito cobardolas. O que só me irrita ainda mais. Porque é tão fácil, não é, mandar a boca e fugir?... Porque é que não diz, olho no olho ‘és toda grossa, fazia-te isto e aquilo?’. Porque se calhar levava uma resposta do tipo ‘ e homem para isso’, ou a minha preferida ‘nem um homem, quanto mais tu’? Ou o estalo, directo? Claro que sim. O ‘homem bocas’ é um cobarde do catano. Dá-me um gozo brutal, quando posso, mas confesso que é raro, porque tenho medo de me descontrolar e partir para a violência, confrontar o ‘homem bocas’. Uma vez, andava eu a passear o meu Yurie Manuel (outro canito que está em casa da minha mãe), tive o infortúnio de cruzar um bando de bravos rapazes da construção civil. Preparada para o embate, passei por eles, na minha. Sossegadita. Mas não estava preparada para o que me disse um deles, quando passei por ele. A minha religião impede-me de reproduzir as palavras exactas, mas envolvia lambisquice de uma parte da minha anatomia. Desculpem lá! Há limites. Há uma diferença entre o piropo parvo ‘o cãozinho tem número de telefone' e a ordinarice. E eu, com ordinarice, não pactuo. Puxo o Yurie atrás (como é um minorca, veio mais ou menos a voar), vou ter com o gajo e digo-lhe muito alto ‘ó palhaço, não tens mais nada para fazer, não?!!' Ok... confesso que poderia ter sido mais imaginativa, mas era um gajo das obras!!E um gajo das obras não vale o esforço literário. Surtiu efeito, porque o gajo percebeu a parte do 'palhaço' e levou um gozo dos amiguinhos, e o certo é que nunca mais se meteram comigo. Da segunda vez que passei, no regresso do passeio, já o olhei a direito, à Dirty Harry ‘ Come on, make my day’, como que a pedir uma desculpa para lhe ir à tromba, o que ele claramente percebeu, e já não abriu a boca!
Tudo isto para dizer que estou farta dos ‘homens bocas’. Não se aguenta, pá!!! Olhem, babem para dentro, sonhem comigo, se quiserem, mas não abram a boca quando eu passo. A gerência agradece!
(e não pensem os leitores masculinos que eu tenho 1,80, pernas como a Giselle Bunchen, ou copa 44F. Não. Só tenho mesmo mais de 18 anos, mais de 30Kgs e respiro sem ajuda. Pasmem perante a originalidade!)