quarta-feira, 29 de julho de 2009

O regresso do Grande Galo Universal

Há coisa de três semanas fui a um novo dermatologista. O meu anterior -a quem desculpava a ocasional falta de rigor clínico com o palminho de cara que tem-, decidiu mudar-se para a outra ponta da cidade e, let's face it, tenho mais que fazer! Portanto, arranjei outro mesmo ao lado do escritório. Não é tão giro, especialmente porque é mulher e eu não sou uma lésbica retinta, mas é prático.
Fui lá da primeira vez e trouxe uma pomada, um creme para as mãos, uma loção e um hidratante corporal. Tive de correr quatro fármácias para o encontrar, dado que toda a gente me queria vender a versão 'creme gordo' e não 'creme hidratante'. Há qualquer coisa de sinistro no facto de pedirmos o creme x, 'mas não é o gordo, é o hidratante' e nos darem sistematicamente a versão 'gordo'. Concluí, neste périplo, que a maior parte dos farmaceuticos é surda. Os que não são surdos são simplesmente burros.

Anyways...a coisa não melhorou, e na semana seguinte voltei. Bla bla bla, reacção alérgica, bla bla bla, insectos, bla bla bla...Trouxe outra pomada, e mais um creme, e um repelente de insectos. Don't ask, eu disse-lhe que não tinha sido picada. Por esta hora a minha mesa de cabeceira já parecia uma loja de conveniência, mas tudo bem.


Como seria de esperar, no inicio desta semana continuava na mesma, senão pior. Farta que estou de dizer amén aos não-diagnósticos, resolvi investigar na net e qual Gregory House (sem os olhos azuis e sem barba, felizmente) imprimi uma série de fotos e arranjei duas hipóteses muito verosímeis, na minha opinião de leiga. Diga-se que serei leiga, mas sei ler.

Já munida de argumentos, voltei hoje ao consultório.
Fui recebida com um 'Ui, isso não está nada bom' (no shit?!) e assim que tive oportunidade introduzi um tímido e submisso 'Drª, mas tem a certeza que não é tinha? olhe que eu tive lá o problema dos gatos e eles ainda podem ser portadores...'
'ah, sim, pode ser um fungo...' (considerei o 'pode ser' muito estimulante...)
E eu vá de continuar com os diferenciais, com calma, pois sei que os médicos não gostam de chico espertos: 'mas sabe, uma amiga minha disse-me que viu umas lesões iguais a estas numa pessoa que tinha uma coisa com um nome bizarro (fazendo-me de estúpida....) euh...imp...imp...
-'impetigo'
-'pois, isso' (yuppi, vai dar-me o antibiótico e fica tudo ok)
- 'hum, mas não me parece...' -(WHAT???? as bolhas são iguais às da foto na net!!!!!) -, 'devíamos era fazer uma biopsia '-(WHAT THE HELL?)- 'mas não queria deixar-lhe já uma cicatriz'- (pois, a mim também me parece bem não me picar). -'Vamos experimentar uma combinação de terapias'- (Oh Joy!)

Saí de lá sem diagnóstico definitivo, mas com um receituário para cápsulas anti-fúngicas e mais uma pomada antibiótica. A médica disse que era um antibiótico de nova geração, acabadinho de sair. Benzi-me em pensamento, já a imaginar-me a calcorrear as farmácias da zona à procura do remédio novo de que, provavelmente, ainda não teriam ouvido falar. Mas tive sorte, consegui na segunda que visitei. Mais 39€ para a caixa das almas, consulta não incluida. Era a trilogia Millennium do Larsson, mas não vou dizer nada...

Chego a casa e começo a ler as bulas. E adivinhem para que está indicada a pomada antibiótico? Correct! Para as infecções bacterianas, especialmente o ... impetigo.


Portanto, serei eu que sou chata ou deveria ter cobrado a consulta em vez de a pagar?Assim de repente...



PS: dispenso um cabazinho com um sortido de corticóides a preço de custo. E ainda junto a porcaria do creme antiprurido da marca que começa por 'U' e acaba em 'age' e que me seca a pele, mas que deve ser óptimo para polir o carro.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Coisas que me deixam possessa


Fax enviado à União Zoófila em 14 de Julho de 2009


ASSUNTO: Apadrinhamento do Gatinho Girassol (Ref.2267)

Exmos Senhores,

Sigo à distância o vosso trabalho, que muito admiro (nota minha: ok, admito que o site me enganou). Tenho três gatos e um cão, em alegre partilha de um apartamento. São todos muito felizes e quero retribuir a alegria que me dão ajudando um vosso gatinho. Escolho um apadrinhamento por seis meses, pois tenho esperança de que o Girassol seja adoptado entretanto, mas estarei atenta e findo o prazo tenciono renovar o apadrinhamento, ao Girassol ou a outro dos vossos deliciosos gatinhos.
Em anexo junto a ficha e o comprovativo do pagamento dos primeiros seis meses.
Faço votos para que as vossas campanhas encontrem a sensibilização que merecem e vou desde já contribuir para a sua divulgação.

Felicitando-vos novamente pelo vosso trabalho e pelo esforço na dignificação da vida dos nossos amigos animais , com os melhores cumprimentos,


Duas semanas depois, e com dois emails enviados sem resposta, vi-me obrigada a enviar o email abaixo:


Exmos Senhores,
Julgo não ser necessário explicar a pobre impressão que o vosso silêncio me está a causar.
Não lamento de modo nenhum a contribuição enviada, mas interrogo-me de facto se a minha impressão sobre a vossa instituição não estaria sobreavaliada. Receio bem que sim.
Considero inaceitável a total indiferença com que tratam um donativo e espero que o tempo que não é empregue a responder a um email (o que é uma regra básica da cortesia) seja empregue a zelar pelo interesse dos animais. Infelizmente não o creio, pois a vossa inércia em nada ajuda a vontade que outras pessoas como eu possam ter em ajudar a vossa instituição.
Agradeço que me seja dada uma resposta imediata, e que seja actualizado o site onde o gatinho Girassol continua sem madrinha, o que não é verdade desde há duas semanas.


Se há coisa que me aborrece é que não me respondam quando interpelo legitimamente alguém. Só queria mesmo que me confirmassem a recepção e o tempo que demoraria o processo de apadrinhamento. Além do mais, é para mim inadmissível que uma organização que vive de donativos esnobe quem lhe estende a mão. Não pretendo uma estátua, como é óbvio, mas entendo que um 'obrigado' se impunha. Não para me sentir mecenas, mas para sentir que o meu gesto fez alguma diferença. Aparentemente, não.

Mas, como me estou francamente nas tintas para o staff da União Zoófila e a sua má criação, e estou mesmo é preocupada com os animais que lá estão, apresento-vos o Girassol, o meu afilhado, quer a UZ queira, quer não.


O Girassol foi deixado abandonado numa casa (em conjunto com mais 7 gatos)!
É um gatinho que foi muito mal tratado e por isso é muito tímido e medroso...

Na ficha não consta a sua idade, mas está bem de saúde, já esterilizado, e vive na UZ há onze meses.

Seria um tiro no escuro conseguir que alguém se interessasse por este simpático gatinho, assim como pelos inúmeros companheiros que aguardam dono no gatil da UZ, mas eu tenho esperança. Já conto com dois casos de sucesso entre os apelos divulgados aqui, o que é uma taxa de sucesso de 100%. Espero que esta média se mantenha, e que o caso do Girassol acabe como o da minha querida Matilde, que recolhi da rua, e do Faísca, que não sendo meu também encontrou uma dona supimpa através de um post aqui colocado. Por isso, why not?

A minha ideia inicial era desafiar quem pudesse a apadrinhar um bichinho da UZ, num post recheado de romantismo. Perdi a minha inocência, e a UZ perdeu uma boa oportunidade. É o que acontece a quem não tem cházinho.

Mas os gatos e cães que lá moram não têm culpa e continuam a precisar da ajuda de todos. Provavelmente, daqui a seis meses estarei a apadrinhar outro animal. É a intenção que conta. Faço o que posso...agora é entre mim e os animais. A UZ é só um meio de transporte. Um autocarro muito cheio, de janelas fechadas e com um motorista muito mal educado, mas o único que há, por ora, para chegar ao Girassol.

Obrigada a quem puder ajudar.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Desabafo

Acabei de almoçar no terraço do escritório. Foi um almoço triste. Primeiro, porque que não tinha ketchup para por na minha massa (e eu odeio massa sem nada, ficam a saber. Arroz branco, também só se houver molho. Senão, ketchup para cima. E não pode ser um qualquer, tem de ser Heinz). Foi triste para mim, mas pelos vistos foi ainda mais triste para a minha colega, coitada, que bem tentou puxar conversa, mas em vão. Esqueçam! Há dias em que não me apetece falar, é mesmo assim, não sei porquê e se não tenho justificação para mim, muito menos tenho de a fornecer aos outros. É deixarem-me estar, sossegada; eu agradeço.

Nunca percebi porque é que há pessoas a quem faz impressão estarem caladas um dia inteiro, ou que têm medo de estar sozinhas. Não entendo, mas respeito.
Querem papaguear o dia inteiro? Por quem sois!?... Falem para aí até se vos finar a laringe (só não o façam comigo, por favor).

Não conseguem encontrar conforto interior numa casa sem vivalma? Tenho pena. Mas tenho mesmo, só não é problema meu.

Não conseguem entreter a mente quando não têm ninguém por perto? Tenho ainda mais pena. Eu cá consigo. E (ó Drama! ó Horror!) aprecio esses pequenos momentos de retiro interior. Muito.


Só que agora todos os dias no escritório é isto:
- Ó Barbie*, mas está tudo bem?
- está.
- É alguma coisa do trabalho?
- não, não mais do que o costume...
- Mas é pessoal ? Tá tudo bem? Podemos fazer alguma coisa?
- ....nope.

Hello????

Qual a parte do primeiro 'está tudo bem?, está!!!.' sobre a qual era preciso elaborar?
Irra!


* eu não pedi nada, mas parece que esta alcunha pegou...n percebo porquê, que não sou loura (e muito menos anorética), mas sempre é melhor do que 'A Esfinge', que era um petit nom dos tempos de PGA, onde eu também nunca primei pela simpatia instantânea nem pelas amizades imediatas. Temos pena.


Banda Sonora: Let it rain - Amanda Marshall

terça-feira, 21 de julho de 2009

Todos temos um Vício na nossa vida

Vício (do latim "vitium", que significa "falha ou defeito") é uma tendência habitual para certo mal, sendo oposto à virtude.

As virtudes são sempre menos espectaculares do que os vícios, ou pelo menos fazem menos história do que estes. Por exemplo, se eu disser que sou uma virtuosa do ponto cruz, o interesse da coisa anda na vizinhança do zero. Já se eu disser que amiúde dou por mim a visualizar o Jon Bon Jovi -ou o Viggo Mortensen, que não sou esquisita-, a sair do meu chuveiro, a coisa torna-se mais gira.
Ambos (o 'acorda-mulher-és-tão-atrasada-mental' e o ponto cruz) são vícios, embora não sejam omnipresentes. E como eu tinha de arranjar o vício dos vícios e não me consegui decidir entre os gatinhos e os livros, tenho de declarar um empate técnico entre os dois, que resultou na bela composição abaixo.


É que não há mesmo nada que combine melhor do que um bom livro e um gato a ronronar no nosso colo (exceptuando talvez aquela história do Bon Jovi e eu no chuveiro, mas adiante, adiante, que isto é um blog sério... cof cof)

E com mais mais este pensamento pro fundo encerro a crónica de hoje, que como os mais atentos terão percebido pelo canto inferior da foto que tive de tirar a mim mesma só com uma mão e com grande espírito de missão, tem mais um Vício a sorrir para a objectiva. Parece que esse moço faz anos hoje (ah pois é!) e esta conversa toda era mesmo só para lhe desejar um dia muito feliz e dar a dica à malta de um Vício que é inócuo e à borla!

PARABÉNS VÍCIO!!!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Momentos Bee (petit nom só nosso, não é Beethoven?...)

O meu distinto hóspede já regressou a casa dos pais. E eu fiquei cheia de saudades deste gatinho tão especial. Não sei se dá para notar...

Sim, sou giro, e então?...


I'm the king of the world, mesmo em contraluz...



A evidenciar um extremo bom gosto musical... (tenho, tenho um poster dos Bon Jovi num roupeiro. E depois? há azar? ah bom!...)



E a minha favorita... com o meu querido Gato Gil ( e a minha xanatinha nova ainda no saco da Seaside...)


Na hipótese remota de alguém ter dado pela minha ausência durante a passada semana, agora já sabem o que andei a fazer. Todos os dias de máquina em punho, a correr atrás do gatinho, qual paparazzi enfurecido à procura de um exclusivo. A dar-lhe mimos. A fazer-lhe festinhas para adormecer. A salvá-lo das investidas dos monstros e das lambidelas da Sasha. A contemplá-lo, apenas.

Bébé lindo, gatinho especial, muito especial, a 'tia' tem-te num lugar muito restrito do seu coração.

Ai tou tão maricas, credo. Deve ser do xarope...

Banda Sonora: Thank you for loving me - Bon Jovi

(é favor desconsiderar a palhaçada de tradução patente no video, mas era o que tinha o som melhor...aliás, esqueçam o video de todo. É uma coisa medonha.)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Viver na ignorância às vezes é tão bom...Porque me dais o conhecimento Senhor? Dai-me ignorância, Dai-me...

Andava com vontade de comprar um desfibrilador há uns tempos, que com a carrada de nervos que apanho diariamente é mais que certo que qualquer dia caio apoplética, qual maçã bichosa (ó JRS, vê lá se fazes metáforas destas, pá! pffff, fraquinho...). Como os gatos não sabem RCP (é o CPR dos americanos, já se vê (Mjf, tu corrige-me se estiver a calinar)) e a Sasha baba-se que é um disparate - e eu não quero morrer apoplética e afogada em saliva (o que ainda assim seria preferível a ser reanimada pelo meu vizinho de baixo, notem bem) - , achei que devia ter umas pázinhas eléctricas à mão, só à cautela. Mas disseram-me: 'epá, n te metas nisso, isso é caro, e a voltagem e tal, e depois como é que afastas as pás e mai não sei quê, bebe antes uns Jameson e a coisa acalma' . E eu: 'pronto, ok 'tá bem, e tal, vou antes comprar mais um Pleasures que o meu está a acabar.

Depois um amigo enviou-me este vídeo...








...e deu-me a desculpa de que eu precisava. Alguém sabe onde é que eu posso comprar um desfibrilador para entrega urgente? Agradecida.


Já agora, parece haver falta de consenso entre o Priberam e a Porto Editora. Alguém me confirma a ortografia de desfibrilador, por obséquio? Sem 'h', certo? Mas diz-se fibrilhação, certo? Donde...Bom, não sei como se escreve esta %#&#&#(&#(

Chiu...não me acordem o bébé...


Não é absolutamente delicioso este Bosque da Noruega de cinco meses?
E é meu, todo meu,até domingo que vem. Depois tenho de o devolver aos 'pais' mas não sei se não fujo para parte incerta com esta coisa tão fofa.


Mais detalhes amanhã, que estou a morrer de tosse e com febre. Cá para mim, já fui...com os porcos! (
Eu ria-me, mas não posso que me dói o costado)!



Não, claro que os meus não estão contentes. Pois que temos pena, amuem para aí, quero lá saber! Antipáticos!




Banda Sonora: Nocturno 9 Op. 2 - Chopin

domingo, 5 de julho de 2009

O grande vazio...

Nota prévia:
Quem gostou do livro ' O CODEX 632', por favor não leia o post, sou tudo menos boazinha.
Quem não leu o livro, por favor tome em consideração que revelo partes da trama.
Posto isto, bombs away!


Tenho lido, com crescente irritação (e franca embirração a partir de certa altura) aquele que me foi 'vendido' como um incontornável da nova literatura portuguesa. Acabei hoje, louvado seja o Altíssimo. Depois disto, qualquer assinatura do diário de Maria é bem-vinda. PUAHHHHHHHHHHHH!!! é o meu comentário final.


Não me queria alongar muito mas, mesmo pondo aqui só os pontos fundamentais, receio que vá resultar num grande ensaio... Cá vai:

1) A linguagem 'popularucha'.
Expressões como ''avançar com os carcanhóis' ou 'deu com as trombas na América', podem fazer sorrir muitas pessoas, mas a mim irritam-me, especialmente se tivermos em conta que são proferidas por um professor de faculdade, e escritas por um jornalista, igualmente professor, que tinha obrigação de elevar um pouco mais a língua de Camões. Penso eu de que...
Mas tenho de tirar o chapéu porque o palavrão, sendo feio, vende, e o autor soube ir rebuscar um americano com origens brasileiras para nos poder, justificadamente, brindar com os providenciais 'motherfucker' e 'fucking isto' 'fucking aquilo' que, como todos sabemos, acrescentam imenso interesse à narrativa.


2) O 'encher chouriços'
Não se aguenta o adjectivar excessivo e a excessiva descrição de cada cena, o debitar de informação a propósito de tudo e coisa alguma, desde a trissomia 21 à linguagem das flores, das diversas variedades de chá verde à mitologia grega, o Tomás(AKA JRS) é o maior, o Tomás sabe de tudo. Eça, só houve um, meu caro senhor, e mesmo esse chegava a ser chato com o seu Ramalhete visto a microscópio digital.


3) A imprecisão científica
Não serei especialista, mas achei estranho que, numa passagem na quinta da Regaleira (Sintra), o nosso herói conseguisse, AO MESMO TEMPO, descortinar 'os pintassilgos que trilavam com exultação, envolvidos num intenso duelo de resposta ao arrulhar baixo dos beija-flores e ao gorjear melodioso dos rouxinóis'. Um rapaz de sorte, este Tomás... conseguiu a meio da tarde ouvir um rouxinol (que só canta ao anoitecer) e um beija-flor, que, tanto quanto eu saiba, nem sequer existe em Portugal.


4) o fazer do leitor estúpido
Foi o que mais me irritou. Mesmo. Não sou criptanalista, como o amigo Tomás, mas não precisei de mais de cinco segundos para chegar à conclusão que 'MOLOC' seria 'COLOM'. Ele precisou da página 80 à página 112...mas façamos justiça ao homem, ele assume que é bronco: 'andei eu para aqui a matar a cabeça como um tolinho quando, afinal, na primeira linha bastava ler tudo da direita para a esquerda'. pois... DUHHHHHHHHH, Tomás!!!!


5) o fazer do leitor mais estúpido ainda
Na pág. 233 surge mais uma charada complicadíssima: 'Qual o eco de foucault pendente a 545?'. Ora admito que nem toda a gente conhece o Umberto Eco, mas há pessoas que por acaso até sabem que ele escreveu 'O pêndulo de Foucault' e, logo, se sentem INSULTADAS quando um pretenso professor universitário, historiador e criptanalista, leva quase 100 páginas a ler livros de um outro Foulcault que nada tem a ver com o caso, para, OH CÉUS!!, ter uma inspiração súbita e ir, por fim, ao livro certo consultar a pág. 545. Que é inconclusiva (e no caso do meu livro, até inexistente, mas vou admitir que a cópia do Tomás tenha sido escrita a caracteres maiores e tenha de facto pág. 545...) e que mergulha o herói numa dolorosa inquietude até ter mais um rasgo de génio e chegar finalmente à conclusão que o estúpido livro está dividido em capítulos, e depois em subcapítulos. Hello??? 545= cap. 5, subcapitulo 45. Não leu a bíblia, o menino Tomás??? Tipo Livro de Job 3:27? Por amor de Deus!!!

E, para que não estejam a pensar que me estou a armar 'ah obrigadinha, já conheces o livro' pois que não. Foi a primeira vez que o abri. Nem conhecia a estrutura, tão pouco. Mas cheguei lá. Deve ser porque não sou historiadora nem criptanalista...
Mas convenhamos que é chato o leitor estar a fazer compasso de espera até que o autor se decida avançar porque já toda a gente sabia que o Colombo era um judeu português antes de o Tomás sequer saber em que livro é que isso está escrito. Apre, Zé, não se aguenta!

E muitas mais cousas me irritaram, desde a historieta familiar de suporte à trama, com a trissomia da miúda, que depois ainda morre no fim, a puxar ao sentimento, os dilemas morais de trair a mulher (uma página de dilema, apenas, curiosamente...) com a sueca pulposa, providencialmente caída na sala de aulas dele (euh... hello,amigo Tomás, a tua estupidez é natural ou foi uma arte que aperfeiçoaste? Pois não era de ver que a loura bombástica tinha algo a ver com os americanos, homem de Deus?? Achas que há suecas ninfomaníacas com peito 44 a querer estudar escrita suméria em Lisboa? )


Salvam-se deste desastre os factos históricos (curioso como a linguagem é muito mais técnica e formal, apesar de ser sempre o Tomás, o bronco, a relatar...hum...bizarra a incongruência, não?).
É um facto que recordei factos e aprendi uns novos (presumindo que são verdadeiros, mas quem é que me prova isso?) mas, a verdade é que ficamos todos mais ou menos na mesma. É um facto que Colombo é um mistério, mas não era preciso D. José Rodrigues dos Santos, o Salvador, andar com tanto floreado para vir repor a 'verdade' dos factos e deixar no ar que o homem era alentejano. Já outros antes dele o fizeram. Temos é de dar-lhe o mérito de ter acrescentado que há uma conspiração de americanos com ascendência genovesa para encobrir tudo.
Claro que sim!



Banda Sonora: America - Simon & Garfunkel