quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A minha sina com os gatos é uma neverending story de bizarria e contrariedades

Dois gatos saudáveis vão à vacina. Com duas semanas de intervalo. Passados dez dias, o primeiro gato adoece. Perda de peso súbita, febre e desidratação. Gato número dois em excelente forma. Passados quinze dias após a sua vacina, gato número dois adoece. Mesmos sintomas de gato número um, que entretanto está a antibiótico há três semanas, sem ter sido diagnosticado porque os noventa e sete euros que gastei em análises foram, adivinhem lá? inconclusivos.



Pergunta que me ocorreu assim de repente: serei só eu a achar que o wally está na vacina?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quando morrer vou direitinha para o céu


Fazemos pelos nossos muitas coisas que não faríamos por terceiros, ainda que se pusessem de joelhos e nos prometessem o nosso peso em frascos de Nutella. Não têm conta as coisas que se fazem contra vontade, só por amor a outrém. No topo da lista, e muito justificadamente, vêm as nossas mães. Assim de repente, a coisa mais aberrante que fiz por D. Micas foi gramar com um concerto do Júlio Iglesias porque tive a brilhante ideia de lhe oferecer dois bilhetes. Noblesse oblige, lá fui eu, agradecendo aos santinhos o facto de D. Micas não padecer de pimbalheirite aguda que poderia resultar, um dia, em ter de a levar ao Atlântico ver o Tony Carreira ou coisa pior. 

Pelos irmãos também fazemos muitas coisas surreais como voluntariarmo-nos para esperar por eles quando estão no turno da noite e não têm transporte para casa. Durante vários meses, saía de casa às 7h e voltava para casa já depois da meia noite. 
Pelos maridos também fazemos vários sacrifícios como engomar camisas (sim, somos forretas e não acreditamos no cinq-a-sec e afins) e abstermo-nos de dizer mal do Benfica, e só Deus é que sabe o que me custa não vilipendiar esse e outros clubes por quem nutro especial antipatia.
Faço muitas coisas bizarras porque gosto das pessoas e quero que sejam felizes. Para não magoar um amigo, fanático pelos Genesis, ouvi-lhes a discografia completa, desde o início dos tempos, aqueles tempos em que uma música durava um lado todo do LP (sim sim, o saudoso Supper’s Ready,  Deus o guarde no baú e que eu nunca mais o veja à frente). E eu nem sequer apreciava os Genesis. Agora, claro, não os suporto. Por outra amiga, mas por motivos menos nobres – o já não poder ouvi-la - li a quadrilogia dos vampiros da Stephenie Meyr, que, como seria de esperar, detestei. A  amiga, até hoje, não me perdoou. Diz que sou demasiado racional na análise da coisa. Que é uma história de amor, bla bla bla. Hum Hum. São vampiros e são lobisomens. Nenhum existe. I rest my case. Mas não a consigo convencer. Pior, ela fez de missão de vida o ter de ajudar-me a redimir-me de outra enorme pecha na minha cultura literária. E por isso, porque é uma querida, e porque sem ela não consigo encontrar o caminho da luz, tem lá isto para me trazer amanhã:
Sim. Os três. Yuppi...
Sei que muitos dos leitores que ainda me vão visitando já se estão a benzer, em choque absoluto. A esses leitores quero dizer o seguinte: eu já não posso ouvir aquela alma, de manhã à noite, a falar-me no Christian Grey e na tontinha Anastacia. Eu já odeio os personagens e ainda nem li os estúpidos livros. Mas tenho um grande problema: gosto mesmo muito desta alma doida que me atormenta o espírito com as historietas de americanas frustradas que se vestem de cabedal (errata: parece que não mete cabedal, afinal) e andam por aí a pedir para serem chicoteadas. E como gosto muito desta alminha, e ainda mais da minha paz de espírito, vou (tentar) ler esta treta de uma vez para ver se volto a ter sossego na minha vida. 
Quem disse que os espíritos fortes não se vencem pelo cansaço não conhece a MJ! 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um dia de chuva

O nosso grande Fernando Pessoa, disfarçado de Alberto Caeiro, escreveu:

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é. 
(in Poemas Inconjuntos)

Sobre isto, duas considerações: 

Claramente Alberto Caeiro não andava de transportes colectivos em Lisboa em 'belos' dias de chuva. E seguramente não tinha cabelo com tendência a frisar. Só pessoas que não reunem cumulativamente estes dois predicados podem escrever absurdidades destas!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Das minhas fraquezas e terrores #1

M-E-D-O.
O mais puro e primário MEDO.

É o que me assalta quando vejo uma máquina de costura. Nem chego perto. Sim, sei que é uma lacuna grave na educação de uma fada do lar, mas tenho medo, pronto. Aquilo anda sozinho, enrola e desenrola carretos sem que ninguém peça, anda para a frente quando se quer andar para trás. E o pedal, meu Deus,  o pedal, quem é que controla aquele device infernal?

Mais depressa pego num berbequim (e, por Deus! se aquilo me mete medo, também) do que me chego ao pé de uma máquina de costura. Safa! Vade retro, engenho de Satã!  

(e, sim,  tenho inveja das pessoas que fazem coisas giríssimas com a máquina do demo e depois vão para o comboio mostrar a toda a gente como são prendadas. As reais cabras!!) 

sábado, 24 de novembro de 2012

Está tudo explicado

E quando eu pensava que não havia explicação para o meu número de calças ter subitamente decidido andar a par com a minha idade (Why God, why????) e andava aqui a matar-me com saladas e sopinhas, eis que descubro que não vale a pena estar a sofrer porque, segundo um estudo que descobri na net

TRABALHAR COM O CÉREBRO FAZ ENGORDAR
O trabalho intelectual, em detrimento do uso dos músculos, poderá contribuir para a epidemia de obesidade que atinge o mundo civilizado, que não será apenas provocada pela falta de exercício físisco, afirmou um investigador Canadiano, professor de Quinesiologia na Universidade de Laval, no Quebec.
Segundo o investigador, o cérebro de uma pessoa que está a fazer um trabalho intelectual ou a trabalhar com um computador utiliza a glucose como fonte de energia. Mas, acrescenta, uma vez que a actividade intelectual queima pouca energia, provoca uma necessidade de glucose que faz com que a pessoa absorva depois mais alimento do que o organismo necessita.

in "semana médica" Outubro 2005 


Pronto, e é isto a minha vida. Anda uma pessoa a matar-se a estudar para ter um trabalho qualificado (tem dias) e depois é isto. Penso, logo engordo. Está bonito, está. 

(Depois de saber desta aviei-me de dois pratalhões de massa ao jantar. E em calhando vou ali comer um geladito antes de me ir deitar. É que estive a fazer um ensaio sobre literatura e sinto a glucose em baixo...assim como assim, quando for vou balofa, mas vou de barriga cheia)

Ah, mas agora que penso nisso: tenho uma colega que também passa o dia  a trabalhar no computador e é mais magra do que eu. Não tão gira, é certo, mas mais magra. Ceteris paribus, só posso concluir que se ela não engorda... é porque não pensa! Pronto, tal como disse, está tudo explicado. (sim, sou uma cabra ordinária, e depois?)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tão giro que tu eras #1 ( o cardinal é só para enfeitar, não sei haverá mais edições. Afinal sou uma mulher ocupada e sem tempo para patetices)


Sou uma pessoa (por vezes) distraída. Não é por isso de espantar que só há duas semanas tenha descoberto que o  Jared Leto é o vocalista dos ‘thirty seconds to mars’. Antes que comecem a vaiar a menina, permiti-me recordar que alguns de nós têm uma vida e não a passam seguramente a ver a MTV ou grudados no Youtubi. Ouvimos a tufonia, e já é uma sorte! Por isso, alguns de nós lembravam-se do Jared Leto como Hephaestion, o amante amigo dedicado (e podre de giro. Eu cá acho e quero ver os caixotes do lixo de quem não comungar desta minha opinião) de Colin Farrel em Alexandre, O delicado Grande, filme que apreciei apenas porque gosto de ver a pernoca dos moços toda de fora, embora tenha ficado muito decepcionada com a caracterização capilar escolhida para o Colin Farrel. Colin, sabes que te aprecio q.b., e por isso te digo com todo o carinho: parecias um parolo com esse cabelo cor de palha. Eu sei que o Brad Pitt também estava louro como Aquiles, em Tróia, (e que Holywood é um mundo cão que permite duas estreias de superproduções de clássicos gregos em menos de seis meses), mas há um factor incontornável a considerar: tu não és o Brad Pitt. A ele fica-lhe (muito) bem. A ti, nem por isso. Evita, portanto, que a gerência (que até acha uma certa piada ao teu ar de irlandês suburbano arruaceiro) agradece. Dito isto, e marcada esta pungente e muito oportuna posição, volto ao Jared Leto. Este moço...


...afinal também canta. Diz que já há algum tempo. Desde 2002. Bom saber que só estou com dez anos de atraso.

Mesmo chocada com a minha incultura– sim, que a menina não gosta nada de não saber tudinho destas coisas muito importantes do showbiz -, fui investigar. Mais valia ter ficado quieta. O rapaz canta, e não desencanta de todo, até gosto muito da colagem que fez ao 'where the streets have no name' dos U2. Claro que isto era o que eu achava antes de ver o video de um cover da Lady Gaga (que a minha religião não me permite reproduzir de tão mau que é)... e esta foto.



Jared, amori... pela tua rica saúde! O que é que te passou pela cabeça (que não o cortador de relva, que até aí consegui perceber)???? Só me envergonhas, homem...

Mas agora já percebo melhor como arranjaste tão facilmente o papel de rabeta, perdão, guerreiro macedónio...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

So close


Visto que o manto frisado que me cobre a cabeça tem vida própria e nem sempre colabora, esta manhã atrasei-me e saí de casa à pressa, sem tempo de ir à pilha dos ‘livros a modos que levezinhos para ler no comboio’. Como estou de greve às imposições académicas até logo à noite, também não fui à pilha dos ‘livros não tão levezinhos que me aborrecem de morte mas me obrigam a ler para poder fazer os testes’. Resulta portanto que só tinha o providencial Destak para me entreter no comboio. O Destak é porreiro porque é de borla e, embora esteja um pouco aborrecida por terem suprimido a rubrica do horoscopo, o que me complica a vida porque fico sem saber o que me vai acontecer durante o dia, sempre é melhor ter meia dúzia de páginas para ler do que página nenhuma. Sim, mesmo que um jornalista ache que ‘edílico’ é uma coisa bonita de se escrever. Adiante.

Como ainda ninguém me ofereceu um IPAD (!), ao fim de três estações já o Destak estava lido e relido e eu prostrada na janela, profundamente entediada. Logo por azar estava tudo muito calmo, nenhuma conversa a que prestar atenção, nenhum toque de telemóvel ridículo sobre o qual cuspir veneno...nada. Só quando eu estou a tentar ler é que me entopem os ouvidos com parvoíces, mas claro, quando não tenho nada para fazer também não colaboram para minorar o meu tédio. Falsos!
Estava eu nestas considerações quando, de repente... VEJO-O! Olho de novo. O cabelo impecável. O ar aprumado. Não há dúvida: é mesmo ele na plataforma. Vai entrar na minha carruagem! Agito-me. Sinto a centelha da vida irromper-me pelas veias desencantadas. Aguardo que suba a escada e venha até ao primeiro piso (nós, os seres superiores,  não viajamos no piso inferior). Sobem duas simpáticas velhinhas e uma adolescente desgrenhada (não vou desencantar-te já, amiga, mas só para que saibas, isso do cabelo ter personalidade piora com a idade). Mas dele, nem sinal. NÃOOOOOOO! Ficou lá em baixo, com as massas (blargh). Um contratempo. Mas nem tudo está perdido; o maquinista, Deus o guarde, está do meu lado e as estações desfilam agora a velocidade estonteante. Concentro-me. Sei que ELE sai na mesma paragem do que eu, mas com tanta gente  não é garantido que o consiga apanhar sem danos colaterais. O comboio pára. Finalmente. Precipito-me pela escada, sem ceder passagem a ninguém. Estou focada. Quase lhe sinto o cheiro. Deus colabora; saímos ao mesmo tempo da carruagem. Roço no seu casaco. É um bom casaco. Um casaco caro. Decerto comprado com o dinheiro que recebeu do Benfica em 2009 para inventar aquele miserável pénalti que roubou a Taça de Portugal ao Sporting. Preparo o golpe, que se quer cirúrgico, e a parecer acidental. A mala da marmita, pesada de pescada em cama de legumes e arroz branco com tomilho,  retesa-se sob a força controlada do meu mortal braço direito. Calma, miúda. Nervos de aço. Tu consegues! No último segundo, um inocente atravessa-se entre nós. 'Sai, idiota, sai!!!'. Ele não sai. A ocasião perde-se. MALDIÇÃAOOOOO!!!

Atrás de mim, o marido diverte-se com o meu ar contrariado. Diz-me: ‘então, não o mandaste escada abaixo?’. Rosno, entre dentes: ‘não consegui’. Ele abana a cabeça, com um meio sorriso. Já sabe que sou insana. Também sabe que este leão nunca esquece...

We shall meet again, Lucílio Batista.   
MUAHAHAHAHHAHHAAHAHAHHAHAHAHAHAHAH...


Nota final da autora: esclarecem-se os passageiros da fertagus que viajaram esta manhã para Lisboa, incluindo o Exmo. Sr. Lucílio Batista, que em momento algum esteve a sua segurança comprometida. Os acontecimentos relatados são verídicos mas foram dramatizados por força da extraordinária capacidade criativa da autora que, pese embora aturadas reflexões sobre o assunto, ainda não conseguiu perceber por que não enveredou por uma carreira no disparate ficcional. 
Mais, esclarece-se que as conclusões sobre a qualidade do casaco do senhor Lucílio Batista são verdadeiras, mas que se ignora com certeza a proveniência dos fundos usados para o adquirir e que a autora apenas sugere uma explicação.
Esclarece-se ainda que não tem a autora qualquer preconceito quanto aos passageiros que escolhem viajar no piso inferior, pese embora considere que sejam feridos de julgamento deficitário porque os lugares em cima são muito mais cool!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ai que prazer...

...não cumprir um dever. Dei uma de Fernando Pessoa: as Literaturas Europeias foram para as couves. Já eu vou ali à cozinha buscar o belo do Earl Grey para depois me espojar ostensivamente no sofá e ver dois episódios de 'The killing'. Mai nada!


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Das escolhas que fazemos na vida e de como se aplica a máxima 'mais valia que estivesses quieta'


São múltiplas as desvantagens com que uma pessoa se debate quando pretende cultivar-se  intelectualmente e não tem vida para essas mariquices.  Para além do investimento financeiro - que tem retorno previsível na vizinhança do zero, a não ser que consiga insinuar-me junto de um vereador da cultura da CML de Sesimbra, ou vá, do Seixal (de Setúbal é que não, que tenho rrreceio de não entenderrrr a a prrrronúncia )-  o que mais me custa é o tempo que gasto nesta dedicação à nobre arte da elevação intelectual.  Parte importante  do qual é passado a lastimar o tempo que não gasto na dedicação a outras nobres artes de elevação espiritual. Não pinto há três anos. Nunca mais desenhei. Também escrevo pouco, se é que contam como escrita os debitanços tontos que vou colocando aqui. Tenho álbuns de férias desde 2010 para recuperar, mais o álbum de casamento director’s cut para terminar. O meu ponto cruz está mais mumificado do que a Nefertiti que pretendia bordar. O pseudojardim põe a Amazónia a um canto, só ainda não apanhei por lá crocodilos, mas é dar tempo às lagartixas. Pensei nisto ontem, enquanto tentava debitar duas páginas sobre as novidades arquitectónicas da segunda fase  da construção do Mosteiro da Batalha -  que me interessa tanto como o ciclo reprodutivo da formiga africana - e via o sol a brilhar lá fora.  Confesso-me um bocado cansada desta coisa da elevação intelectual. Preciso mesmo de outra licenciatura? Ou de ouvir a minha rica mãezinha, que tem sempre razão, perguntar ‘ó filha, mas isso vai servir-te para quê?’ e ter de responder baixinho (sentindo-me assim mesmo mesmo estúpida) ‘bem, na verdade, muito provavelmente para nadinha desta vida’. Pois é...

E logo à noite, em vez de ver ‘The killing’ vou ter de debitar sobre frisos e nervuras, arquivoltas e rendilhados manuelinos. Sweet...

Moralidade: Para a próxima, quando te derem as febres da inquietação e da elevação intelectual, pega num livro de receitas e aprende a fazer molotoff! 



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dos excessos


Li esta manhã que o indivíduo responsável pelo atirar do very light (alguém me explica esta nomenclatura ridícula?) que acabou por matar Rui Mendes, adepto do Sporting,  na final da taça de Portugal em 1996, voltou a ser condenado a 18 meses de prisão. Porquê? Por ter arremessado uma cadeira contra um agente da autoridade.  Onde? No estádio da Luz, durante o jogo com o Spartak da semana passada. Como? ??Estava em liberdade precária. Ahhhhhhhhhhh....

A conclusão imediata que se tira é que a pedagogia é uma coisa que não se aplica em Portugal. Parece que o episódio da Taça de 1996 não lhe tirou a vontade de ir à Luz fazer asneiras. Um modelo de redenção, este senhor, a exibir o comportamento  típico da pessoa que está arrependida e vive mortificada com um infeliz acidente que roubou a vida a um seu semelhante e marcou, da pior forma, aquilo que se pretendia ser um dia de festa. Incompreensivelmente para mim, na altura, e hoje ainda, a ‘festa’ continuou, e  a Taça acabou mesmo por ser entregue ao Benfica. Tivesse sido ao contrário e a minha indignação seria a mesma. Mas isso agora é só um reparo.

A mim o que me preocupa mesmo é que estes fulanos continuem a frequentar estádios. Este, os das claques, que nem vêem o que se desenrola em campo ocupados que estão a destratar membros da claque adversária, os frustrados com a vida que vão encher-se de alcool e dizer palavrões, e mais um sem número de imbecis que não sabem comportar-se numa manifestação desportiva. Dir-me-ão que o futebol é um desporto das massas, que é o povo e mais não sei quê, e que se quiser finesses que vá ver um torneio de ténis ou de golfe. Pois sim. Só tenho um problema com isso: o Estoril não me dá jeito nenhum e, a bem dizer, detesto golfe. Eu gosto é da bola. Para mim é um jogo de paixão, sim, o que não equivale a selvajaria. No último Sporting-Benfica a que assisti em Alvalade, para a Taça também (vitória por 5-2, a perder por dois ao intervalo. Bons tempos esses de um Sporting eficaz) pude ver em primeira mão a falta de civismo de pessoas, aparentemente normais, que depois vão para ali transfigurar-se em potenciais serial killers. Também por essa razão (e não tem a ver com os resultados do meu Sporting, arranjai outra piada fácil, vá) há muito que não vou a um estádio. Continuo a ver a bola em casa e a ouvir relatos na rádio( que nós não gostamos de ser roubados e não temos as Sport TV). Continuo a gritar como uma maluca quando há golos (embora este ano não se note nada...) e ainda corro para o telefone para ligar à minha irmã ou envio-lhe um sms. Ligo à minha mãe “viste, mãe, tu viste bem aquela jogada?”. Ou inversamente, que D. Micas também vibra, do alto dos seus 79 anos. Troco prognósticos e  piadas com o meu tio, benfiquista ferrenho. Tenho amigos e família portistas. Não abdico de debater a jornada com os meus colegas, homens e mulheres, benfiquistas e sportinguistas.  Se há picardias clubísticas e bocas? Claro que sim. E ainda bem, rimo-nos imenso à conta delas. É isso que diverte e é isso que educa. Uma pessoa tem de aprender a rir de si mesma, ser tolerante. Não é uma arte fácil. É evidente que fico frustrada quando o Sporting perde. E que fico eufórica quando ganha. Mas são ali uns cinco minutos e depois passa. Num e noutro caso. Não faço de nenhum um cavalo de Tróia. Em boa verdade, tenho mais o que fazer! E é isso que a malta doente não percebe; que a bola não é um fim em si mesmo e não é para ser levada demasiado a sério. Que a vida é demasiado curta para perder tempo com clubites e ilações parvas. Em suma, que há vida para além da bola, para a grande maioria das pessoas. Para o Rui Mendes, lamentavelmente,  é que já não...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Da greve

Gostaria de formalizar um sentido pedido de apologias aos senhores da Vimeca a quem, num acesso de tontice injustificada, apelidei ontem de 'anormais'. Não foi bonito da minha parte, até porque os senhores foram uns queridos e atenderam a minha chamada telefónica às seis e meia da manhã e confirmaram que iam fazer as carreiras que me interessavam e tudo. Palmas, portanto, para a Vimeca. Claro que eu não sou ninguém para felicitar a iniciativa privada, mas se o Passos pode, eu também posso;  que eu, pelo menos, não roubo nada a ninguém e ainda tenho alguma moral para falar de trabalho honesto. 

Não foi, portanto, por causa da Vimeca que eu não pude vir trabalhar ontem. A Fertagus e Metro, a quem eu, conjuntamente, pago mais de cem euros por mês, é que me falharam. A Fertagus diz que por causa da Refer, o jornal diz que por causa de uma catenária, é escolher a versão. Seja como for, logo, quando for renovar o passe vou dizer à senhora para me fazer o acerto. Vou fazer-lhe perder o mesmo tempo que eu perdi ontem ao ir em vão para a estação. Coitada da senhora, não tem culpa, mas lá está, eu também não! Da Metro já nem vale a pena falar, porque aquilo lá é tudo enxertado em corno de cabra. Isto com todo o respeito que tenho pelos trabalhadores, apesar de ainda não ter apanhado nenhum particularmente simpático ou que tenha resolvido à primeira uma questão que eu tenha colocado. Culpa minha, seguramente, que não tenho nada de fazer perguntas difíceis. Admito que isto de trabalhar o dia todo debaixo do chão há-de queimar alguns neurónios; é mais  do que normal que não consigam perceber, mesmo que se lhes explique com muita força, que parar a circulação não prejudica a empresa, que já vendeu os passes e se está profundamente nas tintas para o utente. Deve ser das vibrações, aquilo deve complicar com o ouvido interno e a malta acha que estas greves vão chatear muito o patrão. Não chateiam, amigos. O patrão adora, o patrão bate palmas de cada vez que recebe um pré-aviso. Sabeis porquê? Porque o que poupa em energia e dia que vos descontam mais do que compensa a meia dúzia de bilhetes avulsos que possam deixar de embolsar. As vossas estúpidas greves só chateiam quem paga (realmente) para beneficiar do serviços que os meus amigos prestam (sofrivelmente). Chateiam quem tem de andar ao sabor da boçalidade grevista dos meus amigos. E embora a greve seja uma prerrogativa prevista na Constituição, também deve estar previsto na Constituição o direito a ir trabalhar em paz e sossego e ter a garantia que o passe de 30 dias serve para a totalidade dos trinta dias. Até porque acabam por ser os utentes que cabam por pagar os salãrios de quem fica em casa a gozar o dia protestar.  Desculpar-me-ão a franqueza. Nestas coisas das liberdades, o risco é sempre onde se começa a entropiar a vida do inocente. Eu também me sinto frustrada. Também estou com este governo pelos cabelos. Mas não me vêem a mim lixar a vida do próximo gratuitamente, pois não? Ó meus amigos, com todo o carinho vos digo: sois burros! Aprendei a fazer as coisas! Quereis fazer mossa no patrão? fazei greve às bilheteiras. Abride as cancelas e deixai passar o povo sem pagar. Aí, já dói ao patrão, que tem os custos todos da operação e ainda redução efectiva de receita.  Como diz? que depois os maquinistas não podem ficar em casa? POIS NÃO! Mas se há uma causa maior...Ou não há?...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

What to, what to do?

Estou aqui num dilema corneliano: venho trabalhar amanhã ou deixo-me ficar em casa a passar as duas máquinas de roupa que não me apeteceu passar no domingo? 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A lata destes gajos não cessa de me espantar


Partilho aqui um email fofucho que recebi hoje dos meninos do Gaspar. Diz que querem que se peça sempre factura, que senão não se consegue controlar nada, e que é uma maçada para eles, porque depois têm de conseguir receita aumentando os nossos impostos, que é uma coisa que lhes custa imenso, tadinhos, que são tão nossos amigos e só querem o nosso bem. Se não acreditam  vejam o que eles dizem:

"Se todos exigirmos fatura em todas as aquisições que efetuamos conseguiremos:

• Aumentar a riqueza conhecida que Portugal produz (PIB);
• Aumentar as receitas fiscais, sem pagarmos mais impostos;
• Aumentar a equidade e justiça entre todos os contribuintes portugueses;
 Diminuir o défice orçamental e criar condições para uma redução futura da carga fiscal;"


Por outro lado, 

"Quando não exigimos fatura contribuímos para:

 Aumentar a evasão fiscal e enriquecer ilicitamente aqueles que não pagam impostos;
• Diminuir a receita fiscal, que é uma riqueza de todos os portugueses;
 • Prejudicar com mais impostos os contribuintes cumpridores.

Quando é emitida fatura, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) garante o controlo e a cobrança do IVA correspondente. Se a fatura não for emitida esse controlo é impossível."


Pese embora fique extremamente grata por ter estas verdades de Lapalisse na minha caixa postal (ó meu Deus, que seria de mim sem tão iluminado contributo da AT?), tenho umas considerações a tecer. Umas coisas que o amigo Gaspar ainda não percebeu:

a) Eu não sou funcionária do Estado. Não tenho de lhes fiscalizar a economia. Não tenho de me encher de papéis inúteis e ser insultada por pedir factura por uma bica, só porque o Estado é inepto. Peguem nas perninhas e fiscalizem, amigos. Fiscalizem. Mexam-se. Ah, e já agora, taxem as lojas dos chineses e hipers. Portugal também agradecia!

b) Graças a Deus também não sou uma cabra invejosa. Por isso, a do 'estar a beneficiar quem não paga', também não cola. Quero lá saber da vida dos outros. Eu pago o mesmo, peça factura ou não.  Se alguém se safa, olha, tanto melhor! Se me dissessem 'se pedir sempre factura, no fim do ano tem um rappel de 10% convertível em bolas de berlim' ou qualquer coisa do género, a malta ainda considerava. Agora trabalhar à borla? Para o Coelho e para o Gaspar? PQP, pardon my french. 

c) Como eu, muitas pessoas verão nesta assumpção de incompetência uma oportunidade dourada para fazer negócio. Se eu encontrar quem me faça um desconto amigo na peixaria se eu não pedir factura, o que é que acham que eu vou fazer? Hum?...Ah pois...temos peninha, pois temos, somos contra, por princípio, ah pois somos, mas também estamos cansados de ser os honestos parvinhos. Até porque o peixe anda pela hora da morte!

Ah, mas bom, estou a ser injusta...afinal há uma cenoura de que o Coelho e Cia abdicam:

'Em breve receberá mais informação acerca dos benefícios fiscais (até 250 euros) que serão proporcionados a quem exige fatura'

UAU. Amigos, pegai nos 250€, fazei um rolinho e escondei-o onde o sol não brilha, sim?
Daqui não levam nada.
Obrigada.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Curta

Nestes tempos de crise, convém poupar no máximo que podemos. Estou por isso muito satisfeita de ver que o meu último post continua tão actual esta semana como na semana passada... A este ritmo não escrevo mais nada este ano...