terça-feira, 29 de outubro de 2013

Mais valia continuares de baixa de parto e caladita

Passou-se de todo!

Amiga Assunção, 
Eu não lhe digo a si quantos filhos deve ter à custa dos meus impostos, pois não? Então caladinha, que em casa de cada um manda cada qual. Se estiverem bem tratados e se não incomodarem os vizinhos, qual é o problema? Era o que mais me faltava. Esta gente é parva. E fazem o quê aos animais 'em excesso'? Vão para o canil, para a injecção? Ide todos mas é... olhem, é para aí mesmo!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Estou a ficar velha

Tempos houve em que ficaria absolutamente ursa por ver o meu Sporting perder no Dragon por três batatinhas e em que voariam objectos pela sala e os gatos também, se não me fugissem da frente a tempo. E mesmo Sasha Margarida só se safava graças à silhueta anafada, que a raiva dá força, mas não tanta que chegue para 40 kgs de cão. Eram tempos em que as emoções eram vividas em pleno, tempos de que por vezes tenho saudades embora em nada dignificassem o meu porte de senhora. Nunca esquecerei a noite em que Miguel Garcia nos colocou na Final da Taça Uefa, nem o choro compulsivo, partilhado com a minha mana em casa da senhora nossa mãe que nesse dia teve a certeza que nem uma nem outra jogavam com o baralho todo. Coisa mai linda, duas mulheres com idade para ter juizo, de joelhos no chão, agarradas uma à outra a chorar baba e ranho. Cenas tristes, pois com certeza, mas há lá coisa igual à partilha de uma alegria comum?!

Belos tempos esses, em que eu ainda vibrava com a bola. Percebi ontem, com alguma tristeza, que a minha chama sportinguista, outrora comparável a uma chama olímpica, anda agora na vizinhança da chama piloto de esquentador inteligente. Não se apaga, está sempre ali, mas assim a modos que também não se dá quase por ela. Percebi isso ontem enquanto ouvia o relato no telemóvel. O jogo já tinha começado, e já perdíamos por 1-0 e eu estava a tentar ouvir o Professor Martelo ao mesmo tempo e distraí-me por momentos. Voltei a prestar atenção quando ouvi o locutor anunciar  'Golo.........William Carvalho... É Golo...Goolooooooooooooooooo... E fiquei à espera, para ver de quem era. Fazia lá eu ideia de quem era o William Carvalho, valha-me Deus! Ora já isto não pode ser bom. Quando uma pessoa não conhece os seus próprios jogadores, a coisa está muito mal... mas quando por acaso o golo é nosso e a nossa reacção é levantar o braço, dizer 'Golo!' no mesmo tom de voz com que se pede ao marido que passe o jarro da água e continuar a ouvir o Professor como se nada fosse, a coisa morreu mesmo. Nem um salto, nem um festejo, nem um 'Toma lá Helton, vai buscar! embrulha, ó urso' e outros mimos não reprodutíveis aqui. Nada. (Dir-me-ão, também não valia a pena que três minutos depois foi o Patrício que lá foi buscar, mas pronto, for the sake of argument).

Maneiras que estou um bocado triste comigo mesma. Estou a perder qualidades. No sentido de que o meu SCP já não está no meu top ten de prioridades. Assim de repente consigo pensar em duas dúzias de coisas que me importam mais do que a classificação no campeonato. Ah...o inexorável caminhar do tempo. 


Estou ficar velha. À cautela já comprei um sérum...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Das maldades boas que se fazem a mães octogenárias

Atraí a vítima com a promessa de um cházinho tranquilo em minha casa. Coisa corriqueira e que acontece amíude, já que a senhora minha mãe nunca diz que não a uma chávena de Earl Grey. Fui buscá-la de carro, como faria em qualquer outra ocasião. Se D. Micas fosse uma pessoa mais observadora talvez tivesse reparado no nervoso miudinho com que a apressei a entrar no carro, no facto bizarro de estar com o telemóvel ao colo, logo eu que NUNCA atendo chamadas ao volante, ou ainda na minha exasperação quando, já em domínio safiresco, em vez de se dirigir à porta para entrar me ficou pelo caminho a admirar a pseudohorta do quintal, com as couves espigadas e o limoeiro que nunca deu limões, e ainda voltou atrás para se já dava para apanhar alguma clementina. Completamente alheia ao facto de que lá dentro, escondidas na sala, 25 pessoas aguardavam a sua entrada para romperem em apoteótica celebração.

Entrámos. Do fundo da sala, do equipamento de Karaoke especialmente trazido para a ocasião, soltam-se as primeiras notas do Parabéns a Você. D. Micas olha em volta, sem querer acreditar. Batem-se palmas, grita-se SURPRESA!!!!!. Uma mole humana empurra-se para abraçar a aniversariante: sobrinhos que vieram de Trás os Montes, outros de Mindelo, família local e amigos. Há muitos sorrisos, mas também vejo olhinhos marejados de lágrimas, por entre as minhas próprias lágrimas. Mas são lágrimas boas. A alegria no rosto da minha mãe é uma coisa que não vou esquecer tão cedo. Nem as suas palavras comovidas quando a multidão em delírio exigiu um discurso. A modéstia impede-me de me alongar, mas as palavras 'filhas maravilhosas' foram mencionadas. E se há pessoa que mereça uma homenagem especial, essa pessoa é mesmo a minha mãe, a quem devo tudo quanto tenho*, e tudo quanto sou. E a quem tenho de agradecer por tudo quanto não sou, ou tento ferozmente não ser, tendo sempre o seu exemplo de rectidão e fortes princípios por baliza. 

Espero que conte muitos mais anos connosco para poder ainda retribuir-lhe muito do muito que nos deu e nos dá, todos os dias. A minha Micas é a MÁIOR!!!!!


*É certo que D. Micas também é responsável por coisas que não tenho, como o piano que lhe quiseram dar quando voltou de Paris e que declinou a pretexto da falta de espaço. Falta de espaço, D. Micas? Who cares! Era um piano!!!! e era DADO!!!! ARGHHHHHHHHH!!! sim, é um trauma de infância que ainda não superei totalmente). E também não vou falar do Castelo (la Gazaille) onde D. Micas não quis aceitar um emprego de governanta, negando-me o meu direito natural a crescer num palácio nobre. Nem vou comentar. Trinta e cinco anos depois ainda me dói fundo, na ialma... um castelo. Eu podia ter crescido num castelo. Ó infortúnio cruel, ó profunda ironia...Logo eu, que ainda acalento esperança de encontrar vestígios de sangue napoleónico algures nos meus tetravós paternos, tão perto estive da Glória Suprema...True Story.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dia Mundial do Animal



Podia dedicar este post aos meus dois cães, dois gatos, duas tartarugas e nove bengalins do japão, mais às osgas e às lesmas que também aparecem lá por casa. Podia agradecer-lhes (e agradeço, mas não é só hoje, lá está!) o brilho extra que dão à minha vida, mesmo que dêem um trabalho monumental e despesa considerável. Era tão mais fácil botar aqui fotos fofinhas, dos meus, ou de outros quaisquer, que pululam a net, bonitinhos e bem tratados. Podia, mas não ponho. Não ponho porque não há nada de fofinho na vida de milhares de animais por esse mundo fora, e hoje a vida não se lhes vai transformar só porque alguém determinou que é dia do animal. Por isso, só para contrariar os optimistas que criam dias para tudo e mais um par de botas, este post vai para destinatários especiais:
Para todos os animais que não têm uma casa e que passarão mais uma noite, igual a todas as outras noites, ao relento, com frio e com fome; 
Para aqueles que aguardam por uma casa, enclausurados em jaulas superlotadas;
Para aqueles que tendo uma casa passam a vida acorrentados, e levam pontapés quando só querem uma festa, comem quando calha e não têm cuidados médicos;
Para os que são largados nas bermas das estradas;
Para os que são atropelados, sejam cães, gatos, raposas, mochos, falcões porque dá muito trabalho ir devagar em zonas de floresta;
Para os que nunca vêem a luz do dia, presos em gaiolas de laboratório;
Para os que são caçados ou atormentados por desporto;
Para os que vêem o seu habitat natural reduzido de dia para dia pela acção do homem;
Enfim, para todos os que hoje não vão ter mimos especiais porque, afinal, este é só mais um estúpido dia na sua vida miserável.

Tenho mau feitio? Pois tenho. Detesto hipocrisias. Tenham lá paciência.