quarta-feira, 16 de julho de 2008

O luar na moleirinha nunca deu grande resultado...


Fiquei a pensar numa conversa que tive hoje, e num post que li. Os dois juntos tiveram o pernicioso efeito de me por a pensar nas coisas do coração. Dá sempre mau resultado, e o facto de ter trazido o PC para a varanda, e estar a escrever enquanto a lua banha o mar de prata, e uma suave brisa me refresca, não vai ajudar...


Já aqui falei algumas vezes da paixão como elemento vital ao funcionamento em pleno do ser humano. Uma criatura que viva sem paixão é, manifestamente, uma pessoa menos feliz do que poderia ser. Parece-me lógico e indiscutível. Na altura não falava apenas da paixão amorosa, lasciva, insidiosa, que nos absorve todos os sentidos e nos leva a um estado próximo do Nirvana (dizem, não sei nada dessas coisas ;)), em que o mundo à volta não interessa nada, e probleminhas do quotidiano, que habitualmente nos levariam aos arames e nos fariam arrancar os cabelos em furiosos puxões, nos parecem coisas de somenos importância. (Por isso, amigo R, para responder à tua pergunta retórica: sim, deixar bater o coração ajuda ( e muito ) a tornar mais fáceis as coisas do dia a dia. Inspira-nos, ficamos mais criativos, mais cheios de 'ganas de viver'. Por isso, se o sentes bater, homem, deixa-o ir. É o meu conselho avisado). Nessa altura falava de outras paixões mais terrenas como o trabalho (quando se tem a sorte de fazer o que verdadeiramente se ama), um hobby, uma causa...porque são paixões mais fáceis de descrever, mais fáceis de assumir e muito mais fáceis de encontrar. A sua reciprocidade é dispensável, porquanto não lhes exigimos demonstrações. Geralmente não mudam com o vento, sem dizer água vai, e tendem a acompanhar-nos para a vida. São paixões mais práticas porque nos alimentamos delas sozinhos. Os alvos da nossa paixão não têm forçosamente de corresponder. Basta existirem para nos dar prazer. Os animais, os livros, a música, os selos, whatever!... Mas hoje, é mesmo da outra Paixão de que me apetece falar. Da que envolve reciprocidade. Ou do Amor, termo que prefiro, por ser menos louco e mais sereno e de alguma forma mais imutável e autêntico. E muito pouca gente fala disso, talvez por ter medo de tocar na 'grande ferida'. Eu, que sou emocionalmente masoquista, não tenho. Estou-me nas tintas para a ferida. Hoje, estou-me nas tintas. As feridas não desaparecem por não se tocar nelas, certo? Até podem fazer menos comichão, mas é só passar de raspão e sem querer tocar na crosta, que logo uma pontinha de sangue reaparece. Certo? Certo. Pelo menos comigo. Assumo, com naturalidade. Mas tenho vários amores. Um deles está ao meu colo, os outros deitados a meus pés, as tintas e os pinceis no estúdio, os livros na estante, a natureza à minha volta, a música está na cabeça, que a esta hora já não dá para ouvir...and so on and so on. Tudo isto me ajuda a viver o dia a dia - e bem, pois estou alegre e feliz a maior parte do tempo - enquanto espero por algo verdadeiramente extraordinário. Extraordinário à minha escala, entenda-se. Nada de fantasiosos príncipes a cavalo num puro sangue árabe, nem de Brad Pitts, lindos de morrer. Não cuspiria na sopa, entenda-se! mas o verdadeiramente extraordinário é, apenas e só, o extraordinariamente simples. A básica, descomplicada, não interrogativa e extremamente sincera simplicidade. Alcançar isso, e não termos de questionar motivações, ou se somos suficientemente giras, ou suficientemente espertas ou suficientemente whatever it takes e se quem está do outro lado é suficientemente honesto ou não. Isso seria o verdadeiramente extraordinário. Mas, e isto é para ti, A., se não existir o verdadeiramente extraordinário também está tudo bem. Se nunca vier... epá, temos pena, pois temos ( e muita) mas estamos cá a sorrir na mesma. Por mais injusto que achemos o facto da nossa relva não ser tão verde quanto poderia ou deveria ser, não vale a pena deixarmo-nos secar por dentro. Porque, afinal, nós também somos extraordinários. Mesmo a solo. Ok? Para provar isso mesmo, quando acabar de escrever estas coisitas, vou recostar-me na cadeira e gozar o momento. Porque é para isso que cá estamos. Independentemente de quem nos possa acompanhar num banho de estrelas, ou que deite duas ou três lágrimazitas connosco a ver um filme lamechento. Carpe Diem, moça. Que o dia é nosso, em primeiro lugar!

Beijos para todos quantos esperam algo de extraordinário. E, para quem já o alcançou, beijos a dobrar, por nos inspirarem para continuar a sorrir enquanto esperamos por dias melhores.

20 comentários:

  1. por isso é que o teu pc é lento...

    o luar na moleirinha nunca deu grande resultado... eh eh

    miauuuuuu

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  2. Tu precisas é d'Homem pá.

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  3. Rocket: epá, pois. Para não falar das picadas das melgas. Não foi lá grande ideia, não. ha hahah

    Anónimo: Olha, um evento extraordinario travestido de débil mental. E vai ser tão extraordinariamente simples ignorá-lo!

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  4. Excelente post. Mesmo!

    É um assunto que dava para fazer uma tese tipo: "Como amar e ser feliz!"

    Há muitas paixões, sim! Muitos amores. Muitas coisas que nos façam felizes. Mas acho que a mais importante de todas é sabermos ser felizes com nós próprios. Aí seremos também capazes de ser felizes com os outros e com o resto, vá lá, do universo. E é uma coisa que tantas vezes ignoramos: o saber sermos felizes na nossa pele...



    Quando o coração bate, neste caso o bater refere-se àquele sentimento que nos deixa de pernas bambas e om o coração a querer saltar fora por se ver ou estar com alguém especial, é como dizes: deixa-o bater!

    Príncipes encantados no dorso de um cavalo branco... só mesmo nas histórias para crianças. Um homem perfeito? Também não existe. Nota: nem existem mulheres perfeitas.

    Encontrar alguém de quem gostemos, que goste de nós, que nos faça companhia a ver um filme lamechas, que nos dê carinho nos dias em que estamos mais carentes, que nos faça sentir bem, que queiramos fazer essa pessoa feliz... sim, é uma coisa fantástica. Pelo menos enquanto dura. Isto porque aquilo do "e viveram felizes para sempre" também já é raro acontecer.

    Mas como muito bem escreveste, convém não esquecer que somos extraordinários mesmo que a outra parte não chegue a ser encontrada.

    Gostei. Já, tinha dito, não?

    Beijocas

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  5. E para ajudar a festa ontem era lua cheia.....hihiihhihi
    Por isso ficaste tão inspirada......

    O melhor é aceitar as pessoas como elas são e que sejam compativeis connosco senão é partir para outra...ahahaahha

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  6. Juro que o anónimo não sou eu, ainda mais porque acho que o dito precisa muito mais de homem do que tu! ;)

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  7. Oi....
    Estou estasiada com o teu post.
    Pronto lá se vai o rimel!
    Leio o teu post e transponho-o para a minha história de "suposto amor"...
    Deixaste-me sem palavras...

    Gosto muito de ti!!!

    O(A) abévulo(a) anónimo(a) mais valia ter ficado quieto(a).

    Boussa

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  8. O luar na moleirinha já deu um grande post :)
    Apesar de ser das que tem direito a beijos a dobrar (pelo menos até ver ;)), continuo a acreditar que o mais importante é gostarmos de nós próprios.
    Carpe Diem, sempre :))

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  9. Carracinha: és sempre um doce absoluto nos teus comentários... É um clichet, mas é verdade: só podemos amar bem (os outros) depois de nos amarmos bem. Levei algum tempo a chegar a esta conclusão, mas agora ninguém me demove. E não ficar à espera para fazer isto ou aquilo, só porque seria melhor fazer a dois. Pois seria, mas e então? Vamos mofar em casa só porque só levamos um trolley em vez de dois? Com um mundo imenso cheio de coisas bonitas para ver e descobrir. No way! O importante é gostar do que se tem. O que vier a mais, já é lucro.
    Beijo grande e festinhas à Netty e não te preocupes que sim, eles param de mordiscar à medida que crescem. Mas até lá...tens de penar! Olha, Bepantene Plus, indispensável na tua farmácia. Cicatrizante maravilha. Anota, linda!

    Parisiense: pois é... e juro que não sou 'lobisgirl', mas aquela lua afectou-me o cérebro! ;)

    Rafeiro: nem me passou pela ideia que fosses tu, com a falta de classe do comentário. Aquilo em Leiria deve ser paradinho...Tem mais nada que fazer, coitado. Vamos ser magnânimes e dar-lhe o desconto...

    Zabour: waterproof, linda, waterproof! ;)
    A tua história tem 3000 kms de obstáculos, querida. Quando não, decerto seria uma história lindíssima. E, enquanto n se resolve, faz favor de não andar na molenguice e armar esse sorriso maravilhoso todos os dias!
    Beijos grandes

    Rosa Negra: Dois beijinhos então! Sortuda! ;) E muitos anos de Carpe Diem!

    Rocket: bom, if you say so... :)
    Beijos

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  10. A nossa vida pode ser uma tragédia ou uma comédia. Os protagonistas somos nós. E de nós, em parte, depende a nossa felicidade.
    Há pessoas que fazem verdadeiros dramas porque não encontraram o amor a sua vida, e outras encontram-no e deixam-no escapar.
    Acima de tudo eu tenho de me amar a mim própria, pois só assim poderei ser feliz no meio dos outros.
    Beijinho.

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  11. Safira,

    Fabuloso este post...adorei e revejo-me nele em relação á tua postura na vida.

    Acredito mesmo que andamos cá para sermos felizes e a atitude perante a vida é meio caminho andado:)

    beijinhos

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  12. Ahh e podes ir outra vez com o pc para o Luar pois hoje é a noite de lua cheia :)))

    beijinhos e bom fim-de-semana

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  13. tudo o que me faz pensar é bom...

    miau

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  14. D. Antónia: é isso mesmo. Está tudo na atitute. MEsmo que existam (que existem, claro) dias catastróficos, a malta tem mesmo é de gostar de si e mimar-se.
    Epá, agora que falas nisso, deixei escapar um...tenho de fazer um post sobre o meu 'momento impulse' um dia destes. E era giro, o gajo!!!...ca estúpida!
    Beijocas

    Ka: obrigada, Ka. Dei muita cabeçada na parede até conseguir mentalizar-me disto mas agora acho que estou no bom caminho.
    Nah...esta noite se for para o luar, vou sem pc, que assim posso estar deitadinha a olhar para as estrelas.
    Beijocas e bom fds

    Rocket: fico feliz por contribuir para o teu estímulo cerebral.
    Beijinhos

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  15. Não sei porque achas que o luar faz mal... cá para mim é bem gostoso.

    Não sei se foi o luar que te inspirou mas este post está fabuloso... descreves de uma maneira ligth o que acontece com todos nós... dá que pensar, dá dá...

    Um dia (noite, tá-se a ver né??) destes tb vou para o jardim com o portátil.

    Bjs e bom fim de semana ... com sol, areia, mar e .... luar :)

    PS: obrigado pela visita.

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  16. Safirita, és verdadeiramente extraordinaria e nem te apercebes do quanto inspiras pessoas que nunca viste...
    Continuo à espera de algo extraordinário da tua parte: um livrinho na minha mesa de cabeceira. Melher, tu escreves que sei lá o quê... haveria muitas mesas de cabeceira a agradecer-te... ;-)

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  17. SENHOR RAFEIRO (desculpa meter-me,safirita), está-me a dever um monitor de pc. O seu comentário ao anónimo que me parece andar a infestar blogues (já lhe fiz uma ode etudo) apanhou-me a saborear café. Como resultado, o ecran ficou todo manchado e cor de café...
    LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

    ai safirita, desculpa, mas cuspi tudo por cima do pc quando li o comentário do rauf LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

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  18. Sunshine: Obrigada, Sun... E fico a aguardar o resultado do luar na tua moleirinha. Deixa-o pousar ;)
    Beijos

    Grafonola Vani: ó melher, se eu fosse verdadeiramente extraordinária estava casada, pá! LOL
    Prometo que se um dia escrever um livro, escrevo um calhamaço imenso e pesado. Assim, acredito que tivesse utilidade nas mesas de cabeceira: assim tipo para dar com ele na cabeça do jóve quando ele ressonasse alto demais.

    E onde é que a menina tem andado a semana toda, que ninguém a viu? Hum???

    Tás à vontade para reclamar com o Rauf. Podes usar o meu templo à vontadinha! LOL
    ó melher, tu já sabes que te acontecem sempre misérias, ainda tentas o destino com líquidos perto do pc? tsk... tsk... tsk...
    Beijos grandes

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  19. vir ler os posts com muitos dias de atraso dá que nao se fala destas coisas no nosso "cafe"
    ai ai... ainda vais tropeçar em alguem quando menos esperares ;)

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