segunda-feira, 9 de junho de 2008

Iniciei hoje a minha época balnear aqui, na praia do Meco. Esqueçam Sesimbra, não ponho lá os pés a não ser que vá com crianças. O espaço é exíguo, ouvem-se carros a circular em permanência e não sou fã do desporto nacional da maior parte dos portugueses do 'bota a toalha em cima do vizinho do lado'. Detesto a proximidade. Chamem-me o que quiserem. Não gosto de partilhar o meu espaço com desconhecidos. Fico furiosa quando se colam a mim. Por isso, vou para o Meco. Há quilómetros e quilómetros de areal, não se ouve nada a não ser a rebentação das ondas e o ocasional vendedor de bolas de Berlim (que me irrita solenemente com a sua imitação de Pato Donald, mas enfim). Claro que já há muito mais gente a frequentar o Meco, e que no meio desses também há cromos, a começar pelos 'tios' de Cascais e as suas insuportáveis crias de nomes aberrantes e vozinhas afectadas, mas, regra geral, consegue-se um semi isolamento confortável.
Cheguei mesmo na hora da faina. Os pescadores estavam a puxar as redes, sob o olhar atento de uma multidão mais ou menos citadina, que devia achar a cena típica. E é, de facto. Típica. Mas de uma barbárie e irresponsabilidade indiscutíveis. Aproximei-me, movida não sei por que estranha curiosidade mórbida, e vi o peixe a saltar na areia, no estertor final, com as guelras e a boca em espasmos na busca da água vital. Cerrei os dentes. Bem, é a lei da vida. Claro que sim. E sim, eu também como peixe, e não posso ser hipócrita ao ponto de condenar o próprio acto que me enche o prato. Agora, o que já não acho bem é que, por cada sarda adulta, cinco ou seis micro peixes estavam presos na rede. Peixes bebés que os pescadores depois atiraram às gaivotas. Também gosto de gaivotas, mas que eu saiba elas conseguem pescar sozinhas. Tudo isto para dizer que, quando os pescadores se queixam que têm de ir cada vez mais longe para pescar alguma coisa de jeito, ou quando as pessoas se admiram porque já não vêem tanta sardinha portuguesa como há uns anos, e a têm de pagar muito mais cara, se calhar não era pior dizer aos pescadores do Meco para fazerem redes com malhas mais largas, para dar uma hipótese aos peixes que ainda estão a crescer. Eu supunha que a apanha de micro peixes era ilegal, mas, pelos vistos, no Meco não.
Errata: quando digo 'iniciei hoje', é porque não tinha reparado no adiantado da hora! Assim, o meu 'hoje' é diferente do vosso. Para vocês será, portanto, 'ontem'. Preciosismo, mas que, na eventualidade do Rafeiro aparecer por aqui, tem a sua razão de ser. Ou eu não conhecesse a peça... ;)

5 comentários:

  1. LOOOOOOOOOOL, ia tudo bem até ler o teu post scriptum!!! Já estava pronta para resmungar contigo, concordandar, e chamar anormais aos pescadores (reforma nas pescas, precisa-se...), quando deparo com o tal PS. E ficou o caldo entornado, porque me comecei a rir de tal maneira que me esqueci da indignação anterior...ai não me faças rir hoje, que estou com uma infecção urinária tal que já me espremi toda, e de tal maneira que me sinto como se tivesse feito um milhão de abdominais...não me faças rir mais...LOOOOOOOOOOOOL

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  2. Não sei o que raio é concordandar... =DDDD

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  3. ainda existem aqueles maravilhosos petiscos do...não me lembro... ai as insónias...

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  4. Capitão: Evito...Não quero causar apoplexias aos homens nem sofrer represálias das suas invejosas mulheres ;)

    Vani: xiii...isso é uma seca. Espero que estejas melhor. Já pediste o antibiótico aos teus pais? Olha a sorte que tu tens, n ter de ir ao posto medico para seres medicada! ;)
    Também não sei o que será concordandar, mas ainda vais a tempo de incluir no novo acordo ortográfico!

    Rocket: o Domingos...sim, ainda mexe. Pudera, põe os clientes a trabalhar para ele!;)

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