Queria, no meu regresso, fazer um post (epá, desculpem lá, mas os 'es' no fim de post e de blog irritam-me sobremaneira) que traduzisse toda a intensidade das emoções vividas no meu périplo tunisiano. Mas parece-me complicado. Por um lado, porque não tenho dois minutos de sossego para me concentrar. Por outro, porque, como me disse um local, o deserto não se explica, vive-se. Mas eu vou mais longe. Não foi só o deserto, apesar de ter sido, sem dúvida, o que mais me marcou. Toda a viagem foi uma aprendizagem, uma descoberta. Como disse em resposta aos simpáticos comentários ao post anterior, todas as dúvidas e interrogações que eu levava e para as quais esperava respostas pungentes e absolutamente vitais, se esfumaram. É que nem me lembrei de questionar fosse o que fosse que não estivesse relacionado com a miríade de coisas novas a absorver. As cores, os sons (Jesus, como arenga aquela gente nos Souks!), o cheiro do chá de menta, o toque do vento quente na pele (voltei branquela à conta do protector 40, mas enfim), a musicalidade da língua árabe (e a glória suprema de regatear em árabe, naquele que foi provavelmente um dos episódios mais caricatos de todos... mas já lá vou), tudo isso me roubou concentração e tempo para perder com 'mariquices'. Talvez tenha sido essa a grande lição da viagem: há muitas coisas acessórias (ou melhor, complementares) que me preocupam sem necessidade e sou perfeitamente feliz quando não penso nelas. Digo com satisfação que não tive, em toda a viagem, um único momento de 'blues' e que as únicas lágrimas que derramei foram de puro deleite ao assistir a um maravilhoso nascer do sol, do alto de uma torre de vigia no acampamento, quando todos dormiam e só eu (e o casalinho irritante que apareceu depois para vir ocupar o 'meu' espaço, raça das criaturas...) e os pássaros saudavamos o astro rei. Não pensei no facto de não ter ali ninguém com quem partilhar o nascer do sol. Fiquei, sim, muito grata por estar EU a assistir áquele espectáculo maravilhoso e por ter sido EU e a MINHA resolução de comprar o bilhete e simplesmente ir, que me permitiram gozar o momento. Fui dona e senhora do meu destino, coisa que acontece raramente e que me soube pela vida. Mas, desenganem-se os que esperam que eu me perca num relato de intenso misticismo e conclusões metafísicas. Nada mudou em mim, a não ser a minha forma de lidar comigo mesma. Só concluo de facto que, por vezes, querer é mesmo poder, e que ir pelo caminho menos viajado, apesar do medo do desconhecido (e das opiniões de outrém tipo 'credo, e o que é que vais fazer sozinha para a Tunísia, estás maluca?'), é não só salutar, como nos dá um gozo do caraças. Foi a minha palmada nas costas a mim mesma, e caraças! acho que já a merecia. A partir de agora, anything is possible e até a céptica pessimista em mim (essa cabra!) acredita nisso. Portanto, não fiz descoberta nenhuma: apenas comprovei uma verdade universal na primeira pessoa. E foi tão simples que até doí...DAHHHH!!
E agora que já disse bem de mim, num rasgo de indulgência que, normalmente, não me permito, tenho de falar da viagem em si. Mas ficará para um post mais elaborado, porque como sempre estou a escrever à pressa, no fim da jornada laboral, para aproveitar a ligação ultrasónica dos patrões. Além disso, estou de rastos, porque assim que voltei da viagem fiz um raide Lisboa-Porto, para participar no jantar de bloggers nortenhos organizado pela Olá!! (podem ir ver os detalhes no sítio dela) e que foi bem giro, mas que, por assim dizer, 'arrumou' comigo. Isto depois dos 35 já é mais difícil...chiça!
Fica uma foto, de um momento feliz...
Minha linda, vales muito mais que mil camelos...Vales todos os pôr e nascer do sol (sois??).
ResponderEliminarAinda bem que ambas tivemos a ideia maluca de irmo para a Tunísia, ainda k por motivos diferentes...Como disse Paulo Coelho "Maktub".
Espero ver-te em breve...Foste uma boa surpresa, já tinha saudades de ter uma amiga assim...
um dia o deserto virá a mim, lindo como nessa foto...
ResponderEliminarvieste mais rica...
bjinhos
Paulinha: és uma querida! mas só dizes isso porque não tiveste tempo de ver o meu mau feitio em acção :) Eu cá acho os teus motivos muito mais interessantes do que os meus! ;)
ResponderEliminarBeijocas
Rocket: o deserto virá a ti ou irás tu ao deserto? E cuidado, que ele enfeitiça...
Beijos
Que bela descoberta, a imagem em contra luz, a tatuagem esbatida na mão, a tua voz e presença.
ResponderEliminarDo mesmo modo, o tal processo inverso, a curiosidade em conhecer os que estão por detrás de cada blog(ue) é forte e agradável.
Ah essa falta de tempo e a constante dificuldade em se arranjar dois minutinhos de sossego para alinhavar umas ideias e retribuir uma visitinha!
Bjs e voltarei, é claro.
Por mim estás à vontade!
ResponderEliminar;)
Olha, ainda bem que adoraste a viagem. Suponho que é bem verdade que as nossas "crises existenciais" deixam de parecer tão importantes, em face de uma Natureza tão ampla...
ResponderEliminarUm amigo meu (meio chalupa, diga-se em abono da verdade!) uma vez voltou renovado do deserto. Andava por lá de jipe com outros dois amigalhaços, e o bom do jipe empanou no meio do nada, algures na Líbia. Após não sei quantas horas de espera, já a pensarem que só iam encontrar os seus ossinhos que as aves de rapina dariam conta do resto, sem meio de contactarem ninguém, lá tiveram a sorte que passasse um outro jipe por ali. O meu amigo, um pouco introspectivo e pessimista, voltou de lá a falar torrencialmente e muito mais alegre... :)))
A foto está muito boa!!!
Jinhos!
Ainda bem que voltaste feliz e com bons momentos guardados na memória.
ResponderEliminarQuanto ao jantar , ainda bem que tudo correu bem, porque o próximo éno Douro, :-)))))))
The journey of a lifetime, portanto!!
ResponderEliminar:)
Imagino que o "bem estar interior"... a minha viagem de sonho é à India, quem sabe um dia:)
ResponderEliminarDeixo-te um beijo e espero que estejas mais descansadinha ;)
ainda dizem que não há sereias no deserto!
ResponderEliminarUm beijo grande amiga!
Olá Safira!!
ResponderEliminarApesar do breve resumo que fizeste da viagem adivinha-se por entre as linhas os cheiros, as cores, os sons e os mágicos por-do-sol no deserto.
A minha viagem de sonho (e é mesmo sonho) é ao Japão... duvido que se concretize mas entretanto vou sonhando, lendo e quem sabe ... um dia ai vou eu direitinha ás ilhas ....
Obrigado pela simpatia e espero que o contacto não se perca.
Bjs ... (35 ?? onde?? a mim pareceu ums 20 e pouco) :)))
Esqueceste-te de dizer que temos cantora!!!
ResponderEliminarbeijos
Uau... a foto está linda!!!!!!
ResponderEliminarAinda bem que não ofereceram camelos por ti! Imagina o que seria se não te tivessemos aqui!
Pelos vistos as tuas resoluções e descoberta do teu interior não aconteceram. Mas é bom saber que gostaste da viagem, que te divertiste e parece até que vens mais forte.
Depois logo arranjas tempo para a tal introspecção que querias fazer.
Gostei do relato... fez-me recordar que tive pena de não ir ao deserto quando fui à Tunísia... mas o calor assustava um bocadinho. Talvez numa outra viagem, quem sabe?
Beijoca grande.
Paulovski: Bemvindo aqui ao gatil! Obrigada pelas tuas simpáticas palavras ( e por teres reparado na minha tatuagem, o meu grande orgulho do momento! Adoro-a de paixão, não sei como vai ser quando desaparecer... se calhar tenho de voltar à Tunísia e fazer outra! ;))
ResponderEliminarVolta sempre, que eu também vou ver se me no meu caos para ir aparecendo nos cantinhos de quem tão bem me acolheu na Imbicta.
Capitão: Eu estou (quase) sempre à vontade! Beijos
Teté: Bem, não percebi se me estás a chamar chalupa ( ;) não te preocupes que o termo aplica-se bem) mas à semelhança do teu amigo também acho que voltei renovada. Mas confesso que se me visse na Líbia, no meio do nada, começava a dizer mal da minha vidinha! Líbia? Fogo, o teu amigo é doido mesmo! Mas pelos vistos fez-lhe bem. Acho que o deserto exerce mesmo um poder grande sobre quem lá vai.
Beijocas
D. Antónia Ferreirinha: Bemvinda! Anseio pelo jantar no Douro, que nunca fiz a linha do Tua e parece que vale a pena!
Rosa Negra: One of the journeys, espero eu...há tantas mais para fazer e viver.
ResponderEliminarBeijos
Olá!!: Olha, a Índia também deve ser mágica. Espero que em breve o comproves! E se precisares de sitter para os meninos de 4 patas apita! Ia ser uma festa no apartamento: 3 gatos e 3 cães! Ui...
Beijos, da ‘quase em forma’!
Inês: ai, que coro! O meu berbere também me achou piada, queria que eu fosse jantar o cuscuz berbere sob as estrelas. Pois, pois...conta-me dessas, amigo! ;)
Beijo grande
Sunshine: O país do sol nascente...e porque não, Sunshine? Sabes que os sonhos só têm piada porque temos sempre a secreta esperança de os realizar. Vais ver que ainda um dia nos surpreendes com um relato nipónico à maneira!
Obrigada eu pela tua simpatia, que estou toda babada com menos 10 anitos em cima! ;)
Vamos falando, certamente!
Beijos
Gata Verde: a vossa cara de espanto valeu o enfrentar do público. É giro ainda conseguir surpreender amigos de longa data ;). Mas, havia muitos bons cantores lá no Vice Versa. Já fui a muitos bares de karaoke e este foi o primeiro em que não tive de ranger os dentes em sofrimento. Todos cantaram bem! A Lia Amaral, a Filipa, o Pedro, a Sara...Gostei!
ResponderEliminarBeijo grande, amiga!
Carracinha: Bom, o não me ter por aqui acho que até se habituavam. Queria ver mas é quem é que dava comida aos camelos! ;)
Pois...as resoluções e descobertas acabaram por não se revelar tão essenciais. Ou então, respondi a tudo, sem dar conta e sem ter necessidade de pensar nisso. Seja como for, estou em paz e estou feliz.
Eu fiquei com pena de não aproveitar a praia, que só deu para molhar os pés de fugida. Mas a água era quente!!!
Beijos
A foto é lindissima...aguça o apetite...pois, desculpa lá, mas ainda bem que não vales um camelo... :-pppppp senão,quem teríamos para ler e rever??? :-pppp e, diz-me lá, gostavas de valer um camelo????? =DDD
ResponderEliminarsem duvida que a palavra bloges não soa muito bem1!
ResponderEliminarmas fiquei intrigado... os arabes falam a cantar?
Vani: Epá, não, que os camelos não primam pela higiene. Não é grande troca, digo eu... Gostava mesmo mais de valer o peso de um camelo em platina. Aí já era interessante... :)
ResponderEliminarVício: que preciosita me saiste com o teu 'bloge' ;)
Desintriga.te, caríssimo, é mais ao contrário: cantam a falar. Especialmente quando estão nas orações...Beijos, ó mau feitio!
Safira, a Sasha Cores & Companhia tem um mimo para ti.
ResponderEliminarBeijinhos
www.oh-sasha.com
Ela vale muitos camelos...Eu sou testemunha que o massagista queria dar muitos por ela, mas não é que ela conseguiu resistir!!???
ResponderEliminarNem sei como...
A foto fui eu k tirei, tive uma boa professora...
Quando quiseres voltar para fazer outra tatuagem avisa que a minha, apesar de ter feito alergia, está a desaparecer e a deixar saudades.
É o testemunho vivo da semana maravilhosa que passei naquele lindo país contigo, com os nossos "pais adoptivos", o nosso belo Amen e o nosso divertidíssimo motorista Ali...
Já tenho saudades...muitas...
Quando repetimos?
Boussa