domingo, 23 de março de 2008

We will always have Paris...

Parafraseando o inesquecível Bogart em Casablanca, e espicaçada pelo Viajante, que me foi desencantar as minhas florinhas preferidas, as pâquerettes (espécie de malmequeres em miniatura, que cobriam de branco os tapetes de relva do jardim magnífico onde eu passeava com os meus pais aos fim da tarde e nos fim de semana, onde ia dar comida aos pombos, onde aprendi a andar de bicicleta, onde caí e esfolei os joelhos vezes sem conta), venho falar-vos da minha cidade luz. O Viajante fez-me recordar os meus verdes anos em Paris, e agora, lamento, mas vão ter de levar comigo. Qualquer reclamação, por favor tirar satisfações com quem me incutiu a ideia (que,bom, já estava a fermentar, mas que precisava do jump start para começar. Agora, ninguém me pára!)

Mas, por uma questão prática, vou dividir as minhas referências a Paris em capítulos. Ainda não sei muito bem como vou estruturar isto porque tenho esta desagradável mania de ir escrevendo ao sabor das teclas, e nunca sei bem onde me levarão os meus dedos inquietos e o meu cérebro hiperactivo. Só espero estar à altura da tarefa que é explicar o inexplicável, exprimir o inexprimível, que é o Amor Profundo por uma cidade. Há coisas que nos estão na alma. Para mim, Paris é uma delas.

PARIS I – Os verdes anos

Vivíamos num prédio de gente abastada (assim, tipo, podres de ricos, mesmo), em que cada apartamento tinha seguramente mais de 200m2. A minha mãe era ‘concierge’(porteira), e também fazia horas, a passar a ferro ou a lavar vidros, em casa das ‘Senhoras’. Senhoras com ‘S’ pois nunca houve ninguém naquele prédio que nos tratasse mal, ou que tivesse propósitos menos correctos só por sermos, obviamente, bastante mais pobres. ‘S’il vous plait’ e ‘Merci beaucoup’ eram palavras que sempre ouvi, nas situações mais corriqueiras, como um segurar na porta, ou chamar o elevador. As pessoas de berço são, de facto, outra coisa. Algumas mais simpáticas que outras, mas todas extremamente bem educados. Recordo-me de uma condessa que morava no 6º, que tinha um castelo no campo e que odiava crianças, talvez por nunca as ter tido. Há quem se proteja por detrás de uma couraça tecida de desprezo, para minimizar a dor. Seja como for, eu evitava ir com a minha mãe a casa dessa senhora, até porque era uma casa fria e austera, e eu também não gostava. Mas andava em casa de todas as outras. E, como era uma miúda gira e bem comportada, as senhoras achavam-me graça e levavam-me com os filhos delas ao jardim, a festas de aniversário, a jantar fora. Ainda me lembro da minha primeira visita a uma livraria, com a minha amiga Julie. Fiquei doida a olhar para a imensidão de livros! Lembro-me do meu primeiro teatro, com a Mme Fustier e os seus netos Guillaume e Céline, com quem ainda correspondo. Lembro-me da minha primeira sessão de desenhos animados num cinema: ‘Bernardo e Bianca’, com o Arnaud e o Laurent. Lembro-me de ‘tocar’ piano com a Julie, e ainda hoje, quando me lembro, vou buscar o meu Casio e relembro a melodia simples: mi mi mi mi ré dó mi mi mi mi, ré dó, pausa, pausa, mi mi... e depois quando as lições dela começaram a dar fruto, as cantilenas infantis 'Frère Jacques’ e ‘Au clair de la lune’. E eu, qual esponja, via-a tocar e ia absorvendo. Tenho muita pena de não ter aprendido a tocar piano, é uma das minhas muitas frustrações artistícas. O Casio treme quando eu pego nele, mas lá vou tirando umas harmonias. Fraquinhas, mas pronto…tenho ouvido e dedos irrequietos, não posso fazer nada.

Mas as minhas sáidas preferidas eram com os meus pais. Morávamos mesmo ao pé do Champ de Mars, que é um portento de relva e recantos de lagos e patos, que se estende desde a École Militaire até à Tour Eiffel.


Passeavamos pela lateral direita, rumo à torre de ferro, passando por debaixo dela com o pescoço quase colado às costas, a olhar para o túnel de de metal a desaguar no céu. Curiosamente, só lá subi, depois de adulta. Sempre a pé, porque me pelo de medo que um dos elevadores caia. Uma tortura, subir ao terceiro andar, onde já não podemos aceder pelas escadas...
Passar a ponte, passar para a outra margem do Sena, mas não sem antes olhar o carrossel (e babar, mas não havia dinheiro para muitas mariquices e eu sabia que não podia ser sempre. Mas os olhinhos brilavam!), que ainda hoje existe, e que me rasga um sorriso na cara assim que o avisto a rodar, cheio de cavalos coloridos. Adoro este carrossel… mas sem a massa humana desta foto, que foi a única que arranjei assim à pressão.

(Sou muito egoista: quando aprecio qualquer coisa quero que essa coisa exista só para mim, ou para um grupo restrito com quem eu possa trocar um olhar cúmplice ou um comentário pertinente. Fujo da multidão como da peste, e fico contrariada se está muita gente nos sítios que quero visitar. Não é por nada, mas perturbam-me. Quebram a magia. Distraiem-me do essencial, impedem-me de desfrutar ao máximo, de tocar, de cheirar, de usar todos os sentidos, já que me poluem os dois principais, visão e audição)

E depois regressar, passando pelo Trocadéro e os seus jogos de água.

Tenho esta foto, que arrisco partilhar, porque nunca mais tive fotos de felicidade pura. Aqui estou, com cinco ou seis anos, no Trocadéro, num dia bonito em que o meu pai me levou a passear e fez uma sessão de fotos da sua menina. Era muita gira, não era? (entretanto estraguei.me mas isso agora também não interessa nada!)

Mas o passeio só ficava completo com a sacramental alimentação dos pombos e pardais. A minha mãe dava-me pão duro amolecido em água morna, e lá ia eu toda feliz, com o meu saquinho de pão. Fixava um sítio, sem nunca pisar a relva, e começava a mandar pão para o ar. Depressa ficava rodeada de pardais e pombos e a minha alegria era esfusiante quando eles esvoaçavam e me pousavam na mão, para comer o pedaço de pão que eu levantava no ar.

Outra variante dos passeios de fim de tarde eram os burrinhos. Adorava dar uma voltinha de burro ou de poney, e, mesmo que não fosse andar, queria sempre passar por lá para fazer festinhas à bicharada toda. O senhor já me achava piada, sempre ali de volta dele, e suspeito que me terá deixado andar umas quantas vezes de borla.

Havia também o ‘Guignol’, uma marioneta. Julgo que aqui é conhecido pelo ‘Roberto’.

Era o máximo, as sessões às três, com os meninos todos sentados no chão, a vibrar com o espectáculo, a participar, gritando para o Guignol ter cuidado com o ‘mau’ encapuçado, que ele não via, por estar de costas. Depois os aplausos no final, e a correria para ir ter com os pais, à espera cá fora. Com sorte, havia uma paragem na barraca do algodão doce, ou uma volta nos burrinhos...

O tempo em Paris corria devagar. Havia tempo para tudo. Os meus pais trabalhavam imenso, mas não me lembro de alguma vez ter deixado de ter a atenção deles. Andava sempre colada à minha mãe, a fazer asneiras, como pôr gesso de um jogo de moldagem que eu tinha, na fechadura e obrigar à sua substituição. Ou fazer birra porque queria um crocodilo bébé, numa altura em que houve uma febre destas em França, e que acabou por criar um mito urbano de que os esgotos de Paris estão povoados destes crocodilos comprados em bébés, e cujo destino foi, alegadamente, uma descarga de autoclismo. Se é verdade ou não, não sei, mas que andei dias a fio a namorar os bébés crocodilo na montra da loja, lá isso andei...De qualquer forma, não me aproximaria muito dos esgotos...

Lembro-me que o meu pai me chamava para ver o funcionamento do gira discos, e ficavamos a ouvir discos, eu sempre à espera que um acabasse para ter a honra suprema de manejar o aparelho. Depois tive o meu próprio gira-discos, um ‘mange disque’, literalmente um ‘come-discos’, por se enfiar o disco por uma ranhura e se deixar de o ver! Tinha os meus discos de contos infantis, todos com banda sonora de música clássica. ‘O patinho feio’, por exemplo, tinha como fundo ‘O Lago dos Cisnes’ de Tchaikovsky. Lembro-me de chorar horrores quando o expulsaram da comunidade de patos e ele ficou sozinho à beira do lago, miseravelmente infeliz. A música em crescendo, a voz quente e triste do narrador, tudo se conjugava para arrancar soluços às paredes. ‘A Ilha do Tesouro’, ‘O Polegarzinho’, ‘O Barba Azul’, ‘A pequena Sereia’… Grimm, Andersen, todos os contos e mais algum. Eu amava os meus contos musicados. Ainda os tenho a todos! Que pena tenho das pobres crianças de hoje que têm o Ruca e outros bonecos abichanados e parvinhos como referência suprema!

Que pena tenho que o francês seja sempre uma língua opcional e que tão poucos tenham o privilégio de entender as palavras maravilhosas que se escrevem nesta língua tão rica.
Eu sei que sou tendenciosa, mas se todos pudessem compreender o texto da música com que me vou despedir, talvez se deixassem cativar por esta cultura riquíssima. Ouçam, que vale a pena. Se não perceberem a letra, sigam a melodia. Se esta não vos cativar, deixem-se embalar pela voz quente de Monsieur Yves Montand. Se um dia eu pudesse mexer com uma plateia como este, e outros Senhores da música, fizeram e fazem, seria uma mulher feliz!


Oh! Je voudrais tant que tu te souviennesdes jours heureux où nour étions amis

En ce temps-là la vie était plus belleet le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle...Tu vois je n'ai pas oublié

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle

les souvenirs et les regrets aussi

et le vent du nord les emporte

dans la nuit froide de l'oubli

Tu vois je n'ai pas oublié

la chanson que tu me chantais

C'est une chanson qui nous ressemble

Toi tu m'aimaiset je t'aimais

Et nous vivions tous deux ensemble

toi qui m'aimaiset que j'aimais

Mais la vie sépare ceux qui s'aiment

tout doucement sans faire de bruit

et la mer efface sur le sable

les pas des amants désunis...

16 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. Bem, venham eles cá tirar satisfações que eu trato-lhes da saúde. Ele é amêndoas, mousse de chocolate, torta de laranja, folar de Valpaços e mais umas não sei quantas iguarias da Páscoa. Há troco para todos os gostos :))

    Como diz uma amiga minha "We need a push", e parece que este meu empurrão foi certeiro e feliz. Estou muito contente por isso ;)

    Safira: os meus olhos brilham sempre com esse carrossel junto do Trocadéro. É um sonho, não é? A primeira vez que o vi fiquei comovido, apeteceu-me ser criança de novo...

    Obrigado por partilhares connosco este início da tua história que em tantas coisas é comum à de muita gente da nossa geração.
    Venham os próximos capítulos e temos o primeiro livro pronto para apresentar à editora :)

    Yves Montand, só podia! O poema é lindíssimo. Merecia ficar no sidebord do teu blog...

    Bjs emocionados

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  3. Emocionaste-me com este texto,
    jove!
    Agora sei porque gostas tanto de Paris...

    Uma grande beijoca

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  4. Cuidado com o DUMURO,pode ser virus. Não abras.

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  5. Mais, mais... quero saber mais de Paris.

    Estive lá no fim de Dezembro de 2006. Apenas passei lá uns 4 dias. Vi muito, mas tudo a correr. Tenho o desejo de lá voltar novamente este ano, para revisitar alguns sítios com mais tempo e ver tudo com mais atenção aos pequenos pormenores. O que mais me marcou, foi a Torre Eiffel (nem podia deixar de ser, a catedral Notre Dame e o Sacré Coeur (espero não estar a dar erros).

    Vou ficar á espera dos próximos capítulos!

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  6. Oh páh, adorei ler-te. Pra variar. Começo a ficar impaciente. Quero um livro para a minha mesa de cabeceira e já!!! =D

    Já estive em Paris (não sou muito viajada...) e adorei, adorei. O Trocadero vai ficar sempre no meu imaginário! :) Fui a Paris com os meus 17 anos (há 14 anos, portanto... :-p) e adorava ver os patinadores e os skates. Adorei especialmente um dos patinadores, que veio directo a mim (vermelha que nem um tomate, LOOOL) e me perguntou, delicadamente se "vou fumez"?...fiquei tão atrapalhada que respondi em português, inglês e francês "não! no! non!" LOOOL! Ao que ele me pergunta "vous parlez français?" (se é que a minha gramática tá correcta, que só tive francês durante 3 anos e há mais de 16 anos LOL) e eu, muito atrapalhada, respondi "a petit peau". Depois os amigos dele chamaram-no e ele afastou-se sempre a olhar para trás, até que atirou com um beijo. LOOOOOOOOOOOOOOOL! Para adolescente de 17 anos, em Paris, haverá episódio melhor?????? =DDDD

    Tb nunca esqueci o homenzinho que nos perguntou se queriamos ir a um sitio com ele...ou o gaijinho que nos perguntou se portugal era uma provincia da espanha...ou as prostitutas espalhadas pela rua sem nada vestido...ou os homens que se fartavam de atirar beijos, coisa que em Portugal era impensável ver! Fiquei escandalizada, LOOOOL!!!
    Ou então, a vez em que nos perdemos nos labirintos de arbustos do jardim do palácio de versalhes!! =D E a torre eiffel, que vertigens!! nessa altura não subimos ao 3o andar, estava fechado para obras.
    E o Louvre, amei o Louvre, apesar de ter ficado muito desapontada com a Mona Lisa.

    Barcelona e Paris, as minhas cidades preferidas. =)

    LOOOOOOL, mas as tuas memórias são, sem dúvida, lindas. Podia mesmo ver-te à frente a meter gesso na fechadura, LOOL!

    Fico à espera dos próximos capítulos. E do livro!!! ;-p

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  7. Ah, adorei este relato fantástico dos teus verdes anos...

    Estive em Paris 15 dias, em Agosto de 1985, não subi à torre Eiffel porque as bichas eram enormes, adorei Monmartre, o Quartier Latin, o Centro Pompidou e todos os artistas de rua que por lá andavam...

    "Perdi-me" no Louvre, mas fiquei muito decepcionada com a Mona Lisa (para quando a tua versão da obra, no outro cantinho?) - estavam milhentos japoneses em volta todos de máquina fotográfica em punho, pairava um pivete a sovaco e o quadro é bem mais pequeno do que imaginava.

    Foram umas férias fabulosas, que estávamos em casa de uma amiga da amiga com quem fui, ela e o companheiro serviram-nos de cicerone para nos dar a conhecer recantos menos conhecidos da noite parisiense...

    E pronto, fico à espera de mais!

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  8. Gosto particularmente do Quartier Latin e do Boulevard Saint Germain. Ah! Que delícia um café no "Les Deux Magots" ou fazer compras no mercado de St. Germain. A rue de l'Abbaye é um regalo: as floristas, as cafetarias, as pastelarias, as galerias de arte...

    Os Jardins do Luxemburgo e das Tulherias estão entre os meus preferidos.

    Louvre, sempre! A Mona Lisa é de facto uma aberração pela histeria é feita à volta daquele quadro. Detesto multidões. Quando ninguém olhar para ele, vou gostar de o ver.
    O Museu d'Orsay é imperdível assim como o Museu Carnavalet.

    Notre-Dame, apesar de ser um templo muito visitado mantém intacta a sua função religiosa. Aquela catedral mexe comigo.

    Os museus, as livrarias, os cafés, o requinte dos ambientes e a elegância da cidade fazem de Paris uma o que ela é, fascinante.

    Então Safira, o segundo capítulo já está na calha?

    Bjs

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  9. Percebo agora um pouco melhor esse teu fascínio por Paris. Foi uma cidade que me agradou quando a visitei, mas não encantou. Mas lá está, faltou-me viver episódios felizes como os teus, e isso faz toda a diferença.

    Um beijo.

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  10. leio este mais logo porque é enorme!!!

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  11. Viajante: obrigada pelo empurrão! ;)
    Será que deixam adultos andar no carrossel? Por acaso nunca perguntei, embora vontade não me tenha faltado. Para a próxima, não falho!
    Sim, ainda tenho de por muitos links no blog. Tenho descurado a apresentação, o maldito tempo não dá para tudo!!! Mas há umas coisas que quero por, filmes e livros e música, claro! Quando estiver de férias trato disso com mais vagar. Há coisas que não podem ser feitas à pressa...
    Beijinho

    Gata Verde: Miga, tu bem sabes que eu sou uma grande maricas por baixo desta carapaça...Suponho que o sentimento muito forte que me assoberba quando penso em Paris deve ter passado para a escrita. Só não tenho tido oportunidade de extravasar tudo.
    Mas bom, nós duas somos almas sensíveis, não é? A lagrimita sempre à espreita...miséria!!!!! ;)

    Carracinha: Citas de facto os 3 grandes, julgo que serão os mais visitados. Depois dou mais detalhes, mas eu tenho paixão pura pela Tour Eiffel. Mas Paris é muito mais do que os monumentos...São aquelas ruelas carregadas de história, as esplanadas típicas dos bistrots (cafés), as fachadas dos prédios, lindas de morrer, num estilo sóbrio mas não menos elaborado. Depois mostro a fachada do 'meu' prédio. Também tive sorte por ter ficado naquela zona, uma das chiques. Também não vou dizer que em Paris não há bairros sociais. Há, e são horríveis, mas eu vou concentrar-me no bonito.
    Beijos

    Vanadis: Pá, eu já fui milhentas vezes a PAris e nunca ninguém me atirou beijos!!! Não acho bem! ;)
    Ah... versailles! Versailles é maravilhoso. Também amo de paixão os jardins imensos, a Orangerie. Estou convencida que numa vida anterior vivi na corte do Luís XIV, os meus gostos por luxos e vestidos de princesa só podem vir daí! Tirando as dançazinhas irritantes, e a falta de água para banhos, acho que não me importava de ter vivido assim. Marquesa de la Safire...Que tal?

    Teté: 15 anos +e muito tempo!! Tens de lá voltar antes que o Sarkozy venda a cidade à Central Models! ;)
    Montmartre amo de paixão. Era capaz de passar horas a ver aqueles artistas a desenhar. Se calhar ainda aqui ponho a foto de um retrato a carvão, feito por uma senhora que me chamou para me desenhar. Disse-me algo como 'deixe-me desenhar os seus olhos tristes' e aquilo mexeu comigo. Eu não queria, mas estava sozinha nessa visita, com todo o tempo do mundo, e ela tanto insistiu, lá acedi. E não me arrependo do tempo que estive sentada a enregelar, no banquinho da senhora. Gosto dos meus olhos tristes...

    O Louvre...é um mundo! Eu adorava trabalhar no Louvre. Não me perguntem porquê, queria mesmo. A ideia de conviver com aquelas obras, com aquele espaço, tão bonito, cheio de luz, deixa-me com um sentimento de plenitude. E com uma enorme vontade de pegar na mala e largar tudo aqui no escritório.

    E sim, a Mona Lisa é largamente sobreavaliada. Também fiquei desapontada, é minúscula!!! Aliás, eu até não acho a obra em si espectacular, mas pronto, é do Leonardo... E também levei com os Japoneses, e tive de voltar mais tarde porque não se aguentava.

    O Centro Pompidou só visitei uma vez, de fujida, e com uma companhia pouco propícia, de modo que não tenho recordação precisa. Lembro-me de não ter achado nada de especial, mas reconheço que hoje posso pensar de forma diferente.
    Noite de Paris...andaste certamente pela rua Mouffetard, que tem uma enorme concentação de pubs e restaurantes, apesar de não ser propriamente uma zona 'in'. Quer dizer, agora não sei como estará...temos de ir ver in loco!! :)
    Beijos

    Viajante: estou a ver que vamos escrever a duas mãos. Estás-me a sair um connaisseur! ;)
    E digo-te já que tens vantagem: é vergonhoso, mas ainda não fui ao musée d'orsay! Fica sempre para trás, não sei porque razão. Na verdade, ainda tenho imenso a ver em Paris. E é isso que mantém a chama acesa também, saber que da próxima vez hei-de ver mais qualquer coisa. Paris é um sol inesgotável para mim...

    Notre Dame...sentar-se lá em cima, ao pé das Gárgulas, e contemplar a cidade num belo dia de verão...uma vez vi um casamento. Fiquei cheia de inveja! Deve ser uma coisa monumental casar em Notre Dâme. E lá estou eu com a mania das grandezas...
    O segundo capítulo há-de chegar... quero fazer isto bem feito. E tenho de ir desencantar as minhas fotos e ver se o scanner colabora. Fervilho de ideias, mas a tecnologia que tenho em casa dificulta-me a vida. Raios!
    Beijos

    Caro Rafael: podes sempre lá voltar, com mais tempo, e deixar que Paris se entranhe em ti. Mais cedo que tarde, isso acontece.
    Beijo

    Fausto: tás-me a sair um preguiçoso, pá! A malta esmera-se e tu achas enorme?! Isto não é nada!!! Me aguarde!!!!
    Beijo grande e vê lá se voltas para Lisboa!

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  12. Marquesa de la Safire:
    e por vossa mercê falar em Versailles, corte de Luís XIV, luxos, vestidos, princesas, jardins...
    Já viu "Marie Antoinette", o último filme da Sofia Copolla?

    Então espreite aqui:
    http://www.youtube.com/watch?v=cLJ1vuUWprA

    E aqui:
    http://www.youtube.com/watch?v=1WjsqVwWyrI&feature=related

    Versailles vai ter um capítulo próprio, não vai? Ai vai vai :))

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  13. Viajante: Lamentavelmente não vi, mas está na lista dos alugueres de DVDs. Mas a minha vida é uma miséria, não tenho tempo para nada... Aliás, acho que só nestes comentarios já me devo ter lamentado sobre a falta de tempo umas poucas de vezes!

    Pois claro que vai ter capítulo próprio. Versailles e a Malmaison do meu Imperador!

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  14. Viajante: Lamentavelmente não vi, mas está na lista dos alugueres de DVDs. Mas a minha vida é uma miséria, não tenho tempo para nada... Aliás, acho que só nestes comentarios já me devo ter lamentado sobre a falta de tempo umas poucas de vezes!

    Pois claro que vai ter capítulo próprio. Versailles e a Malmaison do meu Imperador!

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  15. Através deste teu relato, consegui "viajar" pela tua infancia e pela belissima cidade que de que falas...

    Memória do tempo melhor de cada um de nós, daquele tempo em que somos felizes na sua plenitude, o tempo em que não pensamos em nada a não ser nos nossos prazeres, o tempo em que somos mimadas incondicionalmente.
    E se a isso tudo se juntar um local magnifico, então isso seria a perfeição...:-)
    Cidade fabulosa, já estive em muitas mas nenhuma me apaixonou como Paris, nenhuam deixou a mim, a urgente necessidade de regressar.
    Só lá estive um vez e infelizmente não visitei o Louvre, mas a elegancia das ruas, a arquitectura magnifica dos edificos, a elegançia daquele lugar, o cruzeiro no Sena, a lingua em si, que é elegante, bonita, com charme...
    Enfim, alguém que me cale, que estaria aqui a falar da "tua" cidade até amanha de manhã, mas não pode ser...

    Bjs

    P.S. Tens que ver a "Marie Antoinnete", vais adorar, é só glamour do principio ao fim ,todo filmado em Versailhes (outros sitio que falhei, mas que não falharei da próxima). Ahhhhh..e a foto tá jeitosa sim, não te estrgaste, rapariga! ;-)

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  16. até que enfim! já li :)

    Está grande mas está maravilhoso. deu para conseguir imaginar tudo. a tua maneira de descrever as coisas é deliciosa :)
    paris é uma cidade que quero visitar, mas queria ver mais do que aquilo que está a mostra para os turistas. queria ver os pormenores que tornam a cidade unica... isso e louvre. tenho uma curiosidade enorme!

    beijinhos per ti :)

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