sexta-feira, 1 de março de 2013

Pequeno esclarecimento

Sim, que isto não é uma pessoa desaparecer e nem dizer água vai. Tive exames. Correram-me todos mal,  graças a Deus, mas isso agora não interessa nada. Eu, e os meus colegas, é que somos burros! Devíamos obviamente ter estudado Shakespeare, que mereceu ao autor do manual uma obscura referência algures no capítulo 16, e não Voltaire,  cujo Cândido era a obra de estudo obrigatório - e custou-me oito euros a porra do Cândido,  e que coisa mai linda de se ler! Gostei tanto!!!. Pois no exame, o que sai? Voltaire? Claro que não! Shakespeare, e um acto do Macbeth para comentar e a valer metade da cotação total. Faz sentido. Com também faz sentido saber o nome, o local e o ano de edição do artigo, atentem bem, da porra das revistas onde pela primeira vez foi mencionada (em Portugal) a notícia da invenção da fotografia. Não interessa nada saber da obra de Joshua Benoliel, Carlos Relvas ou dos modernistas. Não. Temos é de decorar (para 1/3 da cotação) os nomes das revistinhas da tanga, porque isso é que é importante numa cadeira de fotografia em Portugal. Deus nos valha não saber que foi no Panorama, em Lisboa, na Revista literária, no Porto e n' O Recreio, no Rio de Janeiro, que se falou pela primeira vez de Talbot e Daguèrre e de fotografia. WHO THE HELL CARES!!!! Saber o ano já foi uma sorte, agora, meus amigos, a publicação onde apareceu o estúpido artigo a falar do que se fazia em França e mais não sei onde??? Prestei lá eu atenção! A cadeira não era de jornalismo.
Mais sorte tive em Artes Decorativas, mas não muita, creio. Decerto ficarão todos os meus poucos leitores extasiados com o meu espantoso conhecimento sobre entalhadores do séc. XVIII, e de quem lhes encomendava móveis. Ah pois é!  Já falar sobre a azulejaria em Portugal, de longe a coisa mais interessante  e pertinente da cadeira, ninguém pediu. Seria demasiado fácil deixar os alunos dissertar sobre alguma coisa palpável em vez de escrever sobre os móveis que a duquesa de Palmela encomendou ou deixou de encomendar. E nem vamos falar de História da Arte...à conta dos nervos que apanhei, enfiei-me numa loja de animais e comprei uma tartaruga. Long story.

Esta e muitas outras idiossincrasias dos docentes (que decerto estão apostados em reter toda a gente mais um semestre porque as propinas vão dando jeito para garantir os seus salários) levaram-me a um estado de stress e catatonia do qual só agora começo a emergir. Qual Fénix, renasço das cinzas. Olha que bom para vocês! 


3 comentários:

  1. AhAhAhAh! Desculpa rir da tua desgraça, mas o facto de o sistema nervoso te ter levado a comprar uma tartaruga é demais!

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  2. Muitas saudades de rir até às lágrimas. E vai ver que os exames não correram assim tão mal. A esperança é a última que morre e quem é do Sporting já está mais do que habituado a ter esperança... Mesmo que não dê em nada :)

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  3. Em Direito tive um professor ( Soares Martinez) que adorava perguntas dessas. Um dia passei-me, apertei-lhe o gasgantete e dei-lhe uma murraça. Não vale a pena dizer o que se passou depois, pois não?
    Seja bem regressada

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