sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Traz um amigo também

Temos um pássaro cá em casa?”
Temos agora um pássaro cá em casa! Nós não temos pássaros cá em casa! ( Temos dois cães, dois gatos, duas osgas em hibernação, aranhas com fartura, bichos de conta e lesmas e caracóis, mas pássaros não.)
hã hã...então o que é isto?”
Fui ver. Como o outro, do poema (o Augusto Gil). Não era neve, mas também era branco. Branco e aquoso... pequenas manchas circulares, escada acima...hum, pois, se calhar temos pássaros cá em casa. Vem-me à cabeça o filme do outro (o Hitchcock) e fico à espera que um corvo horrível se me assome de repente de um qualquer canto escuso e me comece a bicar os olhos. Mas não se passa nada, por isso desço a escada e vou investigar. Ouço-o antes de o ver. Faz-me uma razia e empoleira-se na ombreira da porta. Um pardaleco simpático. Fixe! Bom, vamos tratar de abrir a janela para o tipo sair. Com alguma insistência (e dois gatos a persuadi-lo) o pardaleco lá vai à vida dele, céu afora. E eu vou à minha, de vassoura na mão para limpar os estragos. De repente, vusshhshshshhhs, passa-me uma coisa esvoaçante pela frente e pousa no varão da escada. "Estúpido pardal, esqueceste-te de alguma coisa!?" Um olhar mais atento mostrou-me que não era o mesmo. Era um amigo. Ou uma amiga. Ok..."mas quantos pardais é que decidiram entrar pela chaminé hoje???"
Mais um filme para conseguir libertar o bicho, agora barricado no quarto, claramente confuso e assustado, a tal ponto que me pousou no ombro (how cool is that, um pardal no ombro!), e eu fascinada com o bichinho, e Boris aos saltos a ver se o apanhava, e eu a berrar com o gato para ele não nos matar o pássaro, e o tótó do pardal a insistir em fugir da luz (a luz é boa, segue a luz, parvo, é o candeeiro lá fora), mas qual quê! Só três tentativas depois é que o palerma pousou na janela aberta e percebeu que estava livre. Mesmo assim, teve de pensar antes de abrir as asas e voar, o que me leva a crer que o pardal não será o pássaro mais esperto da Criação. Ou isso ou este em particular tinha um desejo de morte e queria um suicide by cat. Boris estava muito disposto a ajudá-lo e ficou frustradíssimo.
Não sei o que deu na passarada. O que sei é que vou ter de lavar de novo os lençóis que aguardavam vez de passar na tábua, isso é que eu sei. (Bad birds! bad, bad birds!)
I love the country life. Qualquer dia entramos em casa e temos um urso na banheira. Já não digo nada.

3 comentários:

  1. desde que não seja um cuco! esses tem o habito de meter os ovos nos ninhos dos outros e podia dar-se o caso de meter algum na tua cama para tu chocares...

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  2. A tua casa tem algo de arca de noé para atrair tanto bicharoco.

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  3. Um pardal branco?... q te pousou no ombro?... pardal?...

    Qq dia entras em casa e tens um mamute na cozinha, é o que é.

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