segunda-feira, 9 de abril de 2012

O.S.G.A (Organização Social de Gestão Animal)


Dou muitas vezes comigo mesma a pensar que sou uma rapariga afortunada. Ok, ok, não estou na lista da Forbes (ainda), o meu cabelo ainda não se refez do desaire de Janeiro (oh grow longer already!!!), e escandalosamente, apesar de ter publicado uma wishlist para o meu aniversário, ninguém me deu o ouriço que pedi. Mantenho a esperança para a tartaruga. Estou quase a celebrar um ano de matrimónio, se alguém quiser pegar na dica...

Anyways, apesar destas pequenas contrariedades e vicissitudes, também sou afortunada por  ser confrontada com situações em que posso mudar, para melhor, a vida da bicheza que se cruza no meu caminho. Excepto melgas e aranhas. Ah, e carraças. Essas têm sempre uma experiência mística antecipada, o que também é positivo para elas: vão para um sítio melhor. O éter. Ou a lareira, se estiver acesa.
Ontem, quando arrumava o terraço após mais uma sessão de sementeira de coisas que vão acabar por morrer à torreira do sol, vi uma teia de aranha. Já de vassoura em punho, e esgar terrífico (morre, cabra, morre), vejo uma coisa a mexer. Pensei que era um gafanhoto. Uma observação mais atenta mostrou-me que o meu gafanhoto era na realidade uma pequena osga, presa pelo rabo. Quando digo pequena, era mesmo pequena. Baby osga, não osga anã. Uma cria, portanto. Porque sou generosa, quis partilhar a descoberta e o respectivo salvamento, que acabou por envolver um duo de beneméritos equipados com luvas, um vaso de plástico e a parte superior de uma cana de pesca. Don’t ask. Mas resultou. A osga foi salva da teia mortal, cuidadosamente limpa de restos de seda com um providencial pauzinho (um resto de coisa morta à torreira do sol), e colocada no canteiro, para retemperar forças. Gira que era a bicha. Esteve ali um bocadito a recompor-se ao sol. Depois, levantou a cabeça, olhou para mim e disse ‘obrigada por me teres salvo’. 
Bom, na realidade, não... mas era uma imagem poética com algum potencial, vá. O que aconteceu foi que ela levantou a cabeça, agitou o rabo e mandou um salto para um vaso adjacente. E foi assim que descobri que as osgas saltam. Faz-me perspectivar de forma diferente o facto de ter Clarisse e Asdrúbal, o casal permanente, e mais Gabriela a filha emancipada que aparece volta e meia para chular os pais,  a morar por cima da porta de entrada. Certo é que entro e saio de casa muito mais depressa agora, não vá alguma delas querer suicidar-se por asfixia e defenestrar-se para o meu cabelo!

2 comentários:

  1. depois de ler este post, convido-a a passar amanhã pelo Rochedo para ler um post que agendei intitulado "Animal Farm".
    Fico com curiosidade de ler o seu comentário...

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  2. Coitadinha da aranha, com aquela trabalheira toda para sobreviver, toca de fazer a teia que te livrará de muitas melgas e mosquitos e lá vais tu, de vassoura em punho, dar-lhe cabo do sustento! E para quê? Para salvar uma osga nojenta?!? OMG, o que há de gente ingrata nesta terra... :)))

    A Clarisse, o Asdrúbal e a Gabriela são mesmo os hóspedes imprescindíveis para evitar visitas indesejadas. Algumas das outras, também, porque ainda há muita gente esquisita... =))

    Beijocas!

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