sexta-feira, 15 de julho de 2011

Do bonito que é ser bonzinho para os mais carenciados com o dinheiro dos outros

Estava ontem a ouvir o nosso novo Ministro das Finanças e a pensar que pelo menos o Kevin Kostner, quando fez de Robin Hood, sempre tinha o factor palminho de cara a seu favor. Tinha uma fatiota um bocado ridícula, ali entre um duende e a fada Sininho, mas era giro e lutava contra o mau da fita. Ora, ao nosso Ministro reconheço-lhe uma voz interessante, e uma cara simpática, mas o meu entusiasmo acaba por aí. Não gosto por aí além de ser etiquetada como um xerife de Nottingham, a quem tem de se esmifrar o mais que se puder, só porque ganho mais do que o vizinho do lado. Não tenho culpa disso. Se lamento as situações dramáticas que se vêem por aí? Com certeza que sim. Mas gosto pouco que escolham as minhas causa de solidariedade por mim. E gosto pouco de ser subcontratada à força para fazer o trabalho de casa de um governo que quer mostrar trabalho depressa antes que acordem todos do estado de hipnose, quando já tenho o meu que me dá trabalho e que me faz suar sangue e lágrimas por cada euro a mais que ganho acima do salário mínimo. Por isso, desculpem lá se protesto contra a fórmula do estúpido imposto. Dizem-me, quase agressivamente, (pessoas que ganham menos do que eu, evidentemente) que está muito bem e que é igual para todos. Não é igual. Num subsidio de natal de 500€, os 50% incidem sobre 15€. Num subsídio de Natal de 1000€, os 50% incidem sobre 515€. É fazer as contas. É igual pagar 7,5€ de imposto extra e pagar 257,5€? Não me parece que seja... Ah, mas é proporcional e tal...a quê? Onde está a proporcionalidade entre uma taxa efectiva de 1,5% do rendimento e uma de 25,8%? Ah, mas podes melhor tu do que eu, que ganhas mais. É a assunção automática. (Abstenho-me de comentar sobre a razão de uns trabalhos serem qualificados e outros não, e sobre noções bizarras como investimento universitário e níveis de responsabilidade e outras minudências dessas). Também o Belmiro Azevedo ganha mais do que eu. E depois? Só porque é rico tem de facilitar-me a vida a mim? Claro que não. Se é a doer, é para doer a todos igual. Não é fixarem uma percentagem de 50% para todos sobre uma base progressiva. Mas pensam que somos todos débeis mentais? Não admira que as provas de matemática sejam a miséria que são, se toda a gente aceita candidamente que o imposto é igual para todos. Existe na sua base a presunção de que quem tem mais tem de pagar mais, o que à partida já é uma negação de igualdade considerável.


E a seguir? Um imposto para constituir um fundo especial para habitação gratuita para as minorias carenciadas? Tenho de levar os cidadãos da etnia com estatuto especial e dia nacional para casa e dar-lhes comida também?

Não é falta de solidariedade, é mesmo falta de paciência para as soluções fáceis de quem não tem agora, - e de quem não teve no passado - coragem de ir à fonte do problema.


Posto isto, vou voltar para a floresta de Sherwood e esconder-me atrás de uma moita, antes que me venham exigir imposto extraordinário para combater a obesidade em Portugal só porque sou (relativamente) magra!

2 comentários:

  1. Concordo com cada linha do que escreveste!
    Não aceito que tenhamos de pagar pelas asneiras dos outros e gostava de não me sentir obrigado a ter de pagar seja o que for. Se pudesse escolher, não pagava e não. Mas como se faz isso?
    O povo é pacifico e eles governam-se com isso (e com esta frase contra mim falo)

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  2. Absolutamente de acordo com tudo o que dizes! E sim, quando passar essa fase de hipnose inicial, suponho que lá mais para o final do Verão, a contestação vai subir de tom... quando o povo se aperceber que afinal votou em mais do mesmo! :P

    Beijocas e bom fim de semana para ti!

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