segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O ciclo da vida

Há dias relatei a minha satisfação por ter tentado salvar uma osguita estropiada. O verbo é bem empregue. Tentei, mas não logrei alcançar o objectivo e, é pois, com pesar que informo que encontrei há pouco os seus restos mortais, ali perto do canteiro onde a depositei na esperança que o sossego a deixasse recuperar. Não sei isto é um presságio de desgraça aqui no escritório, é verdade que duas garantias bancárias bateram na trave e que anda tudo um bocado mal disposto, mas creio que devo contrariar o mau karma com uma história de sucesso.

Há uns tempos postei aqui que os meus mandarins tinham dado cabo das crias todas. Fiquei bastante chocada na altura, por isso, quando os bengalins do japão começaram nova postura nem quis saber. Deixei-os estar, na esperança de que aquilo não desse em nada. Só para me contrariar, no dia em que fui de férias, espreitei o ninho e lá estava uma bolita com pernas a mexer no meio das cascas. Certa de que o bicharoco ia acabar como os outros, nem me entusiasmei. Deixei tudo entregue à minha irmã e fui-me embora. Os relatos diários iam dando conta dos progressos da criatura e dos dois irmãos nascidos entretanto. Quando voltei já tinham penas e poucos dias depois já olhavam com dois olhões muito desproporcionados (são feios que se fartam os pássaros recém nascidos). Comecei a gostar dos bichos e a passar mais tempo do que devia em contemplação da rotina familiar. Os bengalins do japão, contrariamente aos dois mandarins idiotas que lá tenho, são pais extremosos e cientes das rotinas. Um alimenta, o outro ingere os excrementos para manter o ninho sempre limpo. Sim, é nojento, mas é assim, que vi eu com estes dois olhinhos.
E aqui fica o resultado desta empreitada numa foto de família tirada às sete da manhã quando ainda estão todos ensardinhados no ninho. 
Os bébés, já quase autónomos agora, são os dois completamente brancos, que penso serem albinos e talvez ainda possam render umas coroas porque não vejo com frequência nesta raça, e o mais pequenito( em baixo à direita) malhado.
Como não podia deixar de ser, esta malta tem  (quase) toda nome: o pai Anis, único macho (de peito branco); Canela (uma das mães possíveis, a mais escura à esquerda); Cacau (a outra mãe possível, escura em baixo); Mel, a tia solteirona e chata, armada em vamp na foto, ao centro. Os pequenitos: Jorge Jesus (um dos albinos, assim baptizado por causa da farta cabeleira branca na altura); Afonso Henriques, o outro albino, porque o apanhei a bicar a mãe, ingrata criatura; e, por fim, o sem nome, malhadinho porque ainda não se destacou. 

Amanhã mostro as minhas tartarugas. E logo a seguir, a Arca que vou ter de construir... 

3 comentários:

  1. Bom, a família está mais que completa. Mas é curioso que os pássaros brancos parecem mesmo albinos, com olhos vermelhos e tudo... :)

    Boa sorte para a construção da Arca! :D

    Beijocas!

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  2. Gostei desta reportagem sobre a passarada e da foto que a acompanha! Quanto ao resto, perdeu uma osga, mas ganhou três passarocos, o que demonstra a vitalidade da Natureza.
    Não se deixe impressionar com as consequências da morte da osga. Como é que um animalzinho tão simpático iria dar azar?
    Beijinhos

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  3. É curioso, todos a dormir no ninho! Com canários não se passa assim. Eu acho que a natureza deve ter alguma explicação para o filhicídio. Também não entendo mas já vi acontecer como não acontecer. Mistério.

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