sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Post sério

Vou definitivamente deixar de ler jornais. Os pagos, os grátis, tudo. Faz-me mal à tensão arterial. 

Placidamente instalada no meu autocarro suburbano leio no Destak que os abortos aumentaram 30%. Ok, seria natural, creio eu, se antes eram ilegais, não entravam para a estatística. Não me choca. É um problema de foro pessoal, penso eu, e só por isso fui votar a favor da despenalização. Moralmente acho condenável, embora considere que a alternativa gerada pelo pânico de uma gravidez não desejada seja bem pior: suspeito que um aborto de vão de escada, feito com agulhas de tricot cause bastante mais sofrimento ao feto. Tenho a certeza que a asfixia depois de um parto a solo, também. Portanto, acho que do mal o menos. Não sou eu seguramente que irei mandar na consciência da cada mulher que se 'descuida'. Um 'descuido' aceita-se. Compreende-se. Somos todos humanos, e venha a primeira que não tenha tido uma noite de arrependimento. Dois 'descuidos', especialmente depois de já ter passado uma vez por um bloco operatório, das duas uma: ou se é masoquista ou débil mental. E não foi para estas fulanas que eu saí de casa para ir votar. Não foi seguramente para quem confunde IVG despenalizada com contraceptivo de emergência. Amigas, pílula (dos dias todos e a mágica, do dia a seguir), preservativo. Abstinência, se sois tontinhas. Muito me espanta a mim que quem promulgou a lei não instituisse logo uma regra à boa moda do baseball americano: strike one...(mais cuidado da próxima vez, sim?). Strike two (por aqui de novo? mas olha que já o pagas ao SNS o teu aborto, que isto não é o da Joana)...strike three ( é muito anormalzinha, não é? Hein, pchté, onde é que a menina vai? agora fica sem trompas que é para aprender).

Sou dura? Temos pena. Temos mesmo muita peninha. 

Temos a mesma pena que tem o IRS quando diz aos pais que estão a tentar ter um filho no privado (e porquê? porque o Público não funciona, ora pois) que não comparticipam os tratamentos de fertilidade. Pagam abortos a torto e a direito, 'ah e tal é a lei...', não comparticipam a reprodução médica assistida e depois queixam-se da taxa de natalidade... Ora ide todos...(é para aí mesmo!)

E que tal mudar a lei, não? Mania do conformismo.

5 comentários:

  1. Não mexem na lei porque depois lá vão OS do costume dizer que se trata de um retrocesso civilizacional e ameaçam o retorno ao aborto clandestino e bla, bla, bla com consequências dramáticas e tudo o mais.
    Já se previa que isto fosse acontecer, porque vivemos num país de abusadores. Agora, que houvesse abuso neste tema (não estamos propriamente a falar de gente que pede RSI e ganha balúrdios não oficialmente, estamos a falar em acabar com uma gravidez - para mim, um infanticídio disfarçado de boas e nobres intenções de se proteger o bebé de uma vida indesejável), é que me causa os mais aterradores arrepios.
    Por isso, estou inteiramente de acordo nesta punição a quem pretende recorrer ao aborto como método contraceptivo. Quem se "descuidar" de forma repetida, tem de assumir as consequências disso.

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  2. Bom, não seria tão radical como tu, embora concorde que o aborto NÃO é um método anticoncepcional e devia de haver um certo limite para "tontas". E não concordo a 100%, porque tenho uma amiga que engravidava com TODOS os métodos anticoncepcionais (sem experimentar, quem sabe?), se tivesse tido todos, tinha tido qualquer coisa como uma equipa de futebol ou assim...

    Não percebi bem o que é essa do IRS não comparticipar. Será que te estás a referir à Segurança Social, ou a não poderes meter essas despesas no IRS? Seja qualquer delas, tens razão! Nos anos 80, quando visitei Paris, já eles tinham campanhas que visavam incentivar a maior natalidade. Aqui é a "pieguice" do costume: "choram" muito e não fazem nada, nem o mínimo que lhes seria exigível!

    Beijocas e bom fim de semana! :)

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  3. Amiga, Já sabes bem qual a minha opinião sobre o tema e por isso não te massacro. Faço apenas 2 acrescentos ao que referes: além de sermos nós todos a pagar uma IGV (que quanto a mim deveria ser suportada pela própria pois nem uma taxa moderadora paga) Quem faz uma IGV tem direito a 30 dias de baixa paga a 100%. Acho extraordinária esta medida uma vez que põe em pé de igualdade quem perde um bebé de forma involuntária e quem usa a IGV como método contraceptivo. Além disso é também completamente injusto se compararmos com quem tem problemas de saúde reais, que levam a cirugias (onde pagam taxas moderadoras, analises etc) e na baixa a comparticipação é de 60%. Além disso num país que envelhece a olhos visto, gasta-se este dinheirão todo e não se investe no aumento da natalidade.... inacreditável!!!
    Beijoca e bom fim-de-semana :)

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  4. 100% de acordo. Em Chelas grande parte das mulheres ja nao teria trompas!

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  5. defendo a teoria dos strikes desde o início. podia não fazer muito barulho porque são escolhas e direitos de cada um e eu não tenho nada a ver com isso. mas são dinheiros públicos, temos pena mas tem de ser escrutinado onde e como são gastos.

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