quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Da eficácia que ricocheteia...

Correndo o risco de me repetir na temática, mas aqui vai na mesma.


Tenho para mim que ter dois dedos de testa nos meandros do tecido empresarial deste país é uma coisa perniciosa. E digo isto porque acabo de experimentar (yet again)  a sensação de frustração que devem sentir aqueles que, sendo seres pensantes com alguma visão objectiva e coluna vertebral, tentam demonstrar por a + b que uma situação carece de outra abordagem e acabam com o menino nas mãos, como sói dizer-se.

É uma dupla frustração, na verdade: não só fico com o menino nas mãos, o que é frustrante porque eu nem sequer tenho nada a ver com o menino, como quase me arrependo por ter tido um lampejo de visão básica e ter alertado para uma coisa que pelo menos duas linhas hierárquicas acima de mim deviam ter visto. A sensação com que fico deixa um amargo de boca: ou me torno um autómato idiota que funciona na base do ‘mandaram fazer, eu faço, mesmo vendo que vai dar porcaria, mas quero lá saber’ ou continuo a fazer como tenho feito até aqui, mantendo-me atenta e minimamente interessada, e o que tenho garantido é fazer o trabalho de sapa que ninguém quer fazer. O meu grande problema é ter um problema ainda maior com autoridade incompetente e não conseguir pactuar com estupidez gritante. Às vezes chateia-me não ser uma completa imbecil. Não me chateava nem metade do que me chateio e, com sorte, ainda podia levar uma coisa destas para casa, que tão bem me ficaria em cima da lareira...

ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

4 comentários:

  1. Parece-me que 90% das empresas em Portugal padecem desse mal.
    Eu, aqui, já desisti de tentar mudar mentalidades.
    Tu ainda vais tendo a sorte/azar de te permitirem/mandarem tomar as rédeas das situações que consideras impraticáveis.
    Já eu, aqui, posso alertar, explicar como se poderia fazer melhor que me "pedem" para nao me preocupar com isso que depois logo se vê.

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  2. Ora por aí logo podes ver a razão de Portugal não sair da cepa torta: os que realmente querem mudar alguma coisa têm de emigrar...porque cá não se lhes dá crédito. Portanto, as coisas como estão servem os interesses de muita (má) gente. É outra razão para o nosso sistema de ensino promover o analfabetismo e a iliteracia: quem pensa, analisa e critica torna-se perigoso.

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  3. Oh, grande valdevinas: então além da assertiva intervenção na época carnavalesca, ainda te atreves a dar palpites sobre o próprio trabalho e o que não funciona, diga lá o chefe o que disser? Tu vê lá, chefes burrinhos não costumam gostar dessas coisas... :)))

    Beijocas!

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  4. Não é só nas empresas, ó eu no Estado a ver o mesmo carro alegórico a passar. Juro, ele há dias que só tomando chá de burrice para conseguir sorrir e ignorar enquanto se vê disto.

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