
Este ano não te escrevi, Pai Natal. Acho que mereces uma folga, que bem farto deves andar de distribuir PS3s e plasmas e empanturrares-te com os biscoitos que as poucas crianças que ainda acreditam em ti te vão deixando na chaminé. Pessoalmente acho que fazes mal em comer essas porcarias, mas hey, os triglicéridos são teus!
Por isso, Pai Natal, este ano não quero nada. Tenho tudo o que preciso. O meu Mégane ainda só me deixou na mão uma vez por causa do nevoeiro, e hoje consegui aparafusar a porta para não me ficar o puxador na mão, portanto, por mim, o Mazda não precisa vir já já.
O Jon Bongiovi, vi-o recentemente e achei-o acabadinho, andou ali botox de certeza, de modos que também não sei se o quero no sapatinho after all.
Roupinha tenho com fartura graças a Deus, e descobri agora uns sucedaneos de perfume que cheiram como o original, mas têm um frasco mais foleirinho, e olhem que ralada que eu estou com isso!! De modos que de fragrâncias para andar cheirosa, também ando servida.
Livros é para esquecer, aliás agradecia à Bertrand que não me desse mais vales para desconto em futuras compras, porque é um círculo vicioso e eu não me consigo controlar. Já agora, se por acaso a minha irmã te tiver dito que eu gosto de livros indianos ou sagas de pobres moças chinesas com os pés enfaixados, é mentira! Mesmo que tenham ganho o Book Award não sei quê, Pai Natal, não me deixes livros indianos nem chineses que não tenho mesma pachorra nenhuma para culturas que ninguém entende!
Ah, e Pai Natal, não precisas mesmo de te estar a chatear a enfiar-me mais um conjunto de paninhos de tabuleiro ou o set para refeições, ou o sapatinho de lã, ou algum dos presentes da categoria 'prendas tipicamente inúteis e ainda por cima foleiras', que alguma tia se encarregará disso de certezinha absoluta.
Portanto, não quero mesmo nada.
Acho que este é mesmo o Natal em que me estou mais completamente nas tintas para os presentes. Talvez porque tenho recebido presentes a sério ao longo do ano, daqueles bons, não tangíveis nem etiquetáveis, que não vêm no embrulhinho pipi, que não se trocam porque são o que de facto gostamos e queremos, e que nos fazem felizes porque sim. Tenho sido afortunada este ano, tenho sim.
Por isso, Pai Natal, se quiseres parar na minha chaminé estás à vontade. Pago-te um copo e dou-te um abraço, e até te dou água às renas, mas não precisas deixar-me mais nada em troca.
FELIZ NATAL PARA TODOS!!!!