segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Das escolhas que fazemos na vida e de como se aplica a máxima 'mais valia que estivesses quieta'


São múltiplas as desvantagens com que uma pessoa se debate quando pretende cultivar-se  intelectualmente e não tem vida para essas mariquices.  Para além do investimento financeiro - que tem retorno previsível na vizinhança do zero, a não ser que consiga insinuar-me junto de um vereador da cultura da CML de Sesimbra, ou vá, do Seixal (de Setúbal é que não, que tenho rrreceio de não entenderrrr a a prrrronúncia )-  o que mais me custa é o tempo que gasto nesta dedicação à nobre arte da elevação intelectual.  Parte importante  do qual é passado a lastimar o tempo que não gasto na dedicação a outras nobres artes de elevação espiritual. Não pinto há três anos. Nunca mais desenhei. Também escrevo pouco, se é que contam como escrita os debitanços tontos que vou colocando aqui. Tenho álbuns de férias desde 2010 para recuperar, mais o álbum de casamento director’s cut para terminar. O meu ponto cruz está mais mumificado do que a Nefertiti que pretendia bordar. O pseudojardim põe a Amazónia a um canto, só ainda não apanhei por lá crocodilos, mas é dar tempo às lagartixas. Pensei nisto ontem, enquanto tentava debitar duas páginas sobre as novidades arquitectónicas da segunda fase  da construção do Mosteiro da Batalha -  que me interessa tanto como o ciclo reprodutivo da formiga africana - e via o sol a brilhar lá fora.  Confesso-me um bocado cansada desta coisa da elevação intelectual. Preciso mesmo de outra licenciatura? Ou de ouvir a minha rica mãezinha, que tem sempre razão, perguntar ‘ó filha, mas isso vai servir-te para quê?’ e ter de responder baixinho (sentindo-me assim mesmo mesmo estúpida) ‘bem, na verdade, muito provavelmente para nadinha desta vida’. Pois é...

E logo à noite, em vez de ver ‘The killing’ vou ter de debitar sobre frisos e nervuras, arquivoltas e rendilhados manuelinos. Sweet...

Moralidade: Para a próxima, quando te derem as febres da inquietação e da elevação intelectual, pega num livro de receitas e aprende a fazer molotoff! 



2 comentários:

  1. mas como deves ter consciencia de que...
    os rendilhados e não-sei-mais-quê são um investimento no futuro!!

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  2. Mas olhe que essa sua inquietação interior produziu um belíssimo post que li com um sorriso nos lábios ainda não desvanecido.

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