São múltiplas as desvantagens com que uma pessoa se debate quando pretende cultivar-se intelectualmente e não tem vida para essas mariquices.
Para além do investimento financeiro - que
tem retorno previsível na vizinhança do zero, a não ser que consiga insinuar-me
junto de um vereador da cultura da CML de Sesimbra, ou vá, do Seixal (de
Setúbal é que não, que tenho rrreceio de não entenderrrr a a prrrronúncia )- o que mais me custa é o tempo que gasto nesta
dedicação à nobre arte da elevação
intelectual. Parte importante do qual é passado a lastimar o tempo que não
gasto na dedicação a outras nobres artes de elevação espiritual. Não pinto há
três anos. Nunca mais desenhei. Também escrevo pouco, se é que contam como
escrita os debitanços tontos que vou colocando aqui. Tenho álbuns de férias
desde 2010 para recuperar, mais o álbum de casamento director’s cut para terminar. O meu ponto cruz está mais mumificado
do que a Nefertiti que pretendia bordar. O pseudojardim põe a Amazónia a um
canto, só ainda não apanhei por lá crocodilos, mas é dar tempo às lagartixas. Pensei
nisto ontem, enquanto tentava debitar duas páginas sobre as novidades
arquitectónicas da segunda fase da
construção do Mosteiro da Batalha - que
me interessa tanto como o ciclo reprodutivo da formiga africana - e via o sol a
brilhar lá fora. Confesso-me um bocado
cansada desta coisa da elevação intelectual. Preciso mesmo de outra
licenciatura? Ou de ouvir a minha rica mãezinha, que tem sempre razão, perguntar
‘ó filha, mas isso vai servir-te para quê?’ e ter de responder baixinho (sentindo-me
assim mesmo mesmo estúpida) ‘bem, na verdade, muito provavelmente para nadinha
desta vida’. Pois é...
E logo à noite, em vez de ver ‘The
killing’ vou ter de debitar sobre frisos e nervuras, arquivoltas e rendilhados
manuelinos. Sweet...
Moralidade: Para a próxima, quando te derem as
febres da inquietação e da elevação intelectual, pega num livro de receitas e
aprende a fazer molotoff!
mas como deves ter consciencia de que...
ResponderEliminaros rendilhados e não-sei-mais-quê são um investimento no futuro!!
Mas olhe que essa sua inquietação interior produziu um belíssimo post que li com um sorriso nos lábios ainda não desvanecido.
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