Gostaria de formalizar um sentido pedido de apologias aos senhores da Vimeca a quem, num acesso de tontice injustificada, apelidei ontem de 'anormais'. Não foi bonito da minha parte, até porque os senhores foram uns queridos e atenderam a minha chamada telefónica às seis e meia da manhã e confirmaram que iam fazer as carreiras que me interessavam e tudo. Palmas, portanto, para a Vimeca. Claro que eu não sou ninguém para felicitar a iniciativa privada, mas se o Passos pode, eu também posso; que eu, pelo menos, não roubo nada a ninguém e ainda tenho alguma moral para falar de trabalho honesto.
Não foi, portanto, por causa da Vimeca que eu não pude vir trabalhar ontem. A Fertagus e Metro, a quem eu, conjuntamente, pago mais de cem euros por mês, é que me falharam. A Fertagus diz que por causa da Refer, o jornal diz que por causa de uma catenária, é escolher a versão. Seja como for, logo, quando for renovar o passe vou dizer à senhora para me fazer o acerto. Vou fazer-lhe perder o mesmo tempo que eu perdi ontem ao ir em vão para a estação. Coitada da senhora, não tem culpa, mas lá está, eu também não! Da Metro já nem vale a pena falar, porque aquilo lá é tudo enxertado em corno de cabra. Isto com todo o respeito que tenho pelos trabalhadores, apesar de ainda não ter apanhado nenhum particularmente simpático ou que tenha resolvido à primeira uma questão que eu tenha colocado. Culpa minha, seguramente, que não tenho nada de fazer perguntas difíceis. Admito que isto de trabalhar o dia todo debaixo do chão há-de queimar alguns neurónios; é mais do que normal que não consigam perceber, mesmo que se lhes explique com muita força, que parar a circulação não prejudica a empresa, que já vendeu os passes e se está profundamente nas tintas para o utente. Deve ser das vibrações, aquilo deve complicar com o ouvido interno e a malta acha que estas greves vão chatear muito o patrão. Não chateiam, amigos. O patrão adora, o patrão bate palmas de cada vez que recebe um pré-aviso. Sabeis porquê? Porque o que poupa em energia e dia que vos descontam mais do que compensa a meia dúzia de bilhetes avulsos que possam deixar de embolsar. As vossas estúpidas greves só chateiam quem paga (realmente) para beneficiar do serviços que os meus amigos prestam (sofrivelmente). Chateiam quem tem de andar ao sabor da boçalidade grevista dos meus amigos. E embora a greve seja uma prerrogativa prevista na Constituição, também deve estar previsto na Constituição o direito a ir trabalhar em paz e sossego e ter a garantia que o passe de 30 dias serve para a totalidade dos trinta dias. Até porque acabam por ser os utentes que cabam por pagar os salãrios de quem fica em casa a gozar o dia protestar. Desculpar-me-ão a franqueza. Nestas coisas das liberdades, o risco é sempre onde se começa a entropiar a vida do inocente. Eu também me sinto frustrada. Também estou com este governo pelos cabelos. Mas não me vêem a mim lixar a vida do próximo gratuitamente, pois não? Ó meus amigos, com todo o carinho vos digo: sois burros! Aprendei a fazer as coisas! Quereis fazer mossa no patrão? fazei greve às bilheteiras. Abride as cancelas e deixai passar o povo sem pagar. Aí, já dói ao patrão, que tem os custos todos da operação e ainda redução efectiva de receita. Como diz? que depois os maquinistas não podem ficar em casa? POIS NÃO! Mas se há uma causa maior...Ou não há?...
Estamos todos pelos cabelos! E claro que alguns se aproveitam da greve para simplesmente ficar de pernil estendido. Mas não serão todos. E sim, cada vez mais concluo que greve é uma forma de luta ultrapassada, que só chateia os do costume, mas fazer o quê? Foi um dia... e já passou! :)
ResponderEliminarBeijocas!
Desta vez discordo, do teor do seu post. Afinal, a única forma de luta que resta aos trabalhadores é a greve. Prejudica quem quer ir trabalhar? Certamente que sim,mas não há alternativa!
ResponderEliminarQuanto ao pessoal do Metro tem toda a razão. Eu pensava que era azar meu só dar com funcionários/as trombudos, mas felizmente não sou o único.:-)))