Andava eu placidamente a tirar fotos no meu último dia de férias no Terra Nostra Garden Hotel, em S. Miguel, Açores, quando me deparo com uma simpática família de cisnes negros num dos lagos. Imbuída do espírito do intrépito repórter da National Geographic, embora equipada como uma reles amadora com a minha estúpida Sony Compact, que leva cinco minutos a disparar, depois de ter levado dez a focar (stupid stupid camera, hate you), decidi (que brilhante ideia!)aproveitar umas pedras dispostas em intervalos regulares para chegar até meio do lago e tirar uma foto da família. Aqui está ela.
Notarão os cisnotos (?) (como raio se chamam os filhotes de cisne? eis uma boa questão, que não me apetece agora investigar, lamento) lá longe, cinzentos, meio desfocados, e globalmente pouco interessantes, e no canto inferior direito, um cisne adulto, assim a atirar para o grandote, de pescoço feito, firme e hirto como a barra de ferro do Professor Alexandrino, e que, vos garanto, me chegou lá do fundo de ao pé dos filhotes até onde eu estava em menos de cinco segundos. E perguntam vocês o que é que o cisne Fitipaldi queria? É bom de ver: pensou que eu lhe queria roubar as criaturinhas piadoras e veio tirar satisfações. Sim, sim, a reles criatura atacou-me! Fincou-me o seu estúpido bico, agarrou-se-me aos jeans e ali ficou a bicar e a esbracejar com as suas estúpidas asas a ver se me mandava ao charco.
A prova, em imagens, cortesia do meu digníssimo esposo, pese embora não ter apanhado os melhores momentos da coisa, preocupado que estava com o facto de eu efectivamente poder cair à água e não ter a máquina na selecção de cena correcta para documentar o momento e gozar-me até ao fim dos tempos.
O que vale é que eu sou uma pessoa extremamente calma. Não entrei em pânico, ciente de que quanto menos ligasse à criatura melhor me correria a vida, apesar de me apetecer imenso dar-lhe uma biqueirada na cabeça. Mas resisti. Estavam ali os pequenitos e ninguém gosta de ver o pai levar uma coça monumental, especialmente duma miúda. Os cisnes também têm sentimentos. E quem sou eu para traumatizar os patinhos feios!
Após umas cinco ou seis bicadas e uns dois ou três valentes puxões nas calças, o estúpido animal lá percebeu que:
a) não me estava a aleijar,
b) eu não lhe ia roubar os estúpidos filhotes,
e lá se acalmou. Aproveitei para voltar rapidamente para a margem, onde uma apoplética mãe ainda me passou um sabonete monumental 'ai parece impossível, tu fazes cada parvoíce, olha se cais à água, bla bla bla, ...és mesmo irresponsável, bla bla bla...'
Posso afirmar, com segurança, que o meu apreço pelos cisnes negros atingiu um mínimo histórico, e que estes estão agora cotados imediatamente a seguir aos indestronáveis gansos no meu top de aves absolutamente anormais*.
*aves que já me causaram prejuízo, a saber: gansos (perseguição furiosa) e pombos (bombardeio indecente numa ocasião em que estava a tocar guitarra e a tentar impressionar a minha parca audiência. Consegui: há que reconhecer que manter um acorde de sol maior com caca de pombo a escorrer dos dedos para as cordas não é para fraquinhos!
Hoje começo bem o dia... bem, que risota, só te digo. E para compor a crónica só faltou a musiquinha de fundo com o “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky.
ResponderEliminar:)
Ahahah, "O Lago dos Cisnes" a acompanhar o post em música de fundo está muito bem visto! :)))
ResponderEliminarBom, que grande aventura! Isso numa parangona dava qualquer coisas como "A intrépida fotógrafa Safira agredida por um cisne negro", com o subtítulo "Aventurar-se no meio de um lago para fotografar patinhos feios pode ser perigoso!" :D
Quanto à mummy, pois, elas são umas queridas, mas às vezes também muito chatinhas! :)
Beijocas e bom fim de semana para ti (longe de cisnes)!