Are you talking to me? 'Cause if you are, I really couldn't care less...
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Happy New Year
domingo, 28 de dezembro de 2008
Espírito de um Natal passado...
Aqui estou eu no meu primeiro natal, com nove mesitos e já a querer armar-me em esperta e andar, enquanto o meu primo B., com oito meses, continua placidamente sentado. (O meu primo B. pertence ao lado louro e de olhos azuis da família, que como rapariga sortuda que sou, nao herdei, claro está. Eu sou do lado do cabelo preto e olhos castanhos, mesmo. Ca nervos!!!!)
A foto é na minha casa em Paris, naturalmente.
E é inevitável relembrar os meus natais brancos em França. Com um sorriso nostálgico penso na inocência com que preparava o café que ia deixar para o Pai Natal se aquecer. Tínhamos uma casa engraçada, em Paris, com uma escada em caracol que ligava a cozinha à sala, a chamada 'loge', onde eram tratados os assuntos do prédio com os moradores (os meus pais eram concièrge, e os nossos aposentos eram contíguos a uma 'recepção', digamos assim). De maneira que, passava o serão do dia 24 a subir a escada para ver se o café ainda lá estava, sinal de que o pai Natal teria ou não passado. Ia deitar-me nesta excitação, e acordava na manhã seguinte com uma excitação ainda maior. Subia a escada a correr, em pijama e descalça (vício que ainda hoje me acompanha) e abria a chaminé. E ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Uma chaminé cheia de presentes!!!! E lembro-me de estar sentada no chão, a olhar embevecida para os livros (o meu presente favorito), e a minha mãe a rir-se no cimo da escada, e a ralhar moderadamente por eu me ter escapulido da cama tão cedo e andar sem chinelos. A minha mãe ainda hoje me chateia a cabeça se me apanha descalça em casa. Aliás, só para não a ouvir, assim que a campainha toca, lá vou eu calçar-me à pressa. Estou aqui sentada no pc e, guess what? tenho os dedinhos ao leú. Estão gelados, mas estão livres!
E pronto, um ar dos nossos natais em França...agora que passou mais um por cá. Se um dia tiver filhos hei-de dar-lhes natais como os que eu tinha. E ai de quem me diga às crianças que o Pai Natal não existe!!!!
E hei-de ensinar-lhes esta canção, também!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
We wish you a Merry Christmas
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Só para que conste...
Mas ando um bocado atarefada...mas ainda posto os meus votos este ano! Espero.
Era só isto, que o patrãozinho deve estar a voltar do almoço de 3 horas. Não que eu repare nestas coisas...
Olhem, aproveito e mudo a música!
Mas não há foto, que não tenho tempo...
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Estou chocada!
Ando eu a pedir o homem na chaminé e ele anda-me enrolado com a palerma da Cindy Crawford num vídeo para uma música de Natal? Não acho isto nada normal. Onde é que está o respeito? Hum??? Nos melos, ela com a barriga à mostra e mais não sei quê, e ele a oscular-lhe o queixinho e a cantar uma canção de Natal?
domingo, 14 de dezembro de 2008
Quem não tem cão, caça com gato...literalmente!
Grande plano (sem metade de 'José', que não coube)
'Maria' e 'José' usam manto drapeado do 'Gato Preto' e laços de sisal.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Carta ao Pai Natal
Eu sei que no post anterior disse que não estava nada com espírito natalício, mas entretanto reconsiderei, e decidi comunicar-to directamente. Espero que saibas usar a internet, Pai Natal
Não te assustes, que escrevo estas singelas linhas sem espírito pedinchão, embora não cuspa na sopa se quiseres largar-me o Jon Bon Jovi chaminé abaixo. Nesse caso, peço-te que me avises, para eu colocar umas almofadas, porque odiaria que o homem me partisse o cóccix.
Espero que não andes muito estafado, Pai Natal. Sabes porquê? Porque queria pedir o teu conselho avisado para tentar decidir se gosto mais do blusão de cabedal castanho da Mango (tamanho M, que a ginástica alargou-me os ombros) ou se devia considerar deixar a ostentação de parte e investir na minha educação, o que conseguiria com a série de 4 DVDS sobre os Impérios de Napoleão, que vi ontem no Corte Inglês. Estava muito perto da zona das séries televisivas e confesso que também não dizia que não à terceira série do ‘Boston Legal’.
Ah, Pai Natal, deve ser uma altura má para ti, eu sei, e felizmente que tens os duendezinhos todos a ajudar, razão pela qual não me custa estar a massacrar-te com esta troca de opiniões inocente. Mas custa-me tanto passar pelo Cantinho do Pintor e ver aquelas maletas Van Gogh, recheadas de material (os óleos, Pai Natal, os óleos), ali abandonadas...ah, poderia fazer coisas tão bonitas se tivesse uma maleta dessas, Pai Natal. Já viste os sorrisos que poderia pintar nas telas e nas caras de quem as recebesse? Que bom é dar e receber, não é Pai Natal?
Sabes que faço um bolo de especiarias extremamente bom, Pai Natal? E que tenho um Cognac maravilhoso (cuja proveniência não posso aqui divulgar, e não insistam porque não posso dizer que foi o chefe que me deu)? Já viste Pai Natal, se por acaso passasses lá em casa com alguma destas sugestões, assim coisas que ninguém quisesse e a que não soubesses o que fazer, podias aligeirar o teu saco, descansar e retemperar forças antes de seguires a voar nos céus, no teu trenó não poluente. Eu também sou muito amiga do ambiente, Pai Natal, e este ano reciclei tudinho, como uma linda menina.
Pronto, como vês, escrevi desinteressadamente, só mesmo para dizer olá, e perguntar pelo Rodolfo. Espero que lhe tenha passado a alergia no nariz...
Grande beijo, Pai Natal
Safira
PS: Também não ficaria aborrecida se enviasses uma embalagem de Mucosolvan ao meu vizinho de baixo, que o pobre não consegue dormir com a tosse cavernosa. Eu sei disso, porque também não durmo, mas não estou nada chateada porque é uma época de alegria e temos de amar os nossos irmãos todos. Mesmo que eles cheirem a peixe e tabaco...
Há pessoas que não têm o hábito de usar perfume, não é? Oh, que coincidência! agora que falo nisso, gostei imenso do novo ‘Euphoria’ do Calvin Klein. Já cheiraste, Pai Natal?
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
X-mas Spirit em baixa, mas a malta está a tentar
Com o Boris na idade do armário,
passaria provavelmente metade da vida a apanhar bolas, grinaldas e quiçá a própria árvore do meio do chão e, convenhamos, tenho mais que fazer!
Também não vou por as velinhas de pai Natal, e o centro de pot pourri cheio de pinhas e pauzinhos de canela, mais ou menos pelas mesmas razões. Nem a meia na chaminé, mas porque não tenho onde a prender, a não ser que alguém me faça o obséquio de dizer como se espeta um pionese numa pedra de mármore (nota mental: antes de gastar dinheiro, ver se a porcaria que se comprou pode ser usada...).
Em suma, e a não ser que algo mude drasticamente (i.e, que o Boris deixe de saltar por todo o lado, ou que inventem arvóres e decoraçãos em cimento armado) Santa Claus vai ficar desapontado com a recepção que lhe vou fazer. Mas até temos pena. Temos pena porque até fomos boazinhas este ano, e o nosso sapatinho devia ficar cheio a abarrotar. Aliás, fomos tão boazinhas que estávamos a pensar por umas galochas em vez de um sapato.
Mas até mesmo as galochas seriam insuficientes para o meu primeiro presente de Natal, oferecido pela minha prima que veio de Paris passar estes dois últimos dias chuvosos comigo, e que personifica como um presente* deve ser. A saber:
- Ser oferecido com gosto, pressupondo que se perdeu tempo a pensar na pessoa
- Ser adequado: ter a ver com a pessoa, ou com o momento que a pessoa atravessa
O presente da Élia ( que me trouxe mais milhentas coisas, entre elas uns DVDS preciosos de comédia francesa), tem tudo isto. Já explico o que é. Deixem-me só dizer que cometi uma incorrecção ao dizer que foi o meu primeiro presente. Na verdade, foi o último. O que ela me deu no limite do acesso para a porta de embarque, já nas cenas habituais de despedida, para grande divertimento de outros passageiros que devem ter achado estranho duas mulheres já crescidas na choraminguice (sou muito má em despedidas, mas ainda me ri porque o jovem segurança lhe perguntou se estava tudo bem ao ver o seu ar desgraçado. Eu, como nao tinha bilhete, bem podia morrer ali que o tipo não se ralava nada). Com a recomendação de só o abrir em casa, meti-o na mala, para abrir mais tarde. E saiu-me isto:
E isto o que é? Pois que é uma caixinha de 'Daily's Fortune',. Assim tipo um bolinho da sorte chinês, mas sem o bolinho. E para que serve? Para enfoque. Para não se perder a perspectiva. Supostamente, terei de tirar todos os dias um envelopezinho, abri-lo e ler a minha frase de enfoque para o dia. Isto valerá o que vale, mas se formos a ver pela amostra, a coisa não é descabida de sentido. A minha frase de enfoque de hoje, já traduzida da língua de Astérix é a seguinte:
Seja fiel na amizade.
A vida passa, mas os melhores amigos permanecem para sempre.
É um facto. E, como com todos os factos, assimilamo-lo e guardamo-lo num recanto qualquer do cérebro, regra geral só voltando a pensar nele se confrontados. Isto será então um 'daily reminder' para ser positiva e ver a vida como um copo meio cheio e apreciá-la menos como um facto e mais como uma energia.
Assim sendo, Santa Claus, gosto muito de ti, mas acho que já não precisas preocupar-te muito com o meu sapatinho. Apesar de granducho, acaba por já ter pouco espaço para coisas que não tenha e de que precise muito muito muito para viver. As pessoas que me rodeiam encarregam-se de mo ir enchendo de coisas essenciais volta e meia, mesmo que eu nem sempre consiga ver isso da melhor forma e precise de abrir envelopinhos todos os dias para pensar nisso. Tenho 500 dias para encasquetar a filosofia, Estou confiante que deve chegar!
Mas, como não ranhosona, vou imbuir aqui o tasco de espírito natalício e escolher umas músicas de Natal até que a quadra passe. E se alguém quiser cantar Christmas Carrolls à minha porta, como fez o mocito do 'Love actually', na minha cena romântica de eleição, pois que estejam à vontadinha. Especialmente se tiverem a cara que ele tem! ;)
* o autor pressupõe a diferença intrínseca entre 'presente' e 'mimo'. Dar um presente é um acto íntimo. Um mimo é uma atenção, que requer um estudo menos elaborado, embora seja conveniente conhecer minimamente os gostos da pessoa que se quer presentear. Incluo nos mimos, os chocolates, os sabonetes, os gadjets, etc. São presentinhos só para dizer 'pensei em ti'. Um presente diz muito, muito mais. Mas gosto dos dois, sim? Estejam à vontade!
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
E se ele estivesse barrado a ouro, também o deixavam ficar?
O meu 'John Doe' canino era parecido com o desta foto, e assim lhe presto homenagem. À falta de mais alguém que se rale...
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O que tu queres sei eu...
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
O regresso da contestatária
domingo, 23 de novembro de 2008
Há dias em que não vale a pena sequer tentar...
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Alive and Kicking
(fiz batota, o Deus da Guerra com excesso de solário está mesmo mau demais...não mostro! Este é outro rapaz qualquer, não me lembro do nome, mas era famoso, e também tem as sombras mal amanhadas, embora se perceba que não vem da Somália. Acho eu... )
Isto, são as más notícias...
Em contrapartida, ontem fui recebida em apoteose na minha aula de ginástica. É verdade! Por motivos de saúde, de excesso de trabalho, e de preguicite aguda, não pus lá o pezinho durante um mês. Decidi, ao ver o meu perfil arredondar-se que se calhar faria bem em regressar. Tenho para mim que os espelhos são uns antipáticos, digam o que disserem. Assim, ontem, entrei na sala e ia para me dirigir à monitora quando fui acolhida pela Monique (aka, Panzer Girl) com um grito (bom, foi mais uma exclamação muito entusiastica):
domingo, 16 de novembro de 2008
A minha vida dava um filme negro
Leão de Veneza! Urso de Berlim! Me aguardem!...
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Interlúdio musical
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Verdes de inveja...
Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia.Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:
E é assim....Diariamente, tropeçamos em cobras!...e, não raras vezes, conseguem ser mais feias do que esta.
domingo, 9 de novembro de 2008
Desafio muito maravilhoso
Craro, né? ( Quer dizer, estive indecisa entre eles e os Beatles (calma...ok? Eu sei que não tem nada a ver. Sou eclética, e depois?), mas para certas perguntas dava-me mais jeito uma coisa mais mainstream. Puristas, perdoem-me)
2.Descreve-te. She’s a mistery
3. O que as pessoas acham de ti. Blaze of glory (perdoarão a imodéstia, mas o blogue é meu, mesmo...)
4. Como descreves o teu último relacionamento? Lie to me ( e o outro antes desse, e o antes desse e ainda outro antes desse. A raça é muito aldrabona...)
5. Descreve o estado actual da tua relação. Living on a prayer (aqui dava-me jeito ter escolhido os Queen que espetava aqui 'Invisible Man' que era uma beleza)
6. Onde gostarias de estar agora? Bed of roses
7. O que pensas a respeito do amor? Something to believe in
8. Como é a tua vida? It’s my life (e está tudo dito)
9. O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Diamond ring (com a crise é sempre bom ter um bem rapidamente convertível )
Miracles Happen
Why, oh GOD, why, do you not like me????
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Dois em um...
Para além de uma saudação especial, geralmente um sonoro ‘Bonne Fête!’, não está excluída a oferta de uma lembrança, pormenor que sempre foi do meu agrado ;).
Por isso fui recebida esta manhã com uma linda rosa, dada pela minha linda mamã. Sim, hoje é o meu dia no calendário!
E neste mesmo dia, há trinta (glups) anos atrás, foi-me oferecida a melhor prenda de todas. Vinha ‘embrulhada’ num babygrow cor de rosa, de onde espreitava uma carinha vermelhusca e esfomeada, que anunciava a sua chegada ao mundo a plenos pulmões. A minha mana linda nasceu no meu dia. E esta, hein?
Para ti, M. com um grande beijo de parabéns!!!
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Mitos desmistificados
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Quem quer ser o meu papá ou a minha mamã?
Pronto, já falaram os bébés, agora falo eu!
domingo, 2 de novembro de 2008
Última hora?
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Salto Quântico
Os temas eram variados, mas havia sempre os incontornáveis ‘quando crescer quero ser...’ e ‘se pudesse viajar no tempo seria...’.
Sendo que, quanto ao crescer, a partir de agora só se for para os lados, detenho-me uns minutos sobre o ‘se eu pudesse viajar no tempo seria...’.
A parte absolutamente fútil da minha pessoa levar-me-ia a responder, de caras: dama de companhia na Corte de Luís XIV. Mas nobre, claro. Nada de aia vinda do poveco. Porque não a própria da Rainha, perguntarão vocês. Bem...primeiro porque a pobre Marie-Thérèse não brilhava pelo seu intelecto, e depois porque era chifruda. Não estou cá para aturar um homem que durma com outra(s), ainda que seja Rei de França. Era o que mais faltava!
E depois porque é muito mais giro ser coquette e espirituosa e ter os imbecis dos príncipes, duques, condes e viscondes todos a suspirar pela discreta e elegantérrima Duquesa (gosto mais do título de Condessa, mas os Duques são mais ricos), do que ser Rainha e só ter salamaleques interesseiros. O poder tende a atrair gente engraxadora e isso é uma coisa que eu não suporto, e a ter de incarnar a babaca da Marie Thérèse, que possuía a retórica de um rato do campo, não lhes poderia dar as tiradas sarcásticas que eles mereciam e, por conseguinte, ficaria frustradíssima. E para ficar frustradíssima, deixo-me estar no escritório e poupo a desagregação molecular de uma viagem ao passado!
Confesso que gostaria de ocupar grande parte do meu tempo em Versailles. Desfilar, de queixo elevado, nesta galeria, vestida de ríquissimos veludos brocados (admitamos que seria inverno, porque o veludo no Verão é capaz de ser muito quente), com os cabelos presos com travessas cheias de pedrarias, e joias maravilhosamente discretas, para não ofuscar a minha estonteante beleza natural.
Brincadeira (que surgia espontanea e inesperadamente) à parte, nesses tempos, os bons eram mesmo bons. Honrados, com princípios, corajosos e honestos. Podiam cheirar mal, mas eram ´comme il faut'. Hoje cheiram todos muito bem, mas na maior parte... são umas bestas.
* Não foi só o Tolkien que escreveu uma trilogia: A história de D’Artagnan começa efectivamente com ‘Les Trois Mousquetaires’, mas continua em ‘Vingt Ans après’ e termina com ‘Le vicomte de Bragelonne’. Se bem me lembro, já lá vão uns anos valentes, este Vicomte era o filho de Athos e Milady de Winter ( essa grande cabra!)
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Eu só queria beber o meu chocolate quente em paz...
A dada altura, enquanto eu estava junto da caixa a pagar, ouço-as em dissimulada risota, o que, invariavelmente só pode significar uma de duas coisas: ou estão a gozar comigo, ou estão prestes a fazê-lo.
Com o mode em red alert, regresso a mesa e com seráfico sorriso, grunho:
O que é que foi? Vá!!
A Mana: nada, nada, estava a pensar numa coisa que me disseram...
E a minha mãe vá de olhar para o ar, e a minha irmã vá de se matar a rir. A coisa prometia...
Recostei-me calmamente, o sobrolho esquerdo franzido em not amused inquirição.
Por entrecortadas frases, pontuadas de gargalhadas e faltas de ar, consegui que o monstrinho me pusesse a par. E o que gostei da revelação!
Parece que o chefe dela – com quem, de todo, não privo, e a quem não creio ter alguma vez endereçado palavra– acha que eu seria ideal para um amigo dele que andará pelas ruas da amargura. Parece também que o rapazito amargurado, apesar de pouco atraente, é culto e muito atinado, mas que precisa de uma mulher mais velha (note-se a delicadeza do animal chefe!). E que tinham – a minha irmã e ele - de nos arranjar um encontro.
...mas consegui controlar-me e quando reganhei consciência ainda a ouvia a falar:
Ela (a tentar redimir-se): eu sei que não queres...ha ahahahah
Eu: que perspicaz da tua parte!
Ela: mas foi tão engraçado...hahahahah...
Eu: é, estou aqui que não posso de tanto rir!
Ela:...a tua cara...hahahhahaahhaha
E vá de rirem as duas.
E é isto a minha vida...
Da Mana tratarei oportunamente (não há Acqua di Gio este ano, que é para aprenderes!). Agora só tenho de descobrir que carro é que conduz o chefe, e redecorá-lo com uns riscos a mão livre. Tenho uma chave de fendas muito jeitosa para o efeito. Depois pode pedir ao amigo amargurado que o ajude a polir!
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Spleen
Foi um profundo ataque de Spleen que me assolou quando fui ver o filme ‘Paris’. Recomendado por um amigo mais atento do que eu, que ainda por cima me enviou o Trailer, (obrigada N.), o que me deixou logo de coração palpitante e olhos marejados. Traduzi a sinopse ( a original) mais abaixo para quem quiser ir espreitar, e recomendo, claro, para quem gosta de cinema francês. Mas para o cinéfilo incauto será só mais um filme, com planos bonitos de Paris, um argumento interessante e uma surpreendente Juliette Binoche, de quem nunca gostei muito, e que, pasme-se!, me conquistou por completo. Ela, ou a sua desencantada personagem. Talvez seja mais honesta esta frase. É um filme repleto de dramas pessoais, muito ‘normal’para quem o vê só com olho clínico. Para quem, como eu, o absorve com os olhos da alma, a história já é outra. Embirro solenemente com as pessoas que dizem que só se percebe o que é ser mãe quando se é mãe, mas não posso deixar de fazer esse paralelismo com Paris. Só percebe o que é Paris quem lá viveu. Paris entranha-se e não nos abandona mais.
O filme foi o pretexto de que o meu spleen omnipresente precisava para se manifestar. Às vezes é preciso deixá-lo respirar um bocadinho e acalmar-se, antes de o voltar a empurrar para o seu lugar secreto. Agora já está quietinho... embora mais apertado, que o lugar secreto já tem dificuldade em contê-lo...
É a historia de um parisiense que está doente e que se interroga sobre se vai morrer. O seu estado dá-lhe um olhar novo e diferente sobre todas as pessoas que ele cruza. O facto de encarar a morte subitamente fá-lo valorizar mais a vida, a vida dos outros e a da cidade inteira.
Vendedores, a dona de uma padaria, uma assistente social, um dançarino, um arquitecto, um sem abrigo, um professor universitário, uma modelo, um camaronês clandestino...
Todas estas pessoas, opostos à partida, encontram-se reunidas nesta cidade e neste filme.
Podem pensar que eles não são excepcionais mas, para cada um deles, a sua vida é única. Podem pensar que os seus problemas são insignificantes, mas para eles, são os mais importantes do mundo.
Cédric Klapisch
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
O Palhaço
Os amigos
O lenhador
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Até a Vénus de Milo perdeu a cabeça...
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
A Besta
E perguntam vocês: que raio andou ela a fazer?
Nada. Absolutamente nada. Essa é que é a grande ironia. Gostaria de ter feito, mas o Demo estava a gozar comigo. O Mafarrico tirou a tarde para me infernizar. O Chifrudo enviou o seu instrumento do Mal para me levar à loucura.
O Diabo - só pode ter sido ele a soprar-me esta ideia estúpida ao ouvido - fez-me comprar isto no Lidl ( mas a preço muito jeitoso, diga-se em abono da verdade):
E eu, que ando numa fase de querer saber fazer tudo (menos mecânica automóvel ou física quântica) e não percebo, a bem dizer, nada destes engenhos de fada do lar, achei que era boa ideia saber usar uma máquina de costura, e que isso faria crescer as minhas hipóteses de sucesso junto do sexo oposto:‘vê, querido, que bem sei casear em zigue zague’. O que, como toda a gente sabe, é uma coisa a que os gajos não resistem!
Passei horas infinitas a tentar vencer os caminhos de Satanás, mas não logrei domar a Besta. Não fiz nada deste engenho das Profundezas Sulfúreas. E Dante pode ir passear com o seu ‘livrinho’, porque o Inferno dele é um conto infantil comparado com a tortura infligida ao meu cerebelo ao tentar seguir o manual e compreender a terminologia das 37 infernais pecinhas referenciadas.
Capitulei e fui buscar reforços. Chegou a minha Mãe... e depois foi Inferno a dobrar. Eu queria seguir o manual e ela, exímia costureira, ia-me buzinando informação e mexendo em tudo, e fazia coisas enquanto eu estava a ler, e quando eu chegava à linha dois já ela tinha passado para a outra folha... Passo os detalhes sobre a discussão acesa e as ameaças de mummy, já farta de me ouvir reclamar, e que começaram do agastado ‘daqui a bocado fazes sozinha’ ao ‘daqui a nada levas um estalo’ (mana pode testemunhar, pois foi aí que ela deixou de gozar comigo e ficou de prevenção para o caso de haver cenas de pugilato infanticida).
Moral da história: a máquina voltou para dentro da caixa. Tento de novo quando tiver comprado o Xanax!
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
O galo deu-me uma folga
Nunca fiando no meu sentido de orientação, interrompi educadamente a conversa de duas senhoras para lhes perguntar onde ficava o edifício. ‘Ah, é já ali, de onde estão a sair aqueles jovens’. Avancei, pelo meio dos jovens, com um misto de orgulho e apreensão, invejando-os secretamente por fazerem parte real do mundo para lá da escadaria.
A sensação de subir as escadas da entrada da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa foi como levar um murro no estômago. Sem a parte da dor. Só do impacto. Violento.
Perdura o sorriso parvo que se instalou no meu rosto ao ouvir a coordenadora do curso - e directora da Faculdade - dar as boas vindas e dizer às vinte alminhas sentadas na sala clara e atravancada de rabiscados estiradores: ‘vocês são alunos das Belas Artes’.
O 'vocês' inclui-me a mim. Eu também sou, pelo menos até ao fim do primeiro módulo do Curso Livre de Desenho da Figura Humana. Calhando, até ao fim do terceiro módulo, lá para Junho de 2009.
Can you believe it? Eu ainda estou em choque, confesso. Absolutamente aterrada, porque há dias em que desenho como um porco maneta, mas deslumbrada com a perspectiva de aprender com quem percebe mesmo muito do assunto. Calhando, saio de lá a desenhar como deve ser…ou pelo menos melhor do que o porco!
Segunda feira começa a sério…
Um cheirinho do primeiro desafio, a amiga Venus de Milo...
(...só que a nossa não tem cabeça nem pernas. Coitada...)
Hoje foi só apresentação e visita guiada das instalações.
A faculdade está instalada num antigo convento do século XIII, que resistiu ao terramoto de 1755. Seguimos o assistente Viriato pelos corredores povoados de esculturas e paineis esculpidos, e descemos até aos acervos (ou asservos? não sei bem, mas não me apetece ir procurar), onde está guardado o espólio de esculturas. Tivemos direito a visita guiada e a breve explicação técnica sobre o processo de moldagem do gesso. O Viriato, nosso assistente, tem um fraquinho pela escultura, e um grande amor pelos seus ‘bébés’, mas reconheci-lhe o desencanto de quem quer fazer mais e não pode, de quem perdeu a fé num sistema que permite que dezenas de gessos se acumulem numa catacumba húmida, sem qualquer serventia e sem qualquer respeito. Fiquei chocada. Tinha ideia de que o património era mais bem tratado, especialmente estando sob a tutela de quem o estuda, e de quem tinha por obrigação dar-lhe um tratamento mais condigno. Houve quem comentasse ' Portugal no seu melhor' e estou inclinada a concordar.
Depois, fomos em pequenos grupos de cinco, até uma aula a sério, já com um modelo vivo (e vestido de ar. E que bem vestido estava, raio do moço…) e ainda deu para espreitar a papelaria, onde milhares de tubos de óleos e acrílicos gritavam ‘Safira, leva-me para casa’. Palpita-me que lá vou gastar uns trocos. Palpita-me que vou ter de pedir aumento ao patrão. Palpita-me mais ainda que ele me mande pastar...o patronato anda forreta ultimamente. Damn it!