Acho que tive um sonho mau durante as férias. Lá por terras vizinhas, sonhei
que o nosso (des)governo tinha inventado mais uma medida de austeridade capaz de resolver os males do mundo e arredores. No meu sonho, o Coelho pretendia que tirar mais 7% aos
trabalhadores por conta de outrem e entregar 5,75% disso ao patronato era a
panaceia para os males de uma Segurança Social corroída pelos vícios da
solidariedade para com quem não trabalha por opção (as ciganadas e afins) e
para com quem já não trabalha mas vai dando uns pareceres e acumula reformas milionárias,
sempre à custa dos mesmos. Dizia quem sabe, lá em S. Bento, que esta medida também
é a solução para o aumento do emprego: está visto que com a redução da TSU as
empresas vão a correr meter mais pessoal, mesmo que dele não precisem,
especialmente as que já não têm trabalho para os que já lá têm. Com os 1.75% que sobram, e que devem reverter
para o estado de alguma forma que eu, anónima obtusa, não consigo descortinar, suponho
que também se tente reduzir o défice, embora não tenha percebido muito bem
como. Se já acordada nem sempre compreendo o raciocínio do nosso Primeiro, num
sonho de contornos nebulosos o problema agudiza-se consideravelmente. Será
seguramente defeito meu; está visto que sou estúpida porque levei cinco a
formar-me e há quem no governo consiga isso em escassos meses, por isso é
natural que não alcance o brilhantismo desta medida. Tenho uma vaga ideia de,
no meu sonho, ter pensado ‘olha que pena eu ser tão estúpida, senão até podia
sugerir ao nosso Primeiro que fosse por aí ao calhas, e batesse à porta de
qualquer empresa e pedisse os documentos da contabilidade e começasse a fazer
contas ao dinheiro que entraria direitinho para os cofres do estado se os
carros de função fossem taxados em sede de IRS, como o complemento salarial que
são, e se as facturas de restaurantes fossem taxadas em sede de IRS, como rendimentos
não declarados que são. E se os ROCs (Revisores Oficiais de Contas) não fossem
todos uns fantochitos comandados pelas empresas auditadas, que por mera casualidade
até são quem lhes paga a avença (ah pois!) e se o Estado fiscalizasse como deve
ser, se calhar, mas só se calhar, o nosso Primeiro percebia onde lhe pára o
dinheiro que lhe falta...' Tenho para mim que se quisesse muito, se os tivesse no sítio e
se não tivesse medo de ofender os amiguinhos nababes, começava por aí em vez de
perseguir quem trabalha a sério. Digo eu. Mas eu sou estúpida, por isso não façam grande caso, que eles é que percebem disto à brava! E afinal, isto foi só um sonho mau que eu tive. Daqui a pouco acordo e estou num país normal, livre destes bandos de alienados mentecaptos. Certo?
Por acaso esse sonho mais parece um pesadelo! :P
ResponderEliminarBons sonhos para a próxima!