segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Da náusea


É pena que eu não possa escrever tudo o que me apetece aqui porque assim de repente fico a saber de coisas, que não posso contar aqui, e que ficam só tacitamente implícitas para quem quiser fazer elucubrações das mais escabrosas - porém não inverosímeis - e para quem eventualmente souber do que estou a falar (ao bom estilo do ‘eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei’).
É com pesar que constato que a pulhice começa a ser moeda corrente e o parasitismo um modo de vida. Vejo coisas - as tais que não posso contar - e penso, invariavelmente, e numa base diária, que, de facto, teria sido melhor enveredar por uma promissora carreira na pesca: vómito por vómito, no mar sempre há desculpa! Eu, ai de mim, sou obrigada a engolir a bílis negra, que a não posso expelir sem correr o risco de levantar suspeitas com inusitadas corridas à casa de banho, assumindo que a indignação do mais fundo das entranhas aguentava a viagem até lá. Invejo as grávidas: sempre têm a desculpa do enjoo matinal; eu, não me incluindo no estado de graça, não tenho, embora padeça do mal. A nuance é que o meu enjoo matinal se perpetua tarde afora. Uma náusea permanente, portanto. E não há nausefe que me valha, não há bolachinha de água e sal, ou outra mezinha popular, que me alivie.

Conforto-me apenas, no meu imaginário, nesse que seria o meu remake do grande filme de Brian de Palma, Os Intocáveis. Vejo-me muito bem em Elliota Nessia de saltos e farta cabeleira, de AK47 em punho a disparar contra a corja toda. Limpava-lhes o sebo a todos, aos Al Capones deste lindo país à beira mar plantado e aos amigos todos à beira mar plantados, mas mais a sul.

3 comentários:

  1. como te compreendo... mas espera só até eu ter papéis na mão para servirem de prova...direcção geral do trabalho, aí vou eu.

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  2. Água das Pedras com limão. Se não resultar, a garrafa pode-lhes dar uma boa dor de cabeça!

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