segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Yurie Manuel - 1994-2010


Não foi nunca o melhor cão do mundo. Mordeu-nos vezes sem conta, nunca aprendeu a sentar-se ou a fazer qualquer habilidade a nosso pedido, ladrava em decibéis proibitivos e nunca foi um animal que pudesse considerar-se meigo. Pelo contrário, sempre lhe fizemos festas sem ter a certeza de não perder um dedo no processo. Era um cão muito foleirinho, há que reconhecê-lo. Mas era o nosso cão e foi o nosso cão durante quase 16 anos. Talvez merecesse um melhor epitáfio, mas devo-lhe a cortesia de não ser hipócrita na hora em que o homenageio. Era um cão peste, peste como poucos, mas pôs duas mulheres feitas a chorar como madalenas à porta do veterinário e a mãe delas a fungar como uma criança também.

Tivemos de ajudá-lo a partir e custou muito. Custou muito mas também custava muito continuar a vê-lo definhar, a ver extinguir-se dia após dia o pouco de vida que ainda havia no seu corpo magro e já meio abandonado.

Nunca perdi um animal assim. Ainda estou na ressaca da coisa, mas temo que não se me arrede da memória a imagem daquele corpinho frágil e sem reacção na marquesa Há sempre um factor de culpa associado, ainda que racionalmente se saiba que é melhor assim, e que se poupa sofrimento. Isso a mim, curiosamente, não me consola grande coisa. Fui eu que assinei o termo de responsabilidade. É uma coisa com a qual vou ter de me reconciliar, mesmo sabendo que era o melhor a fazer. Fui eu que entreguei um cartão magnético para ficarem com o seu corpinho inerte. E o seu corpinho inerte está lá sozinho agora, à espera que o levem para cremar. E eu estou aqui, a lembrar-me da primeira vez que o trouxe para casa, cachorrinho mais lindo que ele era...
Dói-me, pronto. Dói-me mesmo como o cacete.

14 comentários:

  1. Tenho tanta, tanta pena, que nem sei escrever nada. Podia não ser o melhor e mais simpático cão do mundo, podia ser um cão peste e até um bocadinho velhaco (e quantas histórias saborosas essa sua faceta da sua personalidade deve ter rendido ao longo destes 16 anos, quantas continuarão a fazer-te sorrir de cada vez que o lembrares), mas era o TEU Yurie Manuel. Único.
    Sei que sabes que sei o que sentes.
    Um grande beijo.

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  2. Mesmo que te doa, fizeste o melhor que podias! E não é pelo facto do Yure ser um animal mais simpático ou antipático, mais ou menos obediente, que se sente a falta dele - o amor aos nossos, animais ou pessoas tanto faz, não se mede assim...

    Fica bem, amiga!

    Beijocas!

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  3. Tive o prazer de lhe fazer festinhas (e tenho os dedos todos). Uma beijoca para ti.

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  4. Os animais são como filhos que vemos crescer, brincar, roer, morder.

    Muito provavelmente o Yuri Manel deverá estar a ladrar e infernizar o céu dos cãezinhos, como me contou a minha mãe, o mesmo céu que deverá cheirar muito mal, todo urinado pelo Atrevido, o rafeiro que me viu crescer em menino.

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  5. Era de facto o cão dos infernos mas era o nosso cão... e passámos com ele quase metade das nossas vidas e custa, como custa...
    Mas também temos histórias bem engraçadas com ele e momentos muito doces (lembras-te quando ele era pequeno e dormia na minha cama com a cabeça em cima da almofada? Era tão fofinho...claro que não me podia mexer sob pena de ficar sem um bocado do nariz!!!). É assim que me quero recordar dele, é esta a homenagem que partilho contigo. O que aconteceu ontem foi tornarmos-lhe mais digna a sua partida que estava iminente. Fizémos o que pudémos enquanto cá andou, tentámos de tudo para que tivesse a melhor qualidade de vida possível nos últimos tempos.

    Yurie Manuel nunca te esqueceremos... Até sempre!

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  6. Era de facto o cão dos infernos mas era o nosso cão... e passámos com ele quase metade das nossas vidas e custa, como custa...
    Mas também temos histórias bem engraçadas com ele e momentos muito doces (lembras-te quando ele era pequeno e dormia na minha cama com a cabeça em cima da almofada? Era tão fofinho...claro que não me podia mexer sob pena de ficar sem um bocado do nariz!!!). É assim que me quero recordar dele, é esta a homenagem que partilho contigo. O que aconteceu ontem foi tornarmos-lhe mais digna a sua partida que estava iminente. Fizémos o que pudémos enquanto cá andou, tentámos de tudo para que tivesse a melhor qualidade de vida possível nos últimos tempos.

    Yurie Manuel nunca te esqueceremos... Até sempre!

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  7. deixo-te também como a Sandra, um braço apertadinho.
    Já que palavras, não sei quais dizer.

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  8. Um abraço e um beijinho... porque não sei que mais possa dizer.

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  9. Para quem tem um amor profundo pelos animais, como tu, não há palavras que consolem em alturas como esta.
    A tua mana já disse tudo, deram-lhe uma partida mais digna, e eu acrescento que foi um cão sortudo por vos ter como donas :)
    Um beijo

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  10. Custa muito, eu sei. Tenho dois, um com 13 e outro com 9 anos, o de treze está a ficar velhote e nem quero pensar no que pode acontecer.
    Mas o vosso cão teve muita sorte de ter uns donos amigos e que choram a sua partida.
    Um abraço

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  11. :(

    Estou a ler já mais de 1 mês depois do teu post... Fiquei triste... Mas o Yurie contou convosco, vocês fizeram o que podiam e o que deviam para ele não sofrer...

    A minha Putchi vai fazer 14 aninhos em Janeiro e não consigo sequer pensar em vê-la partir. Á parte de já não conseguir subir para o sofá e cama sem ajuda e de ás vezes andar devagarinho, ela está muito bem. Mas o passar da idade assusta...

    Beijinho grande para ti!

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