Não foi nunca o melhor cão do mundo. Mordeu-nos vezes sem conta, nunca aprendeu a sentar-se ou a fazer qualquer habilidade a nosso pedido, ladrava em decibéis proibitivos e nunca foi um animal que pudesse considerar-se meigo. Pelo contrário, sempre lhe fizemos festas sem ter a certeza de não perder um dedo no processo. Era um cão muito foleirinho, há que reconhecê-lo. Mas era o nosso cão e foi o nosso cão durante quase 16 anos. Talvez merecesse um melhor epitáfio, mas devo-lhe a cortesia de não ser hipócrita na hora em que o homenageio. Era um cão peste, peste como poucos, mas pôs duas mulheres feitas a chorar como madalenas à porta do veterinário e a mãe delas a fungar como uma criança também.
Tivemos de ajudá-lo a partir e custou muito. Custou muito mas também custava muito continuar a vê-lo definhar, a ver extinguir-se dia após dia o pouco de vida que ainda havia no seu corpo magro e já meio abandonado.
Nunca perdi um animal assim. Ainda estou na ressaca da coisa, mas temo que não se me arrede da memória a imagem daquele corpinho frágil e sem reacção na marquesa Há sempre um factor de culpa associado, ainda que racionalmente se saiba que é melhor assim, e que se poupa sofrimento. Isso a mim, curiosamente, não me consola grande coisa. Fui eu que assinei o termo de responsabilidade. É uma coisa com a qual vou ter de me reconciliar, mesmo sabendo que era o melhor a fazer. Fui eu que entreguei um cartão magnético para ficarem com o seu corpinho inerte. E o seu corpinho inerte está lá sozinho agora, à espera que o levem para cremar. E eu estou aqui, a lembrar-me da primeira vez que o trouxe para casa, cachorrinho mais lindo que ele era...
Dói-me, pronto. Dói-me mesmo como o cacete.
Tenho tanta, tanta pena, que nem sei escrever nada. Podia não ser o melhor e mais simpático cão do mundo, podia ser um cão peste e até um bocadinho velhaco (e quantas histórias saborosas essa sua faceta da sua personalidade deve ter rendido ao longo destes 16 anos, quantas continuarão a fazer-te sorrir de cada vez que o lembrares), mas era o TEU Yurie Manuel. Único.
ResponderEliminarSei que sabes que sei o que sentes.
Um grande beijo.
Mesmo que te doa, fizeste o melhor que podias! E não é pelo facto do Yure ser um animal mais simpático ou antipático, mais ou menos obediente, que se sente a falta dele - o amor aos nossos, animais ou pessoas tanto faz, não se mede assim...
ResponderEliminarFica bem, amiga!
Beijocas!
Tive o prazer de lhe fazer festinhas (e tenho os dedos todos). Uma beijoca para ti.
ResponderEliminarOs animais são como filhos que vemos crescer, brincar, roer, morder.
ResponderEliminarMuito provavelmente o Yuri Manel deverá estar a ladrar e infernizar o céu dos cãezinhos, como me contou a minha mãe, o mesmo céu que deverá cheirar muito mal, todo urinado pelo Atrevido, o rafeiro que me viu crescer em menino.
Era de facto o cão dos infernos mas era o nosso cão... e passámos com ele quase metade das nossas vidas e custa, como custa...
ResponderEliminarMas também temos histórias bem engraçadas com ele e momentos muito doces (lembras-te quando ele era pequeno e dormia na minha cama com a cabeça em cima da almofada? Era tão fofinho...claro que não me podia mexer sob pena de ficar sem um bocado do nariz!!!). É assim que me quero recordar dele, é esta a homenagem que partilho contigo. O que aconteceu ontem foi tornarmos-lhe mais digna a sua partida que estava iminente. Fizémos o que pudémos enquanto cá andou, tentámos de tudo para que tivesse a melhor qualidade de vida possível nos últimos tempos.
Yurie Manuel nunca te esqueceremos... Até sempre!
Era de facto o cão dos infernos mas era o nosso cão... e passámos com ele quase metade das nossas vidas e custa, como custa...
ResponderEliminarMas também temos histórias bem engraçadas com ele e momentos muito doces (lembras-te quando ele era pequeno e dormia na minha cama com a cabeça em cima da almofada? Era tão fofinho...claro que não me podia mexer sob pena de ficar sem um bocado do nariz!!!). É assim que me quero recordar dele, é esta a homenagem que partilho contigo. O que aconteceu ontem foi tornarmos-lhe mais digna a sua partida que estava iminente. Fizémos o que pudémos enquanto cá andou, tentámos de tudo para que tivesse a melhor qualidade de vida possível nos últimos tempos.
Yurie Manuel nunca te esqueceremos... Até sempre!
Um abraço apertadinho.
ResponderEliminardeixo-te também como a Sandra, um braço apertadinho.
ResponderEliminarJá que palavras, não sei quais dizer.
Um abraço e um beijinho... porque não sei que mais possa dizer.
ResponderEliminarUauff para ti.
ResponderEliminarPara quem tem um amor profundo pelos animais, como tu, não há palavras que consolem em alturas como esta.
ResponderEliminarA tua mana já disse tudo, deram-lhe uma partida mais digna, e eu acrescento que foi um cão sortudo por vos ter como donas :)
Um beijo
Custa muito, eu sei. Tenho dois, um com 13 e outro com 9 anos, o de treze está a ficar velhote e nem quero pensar no que pode acontecer.
ResponderEliminarMas o vosso cão teve muita sorte de ter uns donos amigos e que choram a sua partida.
Um abraço
Uma beijoca...sei bem o que sentes.
ResponderEliminar:(
ResponderEliminarEstou a ler já mais de 1 mês depois do teu post... Fiquei triste... Mas o Yurie contou convosco, vocês fizeram o que podiam e o que deviam para ele não sofrer...
A minha Putchi vai fazer 14 aninhos em Janeiro e não consigo sequer pensar em vê-la partir. Á parte de já não conseguir subir para o sofá e cama sem ajuda e de ás vezes andar devagarinho, ela está muito bem. Mas o passar da idade assusta...
Beijinho grande para ti!