Junte bons amigos e uma pitada de cozinha mediterrânea, com muitas saladas e queijo feta. Misture boa disposição e alegria. Termine com um frappé de café bem forte, e remate com um tradicional Ouzo, a famosa aguardente anisada grega. Ou seja mais cretense e atreva-se a provar o Raki, de travo mais áspero.
Salada Mediterrânea (lentilhas, tomate e queijo feta) e polvo em vinho
Tudo isto com o Egeu a perder de vista, num torvelinho de ondas mornas e caprichosas.
Eis uma das receitas para o estado de 'zenitude' absoluto.
Praia do Hotel Ikaros, Mallia
Creta é uma ilha encantadora. Enorme, cheia de contrastes.
Às cidades da costa oeste, que guardam os encantos de outros tempos, como Chania (diz-se Rania) junta-se o reboliço dos novos centros turísticos no centro este, como Malia e Stalida, onde bandos de ingleses tresloucados dão largas aos abusos conhecidos. Evitamo-los sabiamente, bem entendido, nunca indo para o lado esquerdo do hotel após as 22h.
a caminho de Agios Nicolai
Os cretenses são um povo acolhedor, sempre de sorriso nos lábios, sempre prontos para
pescadores em Chania
partilhar um segredo gastronómico, ou a melhor forma de podar uma oliveira. A oferecer fruta no final de uma refeição. No strings attached. Generosidade como há muito não via.
Aproveitei a oportunidade (you only live once) para visitar o arquipélago vulcânico de Santorini, que fica a escassos 110km de Creta.
Por lá vi a mais encantadora cidade de que tenho memória,
Oia (pronuncia-se Ia), na ilha de
Tera. O místico azul e branco que associamos sempre às ilhas gregas. Confirmo. Azul e branco alvíssimo, como a bandeira. Combina com o mar, o céu e as nuvens.
Só faltou o incontornável por do sol, que já só apanhei no barco de regresso.
Mas não foram só passeios e relaxing pool, embora sinta grandes saudades dessas tardes de dolce far niente e ávidas leituras que incluímos no programa.
Também houve lugar para a cultura com uma visita ao Palácio de Knossos, que se supunha ter contido o labirinto do Minotauro. Big disappointment: nem vi o bicho, nem achei jeito nenhum às ruinas. Pejadas de gente, claro, e tudo muito pequenino para a fama que tem. Normal, se considerarmos que grande parte da reconstrução foi feita com base nas suposições bizarras do estimado arqueólogo Evans. Fajuto, do mais fajuto que pode haver, só mesmo para a foto, e com pouca convicção.
Por isso, fomos direitinhos ao Museu de Arqueologia, em Heraklion, onde aí sim, pudemos ver alguns verdadeiros artefactos e frescos interessantes. Claro que o GGU (Grande Galo Universal) não podia faltar, e só pudemos ver algumas peças porque o museu está em obras.
Foi tal a frustração que acabámos por afogar a mágoa no
Cretaquarium, simpática aproximação ao Oceanário de Lisboa, mas ao qual falta muito para lá chegar. A tranquilidade, para começar. Hordas de barbáricos russos e suas audíveis criancinhas, italianos que mesmo a sussurar nos furam os tímpanos. Não admira que alguns peixes desenvolvam esta brotoeja alérgica, ou acabem a flutuar de barriga para cima no tanque...harakiri por desespero, na certa!
Por tudo o que vivi nesta semana, até desculpo a White por atrasar o voo de regresso mais de 4 horas, e nos fazer chegar a Lisboa às três e meia da manhã. E agradeço também ao handling em Lisboa, que conseguiu superar-se: com um único voo a chegar aquela hora, conseguiu fazer-nos esperar quase hora e meia pela bagagem. Ou seja, o costume por terras lusas. Good to be back, portanto...
E já só faltam três dias para ir trabalhar. Why, oh God, why?!!!
Banda Sonora: Le ciel, le soleil et la mer - François Deguelt