quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quem vê caras não vê corações - ou outro provérbio aplicável a um imóvel lavadinho por fora e uma porcalhota por dentro

Anda aí na berra o novo centro comercial (ha ha ha) de Lisboa, apelidado de Embaixada, que veio ocupar o Palacete Ribeiro da Cunha, ali ao Príncipe Real. Como vizinhos, tivemos direito aqui no office a convite para a inauguração que, consta, foi muito animada com muito pindérico pendurado nas varandas a comer e beber à borla.  Eu não fui, obviamente, que tenho mais o que fazer e não aprecio as aglomerações de tios da linha mortos de fome (ah, não vos disse, pois, as lojinhas são todas muito tias, muito tias, que caturreira.).

Já mentalizada para a potencial pinderiquice, ainda assim não quis deixar de ir ver in loco porque o palacete é lindíssimo e mortinha estava eu por poder entrar lá dentro. Pois que entrei, extasiada, pronta para uma viagem ao passado, mesmo que com um twist de modernidade. Quanto ao passado não fui defraudada. Na verdade, o cotão do século XIX ainda lá está, a fazer companhia à alcatifa puída e remendada. E ao espelho da escadaria da entrada, manchado e partido. E já nem falo dos tectos com a tinta a pelar, ou dos murais em clara necessidade de restauro. Quanto ao twist de modernidade foi mesmo só o cheiro a assados, vindo do café restaurante que uma alma iluminada decidiu colocar no mini claustro interior. Um must. 
Certinho certinho é que até me tirarem os escaparates de mantas do nepal, xanatinhas e malas de lona que custam 148€, ou até restaurarem o palacete por dentro como deve ser, não volto a por lá os pés.


Muito boa ideia, sim senhora. Aprecio bastante a nobreza falida que não tem dinheiro para restaurar o património que herda e o vende ao desbarato a "imobiliárias" que depois andam aí a fazer “bonitos” destes, disfarçados de requalificações. Respeito pelo edifício e ambiente do bairro  my ass! Tende vergonha, mas é. 

2 comentários:

  1. Não tendo a tua fascinação por interiores de palacetes, essa do cotão do século XIX convenceu-me a não pôr lá os pés. Além de ser alérgica ao mesmo, também sou alérgica a tias que visitam o Nepal ou a Patagónia e que depois vendem umas bugigancas - compradas nesses locais por tuta e meia - de modo a pagarem as viagens com o lucro... :P

    Beijocas e obrigada pelo alerta!

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  2. Pela descrição, deve ser uma intervenção parecida com a do Sotto Mayor na Fontes Pereira de Mello. Também fui lá uma vez e nunca mais voltei.
    Se calhar cruzamo-nos mesmo, porque eu também estive em Ponte de Lima.
    Beijinho

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