segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pão para a boca




(a foto tem o nome do autor de propósito para eu n ter chatices. Não roubei, estou a publicitar, ok? Pronto)




Era um pão bonito. Grande e rude, como só um pão feito com farinha Nacional “Pão Rústico” sabe ser. Tinha uma forma alongada e inúmeros acidentes geográficos na crosta. Fi-lo com todo o carinho que se consegue por no acto de despejar 330 cl de água tépida na cuba da máquina do pão, juntar-lhe meio quilo de farinha (Nacional “Pão Rústico”) e carregar no botão. Fazer pão é um acto de amor, mesmo que não nos matemos a amassar os ingredientes durante uma hora e percamos outro tanto a tirar restos de massa das unhas. Este será um dos poucos casos em que não interessa nada como se chega lá, desde que o resultado seja bom. E que belo era o meu pãozinho! Dourado, cheiroso...enchia a cozinha e o hall de entrada o cheiro a pão fresquinho. Libertei-o da sua masmorra de inox, indiferente ao calor extremo que me ameaçava os dedos, e chamei a assistência em delírio para testemunhar a minha apoteótica conquista. Provámos um pouco, mesmo a ferver e tudo. Estava muito bom o meu pãozinho rústico. Deixámo-lo em cima da bancada, a arrefecer, e de vez em quando eu ia sorrateiramente dizer-lhe olá, e massajar-lhe o ego, chamando-lhe pãozinho rústico mai lindo da mamã. Mimei-o demais, como todas as mães orgulhosas acabam por fazer. Dei-lhe corpo, e depois dei-lhe alma. E da alma lhe nasceu a vontade de ver o mundo. A bancada da cozinha era demasiado pequena para ele. E hoje de manhã fez-se à vida. Apanhou Nero Augusto a jeito e saltou-lhe para a boca. Vi-os aos dois a correr corredor fora. Ainda corri para o resgatar, que venha a primeira mãe que deixa o filho sair de casa sem um aperto no coração.


Mas era tarde. Dele restou um coto mastigado, a metade que consegui resgatar das presas do demo e as migalhas de liberdade do meu pequeno cluster de fibras.
Pãozinho rústico... seu ingrato!


(É só para avisar a assistência entusiasmada que tão cedo não volto a fazer pão!)

2 comentários:

  1. Logo vi que em cima da bancada não ia durar muito tempo, que algum dos encantadores bichinhos do teu Zoo privado se iria tomar de amores por ele... :)))

    Beijocas!

    ps - arranja uma caixa para o pão e já podes repetir a receita... :D

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  2. Hha, fantástica a história do pão que o diabo... o Nero Augusto trincou!

    :)

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