terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vicissitudes da vida campestre

Estava eu calmamente a entrar em casa, após acompanhar as visitas ao portão, quando sinto uma deslocação de ar bizarra e um leve toque na mão esquerda. Adepta que sou do lema ‘gritar primeiro e perguntar depois’ eis que abro a goela num miserável falsete e inicio o meu concerto da lamúria em si menor, ainda sem ter visto o monstro me caiu em cima, mas convicta de que seria seguramente gordo e feio. Por momentos pensei que o meu ex vizinho do segundo esquerdo se tivesse assomado nos meus novos domínios, mas felizmente a criatura ignora o meu paradeiro. A não ser que tenha falado com o homem do talho. O homem do talho sabe sempre tudo, benza-o Deus. Gosto muito dele.


Anyways...


Socorri-me de uma lanterna, providencialmente desarrumada em cima do móvel da entrada, para proceder à identificação e paradeiro do intruso para...hum, como dizer elegantemente... limpar-lhe o sebo! (Desde que moro no campo também sou adepta do ‘esmagar primeiro, ver o que era depois’).


Munida da minha luz de tungsténio e determinada a ignorar os comentários cépticos vindos do reputado especialista em bicheza rastejante com que partilho a minha existência atribulada, e que estava determinado, por seu lado, a não dar importância nenhuma à coisa, porque ´devia ser um aranhiço’ (ahã...um aranhiço!), abro a porta de rajada e vejo uma coisa destas a desaparecer por baixo do tapete da entrada.



Vai daí que o meu falsete aumentou e que fiz questão de chamar o reputado especialista para vir matar o tal aranhiço.. Reduzi-me à minha condição de donzela em apuros, recuei três metros e fiquei a assistir de cátedra à exterminação do monstro, cuja insidiosa existência só se extinguiu após vários golpes de catana.
(Nota para o leitor que planeie mudar-se para o campo: tenha sempre uma catana à mão. Uma catana e, se possível, um cilindro compressor. Assim, just in case)

Para os defensores da centopeia reticulada (inventei agora o reticulado, que fica bonito) que possam ter ficado escandalizados com o tratamento dada a esta criatura do demo, só tenho duas palavras a dizer: SHUT UP!!

Shut up, que a malta já doou para o fundo da bicheza sem abrigo. A malta não se importa de viver com duas osgas no alpendre. A malta acha piada aos bichos de conta que circulam pela casa, vindos sabe-se lá de onde. Ninguém se manifesta contra as estúpidas melgas que nos chupam o sangue até não poderem voar mais de gordas que estão, cheias do nosso fluido vital. Até as vespas que montaram acampamento ilegal no contador, a malta suportou. Durante uns tempos, pelo menos. Também já entregaram a alma ao criador, assim que arranjámos o Biokill.
Mas posso dizer que a malta não aprecia de todo bicheza desta, agressiva e venenosa, a cair-nos em cima. Esta bicheza não é nada bem-vinda. Esta bicheza leva-nos ao esganiço completo, à oitava impossível, que já só os cães conseguem ouvir. Por falar nisso, onde estavam os dois sabujos quando a sua dona estava a ser vilmente atacada??? A dormir, como lontras inúteis que são. Bom, dir-me-á o leitor quezilento, as osgas estavam por ali e também não ajudaram. Pois não, mas essas não comem à minha pala!...

3 comentários:

  1. Ahahah, e eu a julgar que até dessas bichezas gostavas, juntamente com as lagartagens todas do deserto.

    Mas estou solidária. Bicho fora de casa é uma coisa, deixá-lo fazer a sua vidinha, mas portas adentro é que não!

    Uma vez em casa da minha avó, que nos últimos anos também vivia no campo, encontrei um bicho desses na parede do meu quarto, ele conseguiu fugir, nessa noite não preguei olho... :((
    Arre!

    Beijocas!

    ResponderEliminar
  2. AHAHAHAHHAHAHHA

    Pois fique sabendo Senhora D. Marquesa da Arrábida que há umas semanas atrás um espécime análogo foi encontrado pela minha pessoa no meio da cozinha do nosso palácio citadino. Depois de accionado o alerta vermelho, chamada a protecção civil e o INEM, enchi-me de valentia e empurrei a bicha peçonhenta para uma pá. Uma vez aprisionada, submeti-a a tortura, à base de spray para as maleitas das plantas. Depois deixei-a a jazer sobre a terra da floreira para servir de repasto aos abutres. Mas, olha, tão bicha má que era que nem as minhocas lhe pegaram.

    Nos Açores encontrava uma todos os dias na banheira. Adorava tomar banho comigo! hahahhahahaha

    Beijocas

    P.S. Põe essas duas lontras a pão e água durante uma semana.

    ResponderEliminar
  3. parabéns pelo novo poiso Safira!
    por enquanto ainda te invejo, mais mais um anito ou dois e tens-me na vizinhança.
    e a nespereira está contentinha?
    beijocas!

    ResponderEliminar