O Castelo de Sesimbra, em todo o seu esplendor.
Via-o da janela, assim tal qual. De frente, altaneiro e imponente. Hoje, já não o vejo bem assim. Bem sei que ando a adiar a consulta de oftalmologia há uns tempos, mas não se trata aqui de falta de visão. Apenas de alteração de perspectiva geográfica. Vejo-o já não de frente, mas de lado. E de mais perto. De muito mais perto. Troquei os gritos das crianças mal educadas do 2º esquerdo e os cheiros de choco assado, mais a bisbilhotice dos vizinhos, pelo sossego das colinas, a verdura e o canto dos melros ao entardecer. Tenho aranhas por todo o lado, bichos de conta com fartura que me entram não sei por onde, e o ex libris: um casal de osgas obesas, Clarisse e Asdrúbal, que moram por cima do telheiro da entrada, e sua cria Gabriela, emancipada, e habitante do muro da garagem. Ontem apareceu uma nova, mais tímida e mais magrita, a quem decidi chamar Julieta. Não me deixaram dar-lhe carne picada. Achei mal. O bicho está claramente subnutrido! ( Se eu as consigo mesmo distinguir? É claro que não. Mas acho mais simpático abrir a porta da rua e dizer 'cá está a Clarisse', mesmo sendo o Asdrúbal, do que me ficar por um lacónico 'está aqui a osga gigantesca de novo'. Acho que os bichos apreciam a deferência, pronto. Assim, talvez fiquem quietas o tempo suficiente para eu conseguir uma foto, e, com sorte, também se abstenham de me fazer uma visita domiciliária mais íntima. Gostamos de osgas e lagartixas, desde que se mantenham no quintal. Sossegaditas, vá).
Não posso deixar de pensar constantemente na maravilhosa Karen Blixen e no seu inolvidável Out of Africa. Olho lá para fora, para o céu imenso e estrelado, e penso logo nos violinos da canção tema da banda sonora. Uma das minhas preferidas, já aqui o disse muitas vezes. Ainda não tive foi tempo para colocar o CD e ir lá para fora emocionar-me no meu novo cenário. Estou a anticipar. E sou paciente. Há-de ser no momento certo.
I had a farm in Africa, dizia ela. Eu tenho um quintalzinho em Portugal, e já estou muito satisfeita :)
Vês por que é que me queixo de publicares tão pouco? Porque perco (perdemos) o prazer de ler textos como este.
ResponderEliminar«I had a farm in Africa at the foot of the Ngong Hills...»
já pensaste em colocar umas coleiras, ou pulseiras, nas osgas para as identificar?
ResponderEliminareu conheci uma engenheira, aqui na empresa, que fez isso a uma dúzia de patos...
que bom! finalmente uma casa com quintal! deves estar mesmo radiante :)
ResponderEliminarEu ao ler-te pensei logo.....ela foi-se para Angola....
ResponderEliminarÈ que osgas em Africa é bichinho de estimação sabias???? Pois come todos aqueles mosquitos que nos picam e nos deixam carregadinhas de febre amarela, paludismo, malária....
Casa que não tenha osga em Africa , não é casa.....ahahahahah
E sabes que esses bichinhos até são bem transparentes.....deixam ver através da pele os mosquitos que ingeriram....:):D
Mas bem o que importa é que estás satisfeita com a mudança e até já arranjaste novos amigos....:))))
Beijokitas
Confesso que andei um pouco perdido nestas tuas mudanças, pronto, mas também que entendo lá eu de osgas, de ver ao perto, de oftalmologia, de ver ao lado, da Karen Blixen... resolvi perguntar ao tio googlas e então entendi porquê a minha confusão. O Castelo de Sesimbra é também denominado como Castelo dos Mouros. Touché!
ResponderEliminarjá tivemos osguinhas de estimação, ihihih, Pois se nos comem a mosquitada toda!!! maravilha de bicho!
ResponderEliminarout of africa tb é o nome da teoria que explica como o homo sapiens saiu de africa e se espalhou pelo mundo todo.
:)
ResponderEliminarTambém mudaste!!! Eu tb mas não fales nisso que a coisa ainda é tão recente e ainda há tretas que deixaram por fazer (pequenas reparações).
Mas para nosso bem e dos nossos bichinhos, nada como sair do barulho e confusão da cidade para o sossego do campo. Mais um bocadito e é verem-me armada em jardineira ou agricultora! :)