segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Dia D-5

Faltam só cinco dias para acabar o mês de Janeiro. Conto-os com avidez. Janeiro é o meu mês horribilis anual. Se eu pudesse, erradicava-o do calendário. Parece que só recomeço a viver em pleno quando o primeiro dia de fevereiro me vem acordar os sentidos e me leva o torpor da alma. É irracional, não tem fundamento científico, mas é assim. Odeio Janeiro. Cada vez mais.
O meu ódio pelo mês de Janeiro começou em 1982, com a morte do meu pai. Ficou marcado o dia 7, como o fim de uma era feliz para mim e para a minha família. Vinte anos depois, no dia 16, perdi a minha melhor amiga. Por afinidade, em 2009, o dia 4 marca a partida da sogra que não cheguei a conhecer. Este ano, no dia 18, foi o filho desejado e gerado com sacrifícios vários, que perdemos às oito semanas. Não me quero alongar muito. Pensar nisso, tentar encontrar uma razão só me faz mal porque na realidade não há explicação. Acontece. As simple as that. Não é por sermos mais ou menos bonzinhos, mais ou menos correctos na nossa forma de viver, que somos mais ou menos poupados ao sofrimento. Faz parte da vida as coisas não correrem bem. A natureza sabe melhor, bla bla bla, melhor mais cedo do que mais tarde, bla bla bla... verdades lapalissianas, muito acertadas, é certo, mas que nem por isso trazem conforto. Não deixa de ser uma grande merda, seja por que prisma se olhar. Mas aconteceu, não há nada a fazer. Não seria menos doloroso se tivesse acontecido em maio, ou em outubro ou noutro mês qualquer. Nenhuma destas perdas seria menos dolorosa se ocorresse noutro mês qualquer. Obviamente que não. Mas o que deveria ser um mês de recomeços, de renovar de entusiasmo pelo novo ano que se inicia é, ano após ano, um mês de compasso de espera, enquanto não passam os dias em que inevitavelmente nos sentimos tristes. Não se trata de celebrar a morte em vez de celebrar a vida; as memórias dos nossos mortos carregamo-las connosco todos os dias de todos os meses. A diferença está no facto destes dias de janeiro serem o marco a partir do qual deixaram de ser possíveis novas memórias. E isso, para mim, é  - será sempre - incomensuravelmente triste. 
Este foi um post que pretendia catártico. Há que enfrentar os nossos medos e receios, as nossas dores e revoltas. Falar deles, reconhecer a sua existência como parte integrante da nossa passagem na terra, permite-nos avançar. Mesmo que não compreendamos a cem por cento, mesmo que nos sintamos injustiçados. Shit happens. a verdade é mesmo essa. Cabe-nos arregaçar as mangas e seguir em frente. 

domingo, 26 de janeiro de 2014

A ténue linha que separa a dedicação da imbecilidade

Apresento-vos a Bebel. Bebel é uma encantadora bichon maltês que pertence a uma senhora brasileira (cheia de guito, ao que parece) chamada Luzia Brito. Bebel tem um carrinho de bébé customizado para passear sem se cansar no calçadão. Bebel tem também mais de trinta vestidos e mais de sessenta laços. Bebel casou-se recentemente com um igualmente encantador Bichon Maltês chamado Ruffio Bianco, ou coisa parecida. Como é que eu sei estas coisas todas? Porque vejo o Discovery Channel. E parece que o Discovery anda a fazer documentários em barda sobre gente que não tem os alqueires bem medidos. Ainda mal me refiz do documentário sobre a cadela carioca que tem um guarda roupa melhor do que o meu e eis que agora estão ali entretidíssimos a mostrar pessoas cuja tara é serem queimadas. I kid you not, há pessoas que se enchem de espuma acelerante e deixam que uma maluca careca chamada Saskia as incendeie. Diz que é afrodisíaco. Ok...

Voltando à Bebel. Adoro cães. Toda a gente sabe. Faço o que posso para que os meus tenham uma vida boa e se sintam felizes. Contudo, depois de ver a vida da Bebel acho-me a pior dona do mundo. Os meus cães andam sem roupa!!! COITADINHOS!!! Como é que vou voltar a dormir sabendo ainda não lhes fiz uma página no facebook, como a da Bebel (que tem 2554 amigos. Vide aqui).  POBRES do Nero e da Nikki, que não têm vida social!!! Que dona horrorosa que eu sou, que não dei um colar de pérolas à minha Nikki. Que dona sem escrupúlos que ainda não contratei uma organizadora de casamentos nem uma costureira para fazer um vestido de noiva à medida, com a respectiva teara e véu, nem encomendei sermão a S. Francisco de Assis para a unir para todo o sempre ao eleito do seu coração.

Abracei recentemente uma filosofia que diz que não devo julgar, mas com coisas destas é difícil uma pessoa manter a serenidade e a abertura de espírito. POR AMOR DA SANTA!!!! ALGUÉM ME INTERNE A MULHER! Num país onde a maior parte da população vive com menos de 1€ por dia é preciso ter uma lata do caraças para andar a publicitar mariquices destas. A cadela é gira que se farta (se se gostar do género cão a pilhas) e não tem culpa nenhuma das figuras que a desequilibrada da dona a obriga a fazer. Eu até acredito que a dona goste muito dela e que queira o melhor para o centro do seu universo. Porém, tudo isto é...ridículo. Pronto. Julguei. Esta dona, que chora no casamento de um cão como se do filho se tratasse, é pura e simplesmente ridícula. Amiga, get a life! Mesmo.

Após consulta às regras da minha nova filosogia de vida, parece que nem mesmo os refinados imbecis devo julgar, por isso vou ali fustigar-me com afinco para me redimir. De caminho vou mudar de canal porque agora, no Discovery, estão a mostrar pessoas que gostam de se dependurar de um tecto, suspensas por onde? por enormes ganchos cravados na pele. Muita porradinha é o que falta a esta malta toda. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crónicas de uma alma boicotista, mas que ainda assim quer transmitir votos de boas festas

Interrompemos a hibernação deste espaço lúdico para assegurar os estimados leitores de que continuamos vivos, felizmente de boa saúde e, tendo em conta o estado do país e do grande número de imbecis que o povoam, razoavelmente bem dispostos. Só estamos a passar por uma série de perturbações na rotina pessoal e laboral que têm consumido a quase totalidade dos recursos energéticos de que dispomos. Nada de grave, asseguro-vos, não vos apoquenteis. Mas de maneiras que andamos com pouco tempo, pouca paciência e, lamentavelmente, sem grande criatividade. Para verem o bom que isto tem andado: este ano não fiz árvore de Natal. Não tive paciência para desarrumar a trapalhada toda para ter o arraial montado durante três semanas e depois voltar a arrumar tudo outra vez. Este ano fiz greve ao Natal. Não me apeteceu, pronto. E não tem nada a ver com o facto de ainda continuar à espera do meu IPAD... 

De maneiras que foi um Natal diferente. E já passou., graças ao Altíssimo!; já vou poder fazer compras sem ter resmas de imbecis à estalada por causa de meio kg de camarão ou a fazer voos picados para pegar na última couve portuguesa como se de uma mala Gucci se tratasse. Enfim...

Anyways... isto tudo para dizer que como boicotei o Natal também não me vou esforçar muito para forjar uma lista de resoluções de ano novo, embora tenha cá alguns planos para 2014. Festejar a vitória do Sporting no campeonato. Conseguir que Nero Augusto perceba a finalidade do quadrado de gravilha no fundo do quintal. Por o estúpido limoeira dar limões. Ganhar mais do que 18€ a dividir por 12 pessoas no euromilhões. Coisas possiveis, portanto, embora pouco prováveis. De certo -que o futuro a Deus pertence-, apenas a firme intenção de não me chatear muito, relaxar e viver um dia de cada vez com o meu novo mantra:
God, grant me the serenity to accept the things I cannot change,
The courage to change the things I can,
And wisdom to know the difference.

(também não digo que não a uma G3 ou a uma granada de fragmentação. Só num caso de aflição, não vá a serenidade faltar...)

Se já não 'falarmos', desejo a todos votos de um excelente 2014. Be happy!!!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Gérard de Villiers

Teria talvez uns 13 ou 14 anos quando comecei a dedicar-me às prateleiras de livros ditos ‘de adulto’ deixados pelo meu pai. Lidas as colecções d’Os Cinco, d’ Os Sete, das Gémeas no Colégio de Santa Clara, mais uns quantos romances de algibeira com nomes bonitos (Aubépine, La Roche au cerfs, que li não sei quantas vezes), a Enciclopédia Médica do Reader’s Digest (sim, eu lia enciclopédias, e depois?),  A Vida na Terra do Attenborough, e mesmo a Bíblia ilustrada, fiquei, pasme-se, sem nada para ler. No desespero, fui à estante dos livros-que-aparentemente-são-uma-seca-descomunal-sem-qualquer-interesse-para-o-comum-mortal ( por terem capas com um 'certo' aspecto)
e peguei num, mais ou menos ao calhas. Já não posso jurar qual dos títulos me tornou numa Villiers junkie, mas sei que papei todos os que tinha.  E eram muitos, pelo menos todos os publicados até 1980, altura em que regressamos a Portugal e o meu pai deixou de acompanhar a saga do Prince Malko, agente secreto da CIA, de olhos dourados, choruda conta bancária e talentos de sedução que fariam James Bond corar de vergonha. O que tinham de extraordinário os livros de Gérard de Villiers? Para já, histórias de espionagem internacional muito bem urdidas, com aturada pesquisa, contextualização para totós (como eu era na altura, antes de me tornar no ser superior que sou hoje, claro). Depois, factor que desde logo me cativou, o requinte de malvadez com que eram pintadas aqui e ali cenas de assassínio, torturas, etc. Umas das que me marcou foi a candura com que o traficante panamiano convidou a sua vítima o seu compincha dealer para um mergulho numa piscina límpida e cristalina. Impagável o  detalhe com que Villiers nos explica o horror incrédulo do pobre homem quando mergulha e sente os primeiros pedaços de pele e carne a cair... Atão e perquêi??? Perque a piscina límpida e maravilhosa era uma piscina de ácido! Quem é que se lembraria de ter um chefe mafioso com uma piscina de ácido no quintal, senão Gérard de Villiers?
Por tétrico que possa parecer, também havia lugar ao sentimento. Pois que o Princípe Malko Linge também era um homem dado à sensibilidade, pois que também sofria quando, não raras vezes, a mocita com quem mantinha tórridas ligações carnais sucumbia aos ferimentos de uma bala perdida ou era entregue a outro destino igualmente fatídico (fosse ele qual fosse, porque o Príncipe tinha uma namorada fixa, pontas soltas e mocitas assolapadas globo fora é que não, que a bela (sim, para Gérard de Villiers só os maus é que são feios) Alexandra não ia gostar...

Tenho para mim que o Príncipe Malko era um pouco o alterego do seu criador que  ontem nos deixou, aos 83 anos. Li a notícia com a tristeza que marca sempre o desaparecimento de alguém, mas sobretudo com nostalgia. Há anos que não pensava nestes livros que há muito encaixotei na garagem. E não sei se exagero ou não, mas, se na altura me tivessem posto o Harry  Potter à frente, não teria trocado.  Não mesmo...

A lata das pessoas é uma coisa que não tem explicação

Oito e picos da manhã. Perdido o comboio por escassos 35 segundos, e com dez minutos de espera pelo próximo, dirijo-me ao café da estação para aumentar o meu perímetro abdominal com calorias absolutamente escusadas. Noto que se assoma ao meu lado, ao balcão, uma senhora muito agitada, mas não lhe ligo mais do que o necessário, esperando placidamente a minha vez. Que chega, finalmente. Eis que peço ao rapazinho o meu bolinho para levar. Mas antes de conseguir acabar a minha frase, a hiperactiva ao meu lado começa a bater com uma moeda em cima do balcão e vá de dizer (ao empregado, preciso) 'Olhe desculpe, posso só pedir duas bolinhas que senão perco o comboio e só tenho de hora a hora?'.
E que acham que aconteceu? Pois que o empregado vá de largar tudo e ir atender a senhora. Virei-me para lançar o meu olhar de profundo desdém à criatura, assim como quem diz 'és pouco malcriadinha, ó cabra' porque Deus me livre de sequer perder latim com gente deste calibre. Ainda me pediu 'imensa desculpa', o que me fez tanto efeito como um pente a um careca, porque o meu problema já não era com ela, mas sim com o anormal do empregado que, corrijam-me se estiver errada, até podia atender a monga primeiro, mas NUNCA sem pedir-me licença primeiro. Seria pedir muito? Suponho que sim, porque um simples 'obrigada por ter cedido a vez' também foi coisa que não ouvi nem de um nem de outro. Posto isto, estou a fazer uma sondagem: o que deveria ter feito esta vossa dilecta amiga?
a) ter descomposto a apressada hiperactiva e não lhe ter cedido a vez
b) ter descomposto o empregado e ter-lhe dito que não é ele que decide se pode ceder a vez do cliente
c) ter desejado um óptimo dia aos dois e ter ido comprar bolinhos a outro lado.

Era a c), não era? Também acho, mas o raio do bolo estava com tão bom aspecto que calei e amoxei, comprei o estúpido bolo e agora odeio-me profundamente. Para a próxima, bato primeiro e pergunto depois. Just in case. Para não ficar a pensar nisso.  
Mas em calhando ainda vou fazer reclamação no livro, quando for para casa logo à noite. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Mais valia continuares de baixa de parto e caladita

Passou-se de todo!

Amiga Assunção, 
Eu não lhe digo a si quantos filhos deve ter à custa dos meus impostos, pois não? Então caladinha, que em casa de cada um manda cada qual. Se estiverem bem tratados e se não incomodarem os vizinhos, qual é o problema? Era o que mais me faltava. Esta gente é parva. E fazem o quê aos animais 'em excesso'? Vão para o canil, para a injecção? Ide todos mas é... olhem, é para aí mesmo!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Estou a ficar velha

Tempos houve em que ficaria absolutamente ursa por ver o meu Sporting perder no Dragon por três batatinhas e em que voariam objectos pela sala e os gatos também, se não me fugissem da frente a tempo. E mesmo Sasha Margarida só se safava graças à silhueta anafada, que a raiva dá força, mas não tanta que chegue para 40 kgs de cão. Eram tempos em que as emoções eram vividas em pleno, tempos de que por vezes tenho saudades embora em nada dignificassem o meu porte de senhora. Nunca esquecerei a noite em que Miguel Garcia nos colocou na Final da Taça Uefa, nem o choro compulsivo, partilhado com a minha mana em casa da senhora nossa mãe que nesse dia teve a certeza que nem uma nem outra jogavam com o baralho todo. Coisa mai linda, duas mulheres com idade para ter juizo, de joelhos no chão, agarradas uma à outra a chorar baba e ranho. Cenas tristes, pois com certeza, mas há lá coisa igual à partilha de uma alegria comum?!

Belos tempos esses, em que eu ainda vibrava com a bola. Percebi ontem, com alguma tristeza, que a minha chama sportinguista, outrora comparável a uma chama olímpica, anda agora na vizinhança da chama piloto de esquentador inteligente. Não se apaga, está sempre ali, mas assim a modos que também não se dá quase por ela. Percebi isso ontem enquanto ouvia o relato no telemóvel. O jogo já tinha começado, e já perdíamos por 1-0 e eu estava a tentar ouvir o Professor Martelo ao mesmo tempo e distraí-me por momentos. Voltei a prestar atenção quando ouvi o locutor anunciar  'Golo.........William Carvalho... É Golo...Goolooooooooooooooooo... E fiquei à espera, para ver de quem era. Fazia lá eu ideia de quem era o William Carvalho, valha-me Deus! Ora já isto não pode ser bom. Quando uma pessoa não conhece os seus próprios jogadores, a coisa está muito mal... mas quando por acaso o golo é nosso e a nossa reacção é levantar o braço, dizer 'Golo!' no mesmo tom de voz com que se pede ao marido que passe o jarro da água e continuar a ouvir o Professor como se nada fosse, a coisa morreu mesmo. Nem um salto, nem um festejo, nem um 'Toma lá Helton, vai buscar! embrulha, ó urso' e outros mimos não reprodutíveis aqui. Nada. (Dir-me-ão, também não valia a pena que três minutos depois foi o Patrício que lá foi buscar, mas pronto, for the sake of argument).

Maneiras que estou um bocado triste comigo mesma. Estou a perder qualidades. No sentido de que o meu SCP já não está no meu top ten de prioridades. Assim de repente consigo pensar em duas dúzias de coisas que me importam mais do que a classificação no campeonato. Ah...o inexorável caminhar do tempo. 


Estou ficar velha. À cautela já comprei um sérum...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Das maldades boas que se fazem a mães octogenárias

Atraí a vítima com a promessa de um cházinho tranquilo em minha casa. Coisa corriqueira e que acontece amíude, já que a senhora minha mãe nunca diz que não a uma chávena de Earl Grey. Fui buscá-la de carro, como faria em qualquer outra ocasião. Se D. Micas fosse uma pessoa mais observadora talvez tivesse reparado no nervoso miudinho com que a apressei a entrar no carro, no facto bizarro de estar com o telemóvel ao colo, logo eu que NUNCA atendo chamadas ao volante, ou ainda na minha exasperação quando, já em domínio safiresco, em vez de se dirigir à porta para entrar me ficou pelo caminho a admirar a pseudohorta do quintal, com as couves espigadas e o limoeiro que nunca deu limões, e ainda voltou atrás para se já dava para apanhar alguma clementina. Completamente alheia ao facto de que lá dentro, escondidas na sala, 25 pessoas aguardavam a sua entrada para romperem em apoteótica celebração.

Entrámos. Do fundo da sala, do equipamento de Karaoke especialmente trazido para a ocasião, soltam-se as primeiras notas do Parabéns a Você. D. Micas olha em volta, sem querer acreditar. Batem-se palmas, grita-se SURPRESA!!!!!. Uma mole humana empurra-se para abraçar a aniversariante: sobrinhos que vieram de Trás os Montes, outros de Mindelo, família local e amigos. Há muitos sorrisos, mas também vejo olhinhos marejados de lágrimas, por entre as minhas próprias lágrimas. Mas são lágrimas boas. A alegria no rosto da minha mãe é uma coisa que não vou esquecer tão cedo. Nem as suas palavras comovidas quando a multidão em delírio exigiu um discurso. A modéstia impede-me de me alongar, mas as palavras 'filhas maravilhosas' foram mencionadas. E se há pessoa que mereça uma homenagem especial, essa pessoa é mesmo a minha mãe, a quem devo tudo quanto tenho*, e tudo quanto sou. E a quem tenho de agradecer por tudo quanto não sou, ou tento ferozmente não ser, tendo sempre o seu exemplo de rectidão e fortes princípios por baliza. 

Espero que conte muitos mais anos connosco para poder ainda retribuir-lhe muito do muito que nos deu e nos dá, todos os dias. A minha Micas é a MÁIOR!!!!!


*É certo que D. Micas também é responsável por coisas que não tenho, como o piano que lhe quiseram dar quando voltou de Paris e que declinou a pretexto da falta de espaço. Falta de espaço, D. Micas? Who cares! Era um piano!!!! e era DADO!!!! ARGHHHHHHHHH!!! sim, é um trauma de infância que ainda não superei totalmente). E também não vou falar do Castelo (la Gazaille) onde D. Micas não quis aceitar um emprego de governanta, negando-me o meu direito natural a crescer num palácio nobre. Nem vou comentar. Trinta e cinco anos depois ainda me dói fundo, na ialma... um castelo. Eu podia ter crescido num castelo. Ó infortúnio cruel, ó profunda ironia...Logo eu, que ainda acalento esperança de encontrar vestígios de sangue napoleónico algures nos meus tetravós paternos, tão perto estive da Glória Suprema...True Story.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dia Mundial do Animal



Podia dedicar este post aos meus dois cães, dois gatos, duas tartarugas e nove bengalins do japão, mais às osgas e às lesmas que também aparecem lá por casa. Podia agradecer-lhes (e agradeço, mas não é só hoje, lá está!) o brilho extra que dão à minha vida, mesmo que dêem um trabalho monumental e despesa considerável. Era tão mais fácil botar aqui fotos fofinhas, dos meus, ou de outros quaisquer, que pululam a net, bonitinhos e bem tratados. Podia, mas não ponho. Não ponho porque não há nada de fofinho na vida de milhares de animais por esse mundo fora, e hoje a vida não se lhes vai transformar só porque alguém determinou que é dia do animal. Por isso, só para contrariar os optimistas que criam dias para tudo e mais um par de botas, este post vai para destinatários especiais:
Para todos os animais que não têm uma casa e que passarão mais uma noite, igual a todas as outras noites, ao relento, com frio e com fome; 
Para aqueles que aguardam por uma casa, enclausurados em jaulas superlotadas;
Para aqueles que tendo uma casa passam a vida acorrentados, e levam pontapés quando só querem uma festa, comem quando calha e não têm cuidados médicos;
Para os que são largados nas bermas das estradas;
Para os que são atropelados, sejam cães, gatos, raposas, mochos, falcões porque dá muito trabalho ir devagar em zonas de floresta;
Para os que nunca vêem a luz do dia, presos em gaiolas de laboratório;
Para os que são caçados ou atormentados por desporto;
Para os que vêem o seu habitat natural reduzido de dia para dia pela acção do homem;
Enfim, para todos os que hoje não vão ter mimos especiais porque, afinal, este é só mais um estúpido dia na sua vida miserável.

Tenho mau feitio? Pois tenho. Detesto hipocrisias. Tenham lá paciência. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

'Tá explicada a descida da fertilidade do mundo ocidental


E foi este senhor que descobriu a pólvora. Este ser humano, abnegado e iluminado, vem hoje a público ajudar-nos a aumentar os nossos índices de natalidade. Vede aqui.

Meninas! Afastai-vos desse demo que é o automóvel, esse alterador de ovários que vos eleva as ancas e vos empurra a 'pélve' para cima, impedindo-vos subrepticiamente e pela calada de terdes dúzias de meninos. Voltemos todas a andar a pé. Ou de burro. Quiçá às cavalitas deste Sheik, por que não?