quarta-feira, 27 de março de 2013

Que espécie de imbecil inicia uma dieta na semana da Páscoa?


Eu digo-vos: esta espécie de imbecil, esta mesma que vos escreve. Se não podia ter esperado mais uma semana para me meter nas dietas da moda dos 31 dias a passar fominha e a contar as colheres de arroz e massa que posso voltar a comer daqui a duas semanas? Podia. E, provavelmente, até era a mesma coisa. Mas nestas coisas há valores muito altos que se levantam. Em rigor, há valores que deviam andar mais levantados e não andam. (O astral, meninos, o ASTRAL. Que pecaminosas mentes tendes!) 
Pois que é verdade, ando a modos que aborrecida com o espelho, embora tenha a certeza que o defeito é da convexidade e não meu. Já desculpa para o súbito encolhimento do bikini que comprei no ano passado, assim de repente não consigo encontrar...Deve ter tido algum problema lá no armário da tralha de verão, alguma corrente de ar, ou assim, e agora já não cabo lá dentro com a mesma graça. Que aquilo servir, ainda serve. E até nem é preto e branco, que eu cá tenho visão e achei logo que a coisa podia não correr bem, e não ia por-me a jeito de ouvir alguém a gritar-me ‘Free Willy’ num qualquer areal. Mas ando desgostosa, pronto. 

Portanto, não há hidratos. Não há açúcar (nem frutose, portanto nada de fruta). Ando a proteínas e vegetais. Infelicíssima e cheia de fome. Mas raios ma partam se gasto mais dinheiro em fatos de banho este ano! 

era um destes agora...
Mas não. Tenho ali um iogurte natural. Magro. E sem açucar. Mal posso esperar. Aquilo é tão bom...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Road Trip

Como o movimento 'Que se lixe' anda muito em voga, eu também iniciei um. Aliás, dois:   o 'Que Se Lixe a Roupa' e o 'Que Se Lixe o Estudo'. 

São Pedro bem tentou estragar-nos os planos, mas nada se interpõe no caminho de dois amantes de natureza e fotografia determinados a passar um domingo diferente. Munidos de impermeáveis, máquinas fotográficas e binóculos, aí fomos estrada fora, à descoberta do Estuário do Sado. Esta zona é muito espectacular para observação de aves, actividade que tem sido a minha fascinação mais recente.  


Em Alcácer do Sal, fomos saudados por dezenas de cegonhas, umas em plácida contemplação, outras em frenética busca de gravetos para compor o ninho e outras ainda nos campos em busca de paparoca.



Um pouco mais à frente, quase a chegar à Comporta, paragem in extremis para tentar  fotografar (sem sucesso, claro, que é sempre mais fácil tirar fotografias quando a máquina não está dentro do estojo e no banco de trás), um belo peneireiro cinzento.

Já na Carrasqueira, enquanto alguns de nós vibravam com a paisagem humana e o porto palafítico e tiravam fotos destas (e atenção que esta é mesmo nossa. aliás, dele!...mas eu também tirei e também ficaram giras, mas não tive foi tempo de sacar da máquina, que o 'Que Se Lixe' é bonito, mas quando se chega a casa há que fazer o jantar e essas coisas todas), outros de nós desesperavam atrás de três irritantes íbis pretas, um sem número de garças brancas pequenas e dois  pernilongos . Tudo documentado, mas indisponível de momento  e com uma qualidade que não rivaliza com a das fotos que deixo aqui a ilustrar os bicharocos, pelo que decidi ir sacar da net, agradecendo desde já aos respectivos autores a gentil (embora não autorizada) cedência.


Cereja em cima do bolo, já no regresso (e avistada de fugida a correr no meio de um bosquete):


Escusado será dizer que a gritaria dentro do carro atingiu decibeis proibitivos, que não é todos os dias que se vê uma raposinha viva. E o que eu gosto de raposinhas! Infelizmente ainda vimos outra nesse mesmo dia, esmagada no meio da estrada no alto da Serra da Arrábida. Fico doida com isto. É certo que os animais são imprevisíveis e podem surgir disparados; nem sempre se consegue evitar o embate, mas ao menos paravam e tiravam o pobre animal do meio da estrada. Mas não, credo! isso dá muito trabalho. É muito mais giro deixar para toda a gente continuar a passar por cima até que já não haver por onde pegar no cadáver. É esta a civilidade que temos por cá.

E pronto, aqui fica este singelo relato para perpetuar a memória de um dia bem passado. Há mais provas, mas já estão na máquina de lavar há muito tempo. Gosto muito de choco frito, mas dispenso levá-lo colado à roupa. Se alguém for para os lados da Carrasqueira e tiver ideia de ir ao choco frito, lembrem-se de levar um escafandro e vistam-no antes de entrar! (À gerência do restaurante 'O Rola' aconselho um pequeno investimento num sistema de exaustão eficaz)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Da ganância


Toda a gente sabe que a minha realização profissional oscila entre o 0 e o -39, dependendo do dia e da hora. A coisa corre francamente mal nas primeiras horas das manhãs de segunda feira,  altura em que veementemente questiono o universo sobre o porquê de não ter ido para a costura ou nunca ter aprendido a soldar panelas para poder vir ser a Joana Vasconcellos da margem sul, spé fino que seria expor coisas em Versailles em vez de no Espaço Jovem da Quinta do Conde, mas Deus tem caminhos misteriosos e já não questiono o meu fado, antes me limito a rejubilar com o ter salário ao fim do mês e ainda manter alguma actividade cerebral, coisa difícil com a exposição a que sou diariamente sujeita. É esta atitude positiva que me leva a encarar com alegria o facto de o ponto alto do meu dia de ontem ter sido a activação de um identificador de via verde para um administrador. Até porque, no processo, passei por uma farmácia onde estavam a fazer diagnósticos de pele gratuitos e promoções de 10% da marca de cuidados do corpo e rosto que eu estou a usar. Pelo menos enquanto o Gaspar deixar. Ainda com tempo da hora de almoço, decidi entrar.

A senhora que me atendeu, muito simpática, ficou muito contente por eu usar a marca. Mas, ai de mim!, o meu creminho é bom, mas não é fantástico!!! Até porque a minha pele precisava de algo mais forte. Não é que esteja mal, não de todo, que não parece nada ter a idade que tem, mas sabe, o colagénio é mesmo assim, as coisas não esticam como dantes e está um pouco desidratada, ai, sim, sim, pois, estes olhos... precisa MESMO de um contorno dos olhos, que a pele do contorno dos olhos é muito frágil e de um sérum, ai o sérum é maravilhoso, já não se passa sem ele, quer ver na sua mão, veja lá a diferença de uma para a outra, mas o que lhe fazia mesmo falta era um creme de noite, porque esse que tem, lá está, é bonzinho é o que se vende mais, mas já devia apostar num produto mais forte. Venha cá, que eu faço-lhe o kit.

Saimos do gabinete, o meu mini facial publicitado mas esquecido ante a perspectiva de vender os produtos milagrosos e fazer uma bela comissão. Deixei-a pousar. Com um sorriso. Vejo o balcão encher-se com um contorno de olhos, um sérum e um creme de noite, tudo Premium, como convém. As etiquetas, como convém também, estrategicamente colocadas fora da vista.

Aqui a vossa amiga, que já foi parva e papou grupos  mas entretanto apurou-se e gosta pouco que a façam de estúpida, vira os frasquinhos do lado das etiquetas e começa a somar. Ora, um contorno a 50€, mais um sérum maravilha a €113 e mais um creme de noite (que até diz “jour et nuit”, mas deve ter sido erro de impressão do rótulo, com certeza) a €123, se não estou em erro, que por esta altura já me estava a rir às gargalhadas interiormente. Ah, mas faziam uma atenção de 10%, olha que simpáticos e generosos, e era só um bocadinho que me diziam já quanto é que ficava quase 300€ com 10% de desconto, que é uma conta difícil de se fazer. Por esta altura, achei que estava na hora de nos deixarmos de merdices, deixar a senhora ir almoçar e eu ir à minha vida também. Por isso disse-lhe, muito directamente, que não era esse tipo de investimento que eu procurava, que se não se importasse muito me desse um contorno de olhos da marca mais em conta, mesmo que não me tire os papos (que nem sequer tenho, note-se) e esquecesse lá os sérums e os cremes premium que também não estamos mumificados e ainda aguentamos mais uns meses até acabar o que temos em casa, e que, ficamos a saber, é da marca, mas afinal não presta. Vai que ela não gostou. E eu raladinha. A contragosto lá me deu um contorno de olhos a 19€ que mandou para cima do balcão com um simpático ‘mas depois não se queixe!’ o que cai sempre bem no cliente e também prestigia muito a marca. Só para a obrigar a baixar de novo, ainda pedi um body lotion. Da última prateleira. Tive os meus 10% na mesma. Já a tua comissão, amiguinha, foi ao ar. Temos uma peninha do cacete. Ainda te digo mais: até te comprava um creme de noite da gama mais baixa se mo tivesses proposto. Foste garganeira? Paciência. Vou comprá-lo a outro sítio. Ah, só mais uma coisinha. Sabes que se tirasses a base toda que tinhas na cara não havia sérum premium que te valesse, não sabes? Pronto, só para devolver a simpatia.
Kiss it, sister!

terça-feira, 12 de março de 2013

E mais um que já cá canta...

Lembro-me de ser miúda e adorar o dia do meu aniversário. A antecipação começava um mês antes. No dia 9 de fevereiro lá começava eu a matraquear:  'sabes uma coisa? daqui a um mês é o meu aniversário. Já tens prenda para mim?'. A resposta, invariavelmente negativa, não me desmotivava minimamente. Continuava alegremente a massacrar tudo e todos à minha volta. Ainda o faço, mas já só pelo prazer de chagar a cabeça à humanidade. Os resultados são nulos, visto que continuo a aguardar o meu ipad, mas isso agora não interessa nada.

Passei um aniversário feliz (mesmo sem Ipad...), junto dos meus, mas sem grandes euforias. Começa a preocupar-me o tic tac inexorável do relógio e os malditos cientistas sem descobrirem o antioxidante que nos garanta a imortalidade de que preciso para ler os meus livros todos. Acho mal. E como acho mal, não vejo grandes razões para celebrar. De birra, não fiz nem comprei bolo. Cheguei ao escritório na segunda feira e tentei passar entre os pingos da chuva.  Debalde (adoro esta expressão). À hora de almoço, comecei a estranhar o sururu à volta do frigorífico e o vai vem de pessoas que já tinham almoçado e que estavam a voltar. Desconfiei que havia marosca mas só no último minuto. E, de repente, surge-me este bolo (com as respectivas velas, que obviamente omiti da foto já que ninguém tem nada de saber que fiz quarenta há um ano atrás!), carinhosamente feito pela MJ, e transportado a duras penas num autocarro da Carris apinhado,  num dia de chuva. 


Há coisas que nos emocionam. Este bolo emocionou-me. Ter os colegas todos a complotar nas minhas costas para me surpreenderem e me cantarem os parabéns, emocionou-me. Não chorei, que isso não é nada fashion, mas tocou-me bastante. São estas coisas que nos fazem sentir especiais. Alguma coisa de bom devo ter feito para ter amigos que me mimam assim. E isso é mesmo muito bom.

Ah, o bolo...uma maravilha! Querem uma fatiazinha? Ainda há, mas não por muito tempo...



sexta-feira, 1 de março de 2013

Da aplicação de novos conhecimentos


Tenho aprendido muito com o Cesar Millan* e não só para tentar ensinar algumas maneiras aos dois monstros patudos que lá tenho em casa. Acabei de descobrir que o truque para sobreviver a telefonemas de telemarketing é imaginar que somos o César Millan e que do outro lado está um ser hiperactivo que temos de dominar com a calm, assertive energy. Ora vejam:
(Telelé:Trim trim)
Eu: estou sim, faxavor?
Jovem simpática e entusiasta: olá!! Boa tarde!!! O meu nome é não sei quantas e estou a ligar da La Redoute. Estou a falar com ...?
Eu: Ah. (mode César on). Sim. Diga, faxavor.
LaRedoutiana : estou a ligar para confirmar se recebeu o nosso catálogo de 52 páginas.
Eu: não recebi (nem podia, não têm a minha morada actual. Claro que isso eles não sabem)
LaRedoutiana: ah, não recebeu...hum, e pode confirmar-me a sua morada, por favor?
Eu: não.
LaRedoutiana: não????
Eu: não. Mas confirmo-lhe que se estiver interessada em comprar alguma coisa vossa vou ao site. Obrigada e boa tarde.
LaRedoutiana: ah.. sim... claro, obrigada pelo tempo dispensado.
Trinta segundos. Calm, assertive energy. Não falha.

(*sim, sim, eu sei que há celeuma quanto aos métodos que ele usa. Mas ainda não formei uma opinião definitiva sobre isso. Desconfio sempre de pessoas com dentes tão perfeitos, mas até prova em contrário gosto do tipo.)

Pequeno esclarecimento

Sim, que isto não é uma pessoa desaparecer e nem dizer água vai. Tive exames. Correram-me todos mal,  graças a Deus, mas isso agora não interessa nada. Eu, e os meus colegas, é que somos burros! Devíamos obviamente ter estudado Shakespeare, que mereceu ao autor do manual uma obscura referência algures no capítulo 16, e não Voltaire,  cujo Cândido era a obra de estudo obrigatório - e custou-me oito euros a porra do Cândido,  e que coisa mai linda de se ler! Gostei tanto!!!. Pois no exame, o que sai? Voltaire? Claro que não! Shakespeare, e um acto do Macbeth para comentar e a valer metade da cotação total. Faz sentido. Com também faz sentido saber o nome, o local e o ano de edição do artigo, atentem bem, da porra das revistas onde pela primeira vez foi mencionada (em Portugal) a notícia da invenção da fotografia. Não interessa nada saber da obra de Joshua Benoliel, Carlos Relvas ou dos modernistas. Não. Temos é de decorar (para 1/3 da cotação) os nomes das revistinhas da tanga, porque isso é que é importante numa cadeira de fotografia em Portugal. Deus nos valha não saber que foi no Panorama, em Lisboa, na Revista literária, no Porto e n' O Recreio, no Rio de Janeiro, que se falou pela primeira vez de Talbot e Daguèrre e de fotografia. WHO THE HELL CARES!!!! Saber o ano já foi uma sorte, agora, meus amigos, a publicação onde apareceu o estúpido artigo a falar do que se fazia em França e mais não sei onde??? Prestei lá eu atenção! A cadeira não era de jornalismo.
Mais sorte tive em Artes Decorativas, mas não muita, creio. Decerto ficarão todos os meus poucos leitores extasiados com o meu espantoso conhecimento sobre entalhadores do séc. XVIII, e de quem lhes encomendava móveis. Ah pois é!  Já falar sobre a azulejaria em Portugal, de longe a coisa mais interessante  e pertinente da cadeira, ninguém pediu. Seria demasiado fácil deixar os alunos dissertar sobre alguma coisa palpável em vez de escrever sobre os móveis que a duquesa de Palmela encomendou ou deixou de encomendar. E nem vamos falar de História da Arte...à conta dos nervos que apanhei, enfiei-me numa loja de animais e comprei uma tartaruga. Long story.

Esta e muitas outras idiossincrasias dos docentes (que decerto estão apostados em reter toda a gente mais um semestre porque as propinas vão dando jeito para garantir os seus salários) levaram-me a um estado de stress e catatonia do qual só agora começo a emergir. Qual Fénix, renasço das cinzas. Olha que bom para vocês! 


É ciência

Hipótese: Os homens não ouvem as mulheres.

Demontração: pesei-me esta manhã. Perante a crueza dos números, saio determinada e anuncio ao meu marido: 'informo que a partir de hoje, dia 1 de Março, estou de dieta'. Uma hora depois, na estação, o mesmo marido oferece-me um pretzel de chocolate e amêndoas...(que comi, mas com grande sacrifício pessoal,  claro. cof cof)

Conclusão: os homens não só não nos ouvem, como corrompem as nossas melhores intenções. Começo a dieta amanhã. Mesmo, mesmo!