sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ainda há criatividade neste país cinzento


Mais alguém acha esta manchete absolutamente genial ou sou só eu com um ataque de lagartice extrema? :)
Goste-se ou não daquela pimbalheira do Michel Tótó (a gerência deste espaço pseudo-intelectual obviamente não subscreve a pimbalheira mas está atenta ao fenómeno) o certo é que quem se saiu com esta teve sentido de oportunidade.

Também é verdade que já ontem tinha ouvido uma versão muito parecida por causa do desaire do FCP, mas agora tenho matéria de facto para colocar aqui.

Agora é esperar para ver quantos vamos nós 'encaixar' mas não me estragueis a doce ilusão por enquanto.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

The Book Thief

É sabido por quem me conhece bem que, sob este ar esfíngico (não sou eu quem me autointitulo, note-se bem), bate o coração mole de uma verdadeira madalena choricas. Também já devo ter confessado por aqui que choro  por tudo e por nada, e em todo o lado, com mais ou menos embaraço, porque tenho um saco lacrimal com vontade própria que há muito já desisti de tentar controlar. Adoptei antes uma abordagem pragmática que é a de tentar ter sempre lenços de papel na mala e ser o mais discreta possível quando a vaga de choraminguice se declara, e estou por isso muito reconciliada com o facto de choramingar por tudo e por nada. Visto que nada há a fazer, já nem ligo. Nem eu, nem ninguém, embora o meu cunhado ainda se divirta a surpreender-me no acto: 'já estás a chorar?' 'eu?! (fungo indignado, e lágrima a correr) claro que não!'. E risada logo a seguir.

Tudo isto para dizer que tenho uma sensibilidade exacerbada (aka mariquice do caraças) e que é fácil pôr-me a chorar. Fácil, porém, não gratuito. Se quiser consigo - mas não vejo grande interesse agora que sei que a minha carreira de actriz já me passou ao lado - chorar on request. Lembro-me que a minha irmã, em miúda, gostava de ver o brilho dos meus olhos quando se assomava aquela primeira lágrima, e me pedia muitas vezes 'mana, chora lá um bocadinho para eu ver os teus olhos a brilhar', e eu vá de pensar no Bambi para lhe fazer a vontade. Mas não façais confusão, lágrimas de crocodilo não fazem de todo o meu género e não as vereis cair do meu rosto. Tenho horror ao bicho e a tudo o que se lhe conota. Tal como tenho horror a imaginar-me na Alemanha da década de 40, seja de que lado da barricada. Não sei o que seria pior: se ter um ridículo homenzinho de bigode a ditar os meus passos e pensamentos, e a vergar a minha essência mais profunda, e a tornar-me um monstro como ele, se estar do lado dos perseguidos judeus e sofrer as ignomínias que lhes foram impostas em nome de nem se sabe muito bem o quê. Não é um período histórico que eu conheça a fundo, não por falta de interesse, mas por falta de coragem para aceitar a hipótese de que o que aconteceu ao povo alemão poderia acontecer a qualquer um de nós: tenho a firme convicção de que todos temos o nosso ponto de resistência e que, em circunstâncias particulares, seríamos todos capazes de perder o discernimento e ir na carneirada monstruosa, se isso significasse proteger os nossos. É muito bonito fantasiar o nosso próprio pedestal e dizer 'eu nunca faria o que o gajo alemão fez, nunca faria tanto mal a outro ser humano', mas a verdade é que não sei se consigo acreditar nisso. Simplesmente não sei.

Este livro fez-me pensar nisso. Muito. Fez-me chorar muito também, como não poderia deixar de ser. E agradecer ao Homem lá de Cima nunca ter tido de fazer as escolhas erradas pelas razões certas, como decerto aconteceu a muitos nesse vergonhoso momento histórico. Recomendo vivamente a quem quiser maravilhar-se com a natureza humana, lendo nas entrelinhas todas as suas monumentais falhas, mas também os seus rasgos de generosidade e  altruísmo. 


Um livro triste, mas ternurento, que adorei ler e que vai direitinho para o meu Special book place.


(nota: não se deixem enganar pelas sinopses à pressão que por aí andam, passam completamente ao lado da sensibilidade do autor e da profundidade da sua história. Aliás, só um génio conseguiria resumir este livro em meia dúzia de linhas. Para vosso azar, eu é que estou sem tempo agora... :))

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Da eficácia que ricocheteia...

Correndo o risco de me repetir na temática, mas aqui vai na mesma.


Tenho para mim que ter dois dedos de testa nos meandros do tecido empresarial deste país é uma coisa perniciosa. E digo isto porque acabo de experimentar (yet again)  a sensação de frustração que devem sentir aqueles que, sendo seres pensantes com alguma visão objectiva e coluna vertebral, tentam demonstrar por a + b que uma situação carece de outra abordagem e acabam com o menino nas mãos, como sói dizer-se.

É uma dupla frustração, na verdade: não só fico com o menino nas mãos, o que é frustrante porque eu nem sequer tenho nada a ver com o menino, como quase me arrependo por ter tido um lampejo de visão básica e ter alertado para uma coisa que pelo menos duas linhas hierárquicas acima de mim deviam ter visto. A sensação com que fico deixa um amargo de boca: ou me torno um autómato idiota que funciona na base do ‘mandaram fazer, eu faço, mesmo vendo que vai dar porcaria, mas quero lá saber’ ou continuo a fazer como tenho feito até aqui, mantendo-me atenta e minimamente interessada, e o que tenho garantido é fazer o trabalho de sapa que ninguém quer fazer. O meu grande problema é ter um problema ainda maior com autoridade incompetente e não conseguir pactuar com estupidez gritante. Às vezes chateia-me não ser uma completa imbecil. Não me chateava nem metade do que me chateio e, com sorte, ainda podia levar uma coisa destas para casa, que tão bem me ficaria em cima da lareira...

ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Da eficácia Parte II

Enquanto os meus colegas se descabelavam em silêncio porque não iam ter tolerância de ponto (depois da nota interna da Administração a cumprir as indicações do Grupo), aqui a menina, depois de saber (através de colegas leais) que a sua empresa era a única do Grupo que ia trabalhar, fez uma coisa absolutamente extraordinária: perguntou ao chefe o 'porquê' da dualidade de critérios. Meia hora depois saiu nova nota interna a revogar a primeira e a dizer a toda a gente que podiam ficar em casa.

Ora bem. Tenho alguma considerações sobre isto, especialmente depois de uma colega me ter explodido em loas histéricas de agradecimento, com direito a beijo e tudo (que não consegui evitar de todo, por estar encurralada no meu posto de trabalho) :

a)  Deus nosso Senhor deu uma boquinha a cada um de nós, ou estarei enganada? Eu só decidi usá-la, adequadamente, de forma simples e polida. Isso não faz de mim candidata a prémio Nobel da Física, ou faz? 

b) Contestar uma decisão superior não é sinal de mau feitio, mania de contrariar, ou acérrimo sindicalismo (obrigada, colega, adorei o epíteto, mas declino-o, respeitosamente): é, simplesmente, usar de bom senso e tentar perceber as razões subjacentes a uma decisão que não entendemos. Vai-se a ver a razão subjacente era o Grupo se ter 'esquecido' de informar a nossa Administração que afinal haveria tolerância de ponto. Vai-se a ver, se eu não tivesse perguntado, ninguém ficava a saber disto, e vinham todos trabalhar como tótós, enquanto o resto da malta gozava o sol do entrudo.

c) à colega que disse que 'se eu fosse à frente para a guerra, ela ia atrás de porta estandarte'. Muito sensibilizada com a sua coragem e disponibilidade. E fico muito emocionada por me querer erguer uma estátua, querida colega, mas é escusado. Não foi com certeza por sua causa que abri a boca, até porque a menina ia de férias de qualquer forma e, verdade seja dita, há colegas que eu aprecio bastante mais. Tal como era escusado  ter-me chamado 'a nossa sindicalista' no meio do corredor. E também não lhe tinha ficado mal pensar duas vezes antes de se oferecer para me trazer uma chouriça lá da terra, como se lhe tivesse feito algum favor pessoal. Como não me chamo Godinho, nem sou sucateira, não percebi de todo. Digo-lhe mais, estou de dieta a queijo e enchidos, que tenho o 'castrol' ligeiramente acima dos valores de referência, por isso guarde lá a chouriça para quem se impressione com bajulice. Olhe que perde o seu tempo, por aqui.

d) Finalmente, aos colegas que ficaram aborrecidos porque 'eu podia ter dito qualquer coisa mais cedo que assim tiravam a segunda feira também' humildemente lhes peço desculpas por transtornar os seus planos desta forma tão vil, relembrando contudo que os planos não eram meus...E já que aqui estou, aproveito para lhes desejar também uma feliz estada no reino do carneirismo conformado. 

Não há pachorra para isto, em boa verdade vos digo. 





Da eficácia Parte I

Sá Pinto e a nova filosofia: não é preciso marcar golos para ganhar um jogo.
Se eu podia ter feito este post como entrada no feicibu? Podia. Mas...não me apeteceu.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A vingança do chinês

Não, não é nenhum dos que vieram no charter do Futre. É mesmo o mongo do meu cão.

Após o meu post anterior -  ok, admito, de certa forma desprestigiante para o seu ego canino -, Nero Augusto quis dar-me uma lição. Pela calada, como criatura torpe que é. A fazer-me de parva. E que meio subtil encontrou ele para neutralizar as minhas críticas recorrentes contra sua pessoa canina? Cortar-me o cabo do transformador do PC. Ah pois é. Uma trinca e kaput! Gone with the teeth... Tão bem a fez que eu nem dei conta, e ele não esteve mais do que dez segundos na sala. E ainda conseguiu roubar rebuçados no processo (note to self: arranjar um sítio mais alto para a bomboneira. E comprar mais dropes de fruta, também...).

Julgas-te muito esperto, não é, cão do demo? A ver se me calavas, era? Correu-te mal, que já tenho fio arranjado (embora esteticamente a coisa pudesse estar mais conseguida mas é melhor calar-me e não cuspir na sopa). Já tenho acesso ao meu pc e ao veneno do meu teclado e a fotos tuas que não abonam muito em teu favor, cão do demo, e que divulgarei se bem entender, com comentários jocosos e tudo. Que a mim ninguém me cala, muito menos um rafeiro ingrato, ouviste? 

Pões-te fino? Ou abro-te uma página no feicibu com fotos comprometedoras? What’s it gonna be? Hum?

A ver!!!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O verdadeiro macho...


Nero Augusto armava-se em esperto quando Nikki Aurora decide intervir...





E mai nada!
Toma lá, cão do demo. Muito bem feito que é para aprenderes. Haja uma gaja que tenha mão em ti, já que eu não consigo fazer nada desse teu génio de mula velha.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Post sério

Vou definitivamente deixar de ler jornais. Os pagos, os grátis, tudo. Faz-me mal à tensão arterial. 

Placidamente instalada no meu autocarro suburbano leio no Destak que os abortos aumentaram 30%. Ok, seria natural, creio eu, se antes eram ilegais, não entravam para a estatística. Não me choca. É um problema de foro pessoal, penso eu, e só por isso fui votar a favor da despenalização. Moralmente acho condenável, embora considere que a alternativa gerada pelo pânico de uma gravidez não desejada seja bem pior: suspeito que um aborto de vão de escada, feito com agulhas de tricot cause bastante mais sofrimento ao feto. Tenho a certeza que a asfixia depois de um parto a solo, também. Portanto, acho que do mal o menos. Não sou eu seguramente que irei mandar na consciência da cada mulher que se 'descuida'. Um 'descuido' aceita-se. Compreende-se. Somos todos humanos, e venha a primeira que não tenha tido uma noite de arrependimento. Dois 'descuidos', especialmente depois de já ter passado uma vez por um bloco operatório, das duas uma: ou se é masoquista ou débil mental. E não foi para estas fulanas que eu saí de casa para ir votar. Não foi seguramente para quem confunde IVG despenalizada com contraceptivo de emergência. Amigas, pílula (dos dias todos e a mágica, do dia a seguir), preservativo. Abstinência, se sois tontinhas. Muito me espanta a mim que quem promulgou a lei não instituisse logo uma regra à boa moda do baseball americano: strike one...(mais cuidado da próxima vez, sim?). Strike two (por aqui de novo? mas olha que já o pagas ao SNS o teu aborto, que isto não é o da Joana)...strike three ( é muito anormalzinha, não é? Hein, pchté, onde é que a menina vai? agora fica sem trompas que é para aprender).

Sou dura? Temos pena. Temos mesmo muita peninha. 

Temos a mesma pena que tem o IRS quando diz aos pais que estão a tentar ter um filho no privado (e porquê? porque o Público não funciona, ora pois) que não comparticipam os tratamentos de fertilidade. Pagam abortos a torto e a direito, 'ah e tal é a lei...', não comparticipam a reprodução médica assistida e depois queixam-se da taxa de natalidade... Ora ide todos...(é para aí mesmo!)

E que tal mudar a lei, não? Mania do conformismo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Das pseudo notícias absolutamente ridículas

Finalizado que está o meu blackout  - imposto pela força das circunstâncias que me obrigaram a cinco exames presenciais em duas semanas - sou logo confrontada com uma notícia do DN online que é de importância vital para todos nós e que quero desde já partilhar, não vá alguém deixar de tomar conhecimento de tão importante facto. Passo a transcrever:


Pipoca Mais Doce em Pós-Graduação do ISLA

Ana Garcia Martins, autora do blogue "A Pipoca Mais Doce", é a mais recente das docentes da nova Pós-Graduação do ISLA Campus Lisboa, com a responsabilidade de leccionar a cadeira de Redes Sociais.


WOW!

É que ficamos todos extremamente comovidos. Dito isto, gostaria de esclarecer que nada tenho contra a moça, nem contra o blogue dela (que visitei uma vez para perceber a big commotion. Não percebi, de todo, mas isso deve ser porque sou muito quadradona com os meus trapinhos clássicos e a minha recusa categórica em dar 200 euros por um par de sapatos), nem contra os seus seguidores, nem contra a (pseudo)moda em geral. Cada um lê o que quer, também.  Agora o que me preocupa (mas moderadamente, que tenho muito mais que fazer) é que um pseudónimo de um blogger publicite uma pós-graduação. Mas como também não tenciono frequentar uma cadeira de "redes sociais", que como toda a gente sabe é uma daquelas matérias que contribui I-M-E-N-S-O para a resolução dos problemas do mundo em geral, e dos meus em particular, desejo a docente e alunos muito sucesso na nova Pós-Graduação da Pipoca do ISLA. E solicito ao DN que não me perturbe o chorrilho de notícias deprimentes habituais com estes faits-divers parolos que nos fazem rir a despropósito, ou mudo para o Correio da Manhã num tirinho.