sexta-feira, 29 de julho de 2011

Don't quit your day job

Gosto muito do conceito do programa americano While you were out . Adoro o Evan e o John Bruce, e simpatizo com o mau feitio da Leslie Segrete, uma Deusa com a máquina de costura ( que, a seguir ao berbequim, é daquelas coisas que nem sequer vale a pena por-me na mão). E, ainda que os resultados fantásticos não sejam difíceis de obter se tivermos em conta as aberrações que são as salas e quartos a remodelar, ou seja, uma sala vazia será sempre melhor do que aquilo que lá está, o certo é que há ali gente com talento num formato muito divertido. Se calhar o nosso Querido, mudei a casa aprendia ali umas coisinhas, quanto mais não fosse não parecerem um bando de actores mal pagos a tentar fazer humor enquanto pintam paredes. Creepy!


Anyway... Aproveitando que a minha irmã está de férias, ontem deu-me para fazer uma nova adaptação do While You Were Out, a que chamei carinhosamente, e com muito sentido prático: Enquanto estás de papo para o ar no Allgarve e já que tenho de ir todos os dias dar comida ao Sebastião, que é o gato de Satã, porque se fosse um gato normal vinha cá para casa e pronto, aproveito e faço qualquer coisa desse bocado de terra desolado que tens no pátio, nomeadamente um canteiro.


Foi, claro, mais uma ideia peregrina porque, como toda a gente sabe, não sou jardineira, nem arquitecta paisagista, e se vos mostrasse o estado em que está o meu pseudo-jardim toda a gente se começava a rir, mas deu-me para ali. Como até estou de férias, calha bem. Andei parte da manhã a correr os centros de jardinagem da zona, com um entusiasmo que rapidamente esmoreceu: está tudo caríssimo (uma palmeirinha ranhosa a 44€????)! Passei por isso rapidamente do plano mini oásis luxuriante, para pequena horta caseira. Mais um obstáculo, contudo: a estação não é a mais adequada a sementeiras. Meditabunda e profundamente irritada, resignei-me àquela que é, tendo em conta também o jeito que a minha irmã tem para as plantas, a melhor opção: Kalahari revisited: cactus mix. E como tenho dois limoeiros, resolvi dar-lhe um (que seguramente dará limões primeiro do que o que cá ficar; toda a gente sabe que, sempre que tenho de escolher uma coisa, a outra opção é melhor). E como o limoeiro tem tudo a ver com cactos, mas já a contar com isso, espetei ali um mix de aromáticas a fazer a transição. Infelizmente não encontrei nenhum anão de jardim: só para ver a cara dela ia valer a pena.


Feitas as contas, é como o original americano: não sendo genial, qualquer coisa é melhor do que o que lá estava antes. Digo eu...




Behold!!!


Posto isto, aceitam-se encomendas. Faço bons preços!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Será geneticamente herdado?

Anda por aí uma nova estirpe da SIRCFAC (Síndrome da Incapacidade de Resistir a Coisas Fofas que Abanam a Cauda) e lamentavelmente my husband and I sofremos da forma aguda. Menos mal, só se estraga um lar.

Ainda que algumas pessoas da família não partilhem deste nosso entusiasmo, e prefiram designar esta condição clínica gravíssima por (NAQVFBMUC) VSCL ("(Não acredito que vocês foram buscar mais um cão), Vocês São Completamente Loucos") a verdade é que reconsideraram assim que viram Nikki.


Como não derreter quando nos aparece uma coisa destas pela frente?


Nikki é uma menina com cerca de um ano e aceitam-se palpites para a mistura de raças que vai para ali. No abrigo disseram-nos que era cruzada de Terra Nova com Serra da Estrela. Discordamos. Até melhor opinião, há Samoiedo neste cão. O preto talvez venha de Terra Nova, se bem que eu não descarto Border Collie. Vamos ver o que diz a veterinária, mais logo.




Um pouco da história da princesinha: parece que a anterior dona mudou de casa e deixou Nikki e a sua irmã (igual a ela, mas com as patas brancas, e felizmente também já adoptada) na rua. Parece que por lá ficaram à porta durante uma semana ( o que explica os ossos salientes por baixo daquele pelo todo) até que um vizinho caridoso chamou a Bianca para as ir recolher. À inominável criatura que deixou dois animais destes à sua sorte sem qualquer pudor: que lhe faça muito bom proveito a casa nova, e já agora que seja mesmo por cima de uma falha sísmica.


Tivemos a sorte de ver o anúncio da adopção e foi amor à primeira vista. Fomos ao abrigo com Nero Augusto (afinal a companhia era para ele que andava cabisbaixo desde que Sasha partiu) e Nero Augusto aprovou. Estão a aprender a conviver juntos. Nikki chegou tímida, com medo de escadas e de água. Nunca deve ter tomado banho na vida, e escova também é coisa que aquele pelo viu poucas vezes, mas é claramente uma cadela habituada a estar dentro de casa. Porta-se lindamente. O primeiro dia não foi fácil para ela, mas a confiança vai crescendo a cada dia que passa. Ontem já parecia um pequeno cilindro compressor a pedir festas. E hoje de manhã desceu a escada sozinha. Júbilo e boas notícias para as nossas costas! Apesar de leve, não dá grande jeito carregar um metro de cão escada acima e escada abaixo...

É uma cachorra muito esperta e meiga, que trota como um cavalinho, muito graciosa com a sua cauda em panacho.

Ainda não abocanhou nenhum dos gatos, o que nos dá jeito ( e a eles interessa particularmente).

Ainda não me estropiou roupa interior.

Ainda não escava buracos.


"Ainda" é, portanto, o operativo da frase...

A ver como corre...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Do bonito que é ser bonzinho para os mais carenciados com o dinheiro dos outros

Estava ontem a ouvir o nosso novo Ministro das Finanças e a pensar que pelo menos o Kevin Kostner, quando fez de Robin Hood, sempre tinha o factor palminho de cara a seu favor. Tinha uma fatiota um bocado ridícula, ali entre um duende e a fada Sininho, mas era giro e lutava contra o mau da fita. Ora, ao nosso Ministro reconheço-lhe uma voz interessante, e uma cara simpática, mas o meu entusiasmo acaba por aí. Não gosto por aí além de ser etiquetada como um xerife de Nottingham, a quem tem de se esmifrar o mais que se puder, só porque ganho mais do que o vizinho do lado. Não tenho culpa disso. Se lamento as situações dramáticas que se vêem por aí? Com certeza que sim. Mas gosto pouco que escolham as minhas causa de solidariedade por mim. E gosto pouco de ser subcontratada à força para fazer o trabalho de casa de um governo que quer mostrar trabalho depressa antes que acordem todos do estado de hipnose, quando já tenho o meu que me dá trabalho e que me faz suar sangue e lágrimas por cada euro a mais que ganho acima do salário mínimo. Por isso, desculpem lá se protesto contra a fórmula do estúpido imposto. Dizem-me, quase agressivamente, (pessoas que ganham menos do que eu, evidentemente) que está muito bem e que é igual para todos. Não é igual. Num subsidio de natal de 500€, os 50% incidem sobre 15€. Num subsídio de Natal de 1000€, os 50% incidem sobre 515€. É fazer as contas. É igual pagar 7,5€ de imposto extra e pagar 257,5€? Não me parece que seja... Ah, mas é proporcional e tal...a quê? Onde está a proporcionalidade entre uma taxa efectiva de 1,5% do rendimento e uma de 25,8%? Ah, mas podes melhor tu do que eu, que ganhas mais. É a assunção automática. (Abstenho-me de comentar sobre a razão de uns trabalhos serem qualificados e outros não, e sobre noções bizarras como investimento universitário e níveis de responsabilidade e outras minudências dessas). Também o Belmiro Azevedo ganha mais do que eu. E depois? Só porque é rico tem de facilitar-me a vida a mim? Claro que não. Se é a doer, é para doer a todos igual. Não é fixarem uma percentagem de 50% para todos sobre uma base progressiva. Mas pensam que somos todos débeis mentais? Não admira que as provas de matemática sejam a miséria que são, se toda a gente aceita candidamente que o imposto é igual para todos. Existe na sua base a presunção de que quem tem mais tem de pagar mais, o que à partida já é uma negação de igualdade considerável.


E a seguir? Um imposto para constituir um fundo especial para habitação gratuita para as minorias carenciadas? Tenho de levar os cidadãos da etnia com estatuto especial e dia nacional para casa e dar-lhes comida também?

Não é falta de solidariedade, é mesmo falta de paciência para as soluções fáceis de quem não tem agora, - e de quem não teve no passado - coragem de ir à fonte do problema.


Posto isto, vou voltar para a floresta de Sherwood e esconder-me atrás de uma moita, antes que me venham exigir imposto extraordinário para combater a obesidade em Portugal só porque sou (relativamente) magra!